Enquanto alguns carros fazem a alegria dos mecânicos, por quebrarem muito e, consequentemente, obrigarem seus donos a gastarem mais dinheiro, outros passam longe das oficinas. Nesse contexto, a popularização dos carros elétricos é um verdadeiro pesadelo para os empresários do ramo. Com menos peças, a manutenção desse tipo de veículo pode ser até 50% mais barata.

Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), explica que o sistema elétrico possui cerca de 150 peças, contra 1800 peças de um conjunto motriz a combustão. Para se ter uma ideia, nos veículos movidos a eletricidade não há gastos com óleo lubrificante, embreagem, transmissão, correias, sistemas de arrefecimento e injeção de combustível, entre outras peças exclusivas dos carros a combustão.

“Por essa redução de peças, a manutenção fica mais simples e o custo bem mais baixo. Além disso, os itens de desgaste do veículo elétrico duram muito mais. Enquanto a pastilha de freio de um carro a combustão precisa ser substituída a cada 10 mil km, em um elétrico chega tranquilamente aos 25 mil km”, exemplifica Maluf.

O aumento da vida útil dos itens de desgaste, como pastilhas de freio e amortecedores, acontece porque o freio do carro é regenerativo, explica o presidente da ABVE. Além disso, o sistema “one pedal”, que reduz a velocidade quando o motorista tira o pé do acelerador, reduz significativamente o uso dos freios do veículo.

Revisões também são mais baratas

Segundo Adalberto Maluf, é exatamente pela baixa necessidade de manutenção que muitas montadoras oferecem uma garantia maior por seus veículos elétricos. Com menos peças, menor a chance de surgirem defeitos. “Caso contrário, as marcas teriam prejuízo ao oferecer cinco ou oito anos de garantia”, pondera.

A revisão periódica do carro elétrico também é mais simples. Basicamente, se resume à inspeção de peças como bateria, pastilhas de freio, filtro de ar-condicionado e suspensão. Por isso, os preços também são menores.

O Peugeot 208, por exemplo, tem opção de motorização elétrica e a combustão. No primeiro caso, as revisões acontecem a cada 20 mil km. Para rodar 40 mil km com o carro dentro da garantia, é preciso desembolsar R$ 1.496. Já na opção com motor flex as revisões acontecem a cada 10 mil km. Para rodar 40 mil km, o custo com revisões é de R$ 2.706.

Como a Renault ainda não adicionou o Kwid elétrico em sua calculadora de revisões, comparamos o Zoe com o Sandero Stepway, pois possuem um porte semelhante. As revisões de ambos os modelos acontecem a cada 10 mil km. Até os 40 mil km, o custo das manutenções preventivas é de R$ 1.747,88 para o elétrico e de R$ 2.778,84 para o modelo a combustão.

Frotistas economizam até 70% em manutenção

De acordo com Ricardo David, sócio diretor da Elev, empresa que apresenta soluções para o setor da mobilidade elétrica, o custo da manutenção das frotas elétricas chega a ser 70% menor em comparação ao transporte convencional, o que se torna um incentivo para empresas do setor e também, o que causaria a diminuição do valor da passagem.

“Quando falamos dos automóveis elétricos nós estamos falando em dois pontos de economia. O primeiro é relacionado a tração, pois a energia elétrica pode ser muito mais econômica que a gasolina e o diesel e outro ponto é na manutenção, muito mais barata que a dos veículos movidos a combustão, principalmente pela quantidade menor de componentes necessários em um veículo elétrico. Isso reflete diretamente no preço das passagens para o consumidor final”, explica Ricardo David.

Nem tudo são flores

Apesar da baixa necessidade de manutenção, ainda são poucas as oficinas aptas a atender carros elétricos no Brasil, o que pode elevar o preço da mão de obra, quando ela for necessária. Outra questão, de acordo com Antonio Fiola, presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios (Sindirepa), é a troca das baterias, cujo custo do pacote completo pode chegar perto do preço do carro.

“Quando a gente fala em preço de bateria, o preço é absurdamente maior. É o que tem preocupado os consumidores”, alerta.

A duração das baterias depende do fabricante. Alguns determinam a vida útil mínima para 10 anos ou 240 mil km, mas há investimentos em equipamentos mais duradouros, com validade de 20 anos ou um milhão de km.

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