O consumo de combustível virou um dos critérios mais importantes para os brasileiros na hora de comprar um carro. Se antes o visual e a potência do motor eram os primeiros pontos de relevância, o consumidor quer agora saber quanto tempo poderá ficar longe de um posto de gasolina. Isso, claro, não é preocupação de quem compra um Porsche 911 Turbo S, um Ford Mustang ou um SUV de performance. Estamos falando da fatia maior do mercado automotivo, a classe média.

As montadoras acompanham essa preocupação e buscam alternativas para deixar os carros cada vez mais eficientes, seja pela escolha de um motor de menor volume, ou através de tecnologias cada vez mais presentes, como o turbo associado à injeção direta de combustível, híbridos leves com bateria de 48V e por aí vai.

A Peugeot escolheu a fórmula mais barata dessa equação para o 208. Desde a chegada da segunda geração no Brasil, ele era oferecido apenas com motor 1.6 aspirado, que podia ser associado ao câmbio manual ou automático. A eficiência não era seu forte.

Com a entrada da marca francesa no Grupo Stellantis, o compartilhamento de tecnologias levou o motor 1.0 Firefly com câmbio manual da Fiat para o 208. E isso fez muito bem ao leãozinho.

No primeiro contato com o novo 208 Style em seu lançamento, em maio deste ano, pudemos apenas dar algumas voltas com o carro em um circuito de corrida. Não era o melhor ambiente para se testar um carro com motor 1.0 aspirado de 75 cv de potência. Naquele momento, o ponto forte do propulsor não se sobressaiu. A falta de fôlego do pequeno motor, como já era esperado, foi o mais notado por nós.

Claro que a Peugeot encheu o 208 de bons atributos que deixaram a fraqueza do motor 1.0 em segundo plano. A versão Style tem, disparado, o melhor custo-benefício do mercado com seu preço promocional de lançamento de R$ 79.990 – que já virou R$ 83.990 e vai a mais.

Mesmo com o reajuste, o compacto ainda é o melhor equipado nessa faixa de preço, com teto panorâmico, central de 10,3 polegadas, carregador de celular wirelles, câmera de ré analógica, rodas de liga leve de 16 polegadas, faróis em LED e outros mimos.

Agora sim!

Somando a esse forte custo-benefício favorável, pudemos agora conhecer um outro ponto forte do novo 208. Ficamos com o carro cerca de 10 dias para poder avaliar, agora sim, o desempenho dele no dia a dia. E o resultado foi bem positivo.

É no trânsito e na estrada que o motor 1.0 Firefly mostra suas garras (trocadilho inevitável quando avaliamos um Peugeot). Fizemos duas viagens com o novo 208 nesse período de testes. A primeira foi entre Recife e Natal, um trajeto de cerca de 300 km de estrada boa e duplicada, sem trânsito e poucas elevações. Uma pessoa no carro, pouca bagagem e ar-condicionado ligado. O resultado: uma média boa de 6,4 litros por 100 km. Sim, a medição no Peugeot 208 é assim mesmo, no padrão europeu. Convertendo, a marca é de 15,6 km/l. Gostou?

A chegada em Natal consumiu apenas 3/8 do tanque, o que quer dizer poderíamos ir e voltar tranquilamente com um tanque de gasolina. Na verdade, com essa média de 15,6 km/l é possível rodar incríveis 733 km com o tanque de 47 litros do 208. Isso é autonomia de carro híbrido.

Mas foi na segunda viagem que o consumo do novo 208 surpreendeu ainda mais. O trajeto menor (170 km) entre o Recife e a cidade de Belo Jardim, no Agreste pernambucano, foi feito com três pessoas no carro, ar-condicionado ligado em uma rodovia com muito trânsito e quilômetros de pista simples (mão dupla), o que exigia muitas ultrapassagens de caminhões em uma subida de serra, pois a cidade fica 608 metros de altitude.

Nessa situação foi necessário exigir bem mais do motor do novo 208, com constantes reduzidas de marcha. Mesmo assim, o pequeno felino quase não se alimentou. Apenas 2/8 do tanque foram consumidos e a média ficou em 15,1 km/l. A ida e a volta consumiram apenas meio tanque.

E na cidade?

Entre essas duas viagens, tivemos alguns dias de semana com o novo 208 Style na cidade. Quem conhece o Recife sabe que andar por aqui entre a segunda e a sexta-feira no trânsito não é das missões mais agradáveis. Quem tem carro manual sofre com a perna esquerda sendo exigida na embreagem. O carro tem cinco marchas, mas você usa basicamente as três primeiras apenas. Ar-condicionado não é opcional, nem mesmo no nosso “inverno”.

Nessa condição extrema, o consumo do leãozinho caiu para 12,9 km/l, o que dá uma autonomia de pouco mais de 600 km com o tanque do 208. Se você roda 30 km por dia, poderá ficar 20 dias distante de um posto de gasolina, ou praticamente um mês se essa andada ocorrer mais apenas durante os dias da semana.

Diante desses números que aferimos nesses 10 dias com novo 208, nossa avaliação do compacto é muito positiva. Isso porque, além desse consumo de carro híbrido leve, o leãozinho ostenta um visual que deixar seus concorrentes de cara no chão e tem a melhor lista de equipamentos na versão Style, quando comparamos com seus rivais nessa faixa de preço.

Não estamos dizendo que o carro é perfeito, até porque isso não existe nem mesmo no mundo dos premium. Mas dentro da proposta que a Peugeot tem para o novo 208 com motor Firefley, o carro se destaca no mercado. Se o preço não disparar, espere que as ruas em breve deverão ser invadidas pelo carro da Stellantis.

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* Colaborou Bruno Vasconcelos à coluna



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