A Peugeot vem comemorando bons índices de venda no Brasil. Ao recuperar parte do prestígio do passado com melhorias no pós-venda o portfólio também muda oferecendo novas opções ao consumidor. É o caso do e-208 GT, modelo que chegou junto com a versão a combustão na Europa em 2019, mas que apareceu por aqui no segundo semestre de 2021. Mesmo sendo um carro de nicho sua missão é apontar o futuro da Peugeot com modelos eletrificados e também um flagship para a marca do grupo Stellantis.
Rodamos bastante com o e-208 ao longo de uma semana: cerca de 800km, principalmente em rodovias no estado de São Paulo. Desse total, cerca de 200km foram percorridos na cidade. Entre olhares atentos e elogios, o modelo elétrico cumpre bem sua função: mostrar que o futuro é elétrico e que no momento há modelos à combustão e também eletrificados feitos sob a mesma base.
O e-208 tem um arrojo diferente da versão com motor 1.6 flex. O modelo francês é superior no acabamento em alguns detalhes quando comparado com o modelo flex fabricado na Argentina. A grade degradê, os apliques de paralamas em preto brilhante, os bancos com costura dupla mesclando Alcântara e couro mostram o capricho nos detalhes.
A diferença está no Powertrain 100% elétrico com motor síncrono de 136cv e 26,5kgfm de torque. Posicionado na dianteira o motor promete autonomia de até 340km e tem Pack de baterias abrigado sob o assoalho equilibrando o peso do veículo.
No resultado, o Peugeot e-208 é muito agradável de dirigir. A ergonomia é digna de carro esporte e os 136cv aparecem no toque instantâneo do acelerador. E como anda… por ser mais baixo e mais largo há uma dirigibilidade eficiente e prazeirosa. Mas precisa ficar atento à autonomia. Quem se empolga perde e muito da promessa de autonomia.
Carregando o elétrico pela cidade
Na estrada é preciso saber dosar o acelerador e dar tempo para regenerar parte da energia das baterias. Ficar só acelerando pode render preocupação e ansiedade até a chegada do próximo ponto de carga. Aliás, nas cidades, tem sido comum ver pontos públicos que estão desativados mesmo que apareçam nos aplicativos como o Plug Share. E também precisa ter atenção com a potência dos carregadores.
Carregamos o e-208 somente em pontos públicos que variam de 3,6kW a 7kw, que é a potência mais comum nos supermercados e shoppings, passando por 40kw em pontos específicos (em SP são instalados pela BYD) chegando aos novos carregadores instalados pela Porsche em São Paulo com 175kw.
Testamos em um deles, instalado na zona sul da cidade, uma recarga completa feita em apenas 40 mineiro na Porsche Stuttgart, tradicional revenda da marca alemã que gentilmente nos cedeu o ponto de carga.
Tecnologia
O e-208 sem dúvida é bem equipado. Traz controle de Cruzeiro adaptativo, sistema de manutenção do carro na faixa, alerta de frenagem e um ótimo farol de LED com ajuste automático de facho. Também se diferencia no teto solar panorâmico, acabamento soft touch no painel e no painel 3D, solução única entre os modelos vendidos por aqui.
Mas nem tudo são flores. A multimídia que tem espelhamento e Bluetooth traz som de boa qualidade. Porém, ao longo do nosso teste a multimídia reiniciou o sistema inúmeras vezes. Em poucas situações foi possível fazer o espelhamento via Carplay na tela e em algumas situações a conexão bluetooth foi perdida.
Vale a pena pelo custo?
Custando mais do que o dobro da versão a gasolina, o e-208 elétrico sai por R$ 244,9 mil. Tem que colocar na fonte o custo de um wallbox para recarregar o carro em casa o que exige uma instalação dedicada, algo que é simples e há várias empresas especializadas que oferecem o serviço. Considere que o custo para abastecer um carro a combustão varia entre R$ 250 e R$ 350 reais em São Paulo para uma autonomia de 400 a 600 quilômetros. No caso do Peugeot são até R$ 40 por recarga em casa para rodar até 340 quilômetros. Custa caro mas uma análise detida mostra o quanto vale a pena.