É um ciclo vicioso. Sem vender muito no Brasil, não há larga economia de escala. Consequentemente, as marcas não montam em torno de si uma estrutura de sistemistas e fornecedores locais. “Uma coisa está ligada a outra. A escala derruba os preços; porém, a nossa realidade impede que o veículo elétrico seja mais barato. Dessa forma, continuaremos dependendo das importações, com a cotação do dólar lá em cima. Desse jeito, os veículos sempre serão caros”, completa Adalberto Maluf. 

“O modelo eletrificado é uma inovação tecnológica, assim como o computador e tantos equipamentos. Enquanto não se massificar e não ganhar escala, sempre custará mais”, analisa Calcagnotto. 

Mesmo que os carros elétricos custassem menos, não dá para imaginar que as versões premium tivessem seus valores reduzidos. A exemplo dos carros convencionais, eles são luxuosos, tecnológicos e destinados a uma parcela pequena de compradores. 

Hoje, vencer as barreiras fiscais é o maior desafio da indústria para que os carros elétricos se multipliquem nas ruas. Em relação aos componentes, a bateria representa de 30% a 35% do custo total do automóvel, embora seu preço tenha caído 87% nos últimos dez anos. Mesmo assim, ela ainda “ajuda” a encarecer o automóvel. 

“Apesar da redução, a bateria continua cara”, acredita Calcagnotto. “Novas soluções estão em desenvolvimento, mas ela ainda é pesada, não oferece tanta autonomia e é fabricada por poucas empresas.” O executivo da Audi defende que, além do veículo propriamente dito, a importação do equipamento deveria receber incentivos governamentais. E cita uma situação que o consumidor ainda não viveu por causa da idade do carro elétrico no Brasil. “Quando a vida útil de oito anos da bateria acabar, será necessário importar uma nova e os impostos igualmente são caros.”

As maiores reservas de lítio – principal matéria-prima das baterias – da América do Sul estão na Bolívia, no Chile e na Argentina. Recentemente, foram descobertas grandes quantidades do metal em Minas Gerais, Goiás e Ceará. “O lítio brasileiro é mineral, ou seja, não é extraído dos salares, característica capaz de aumentar o potencial de armazenamento de energia”, revela Maluf, da ABVE. Com isso, a formação de um polo de fabricação de baterias para carro elétrico poderia depender menos do material que vem de fora, gerando economia nas etapas do processo. 

Mas, apesar da descoberta de mais essa riqueza, a fabricação de automóveis no Brasil em larga escala ainda parece um sonho distante.

O pódio dos modelos premium*

Veja quais são os três carros eletrificados mais caros do Brasil

1º) Lexus LS 500H

R$ 940 mil

O luxuoso sedã da Lexus tem motorização híbrida de 299 cv de potência. Ele roda 10,5 km/l na cidade e 11,5 km/l na estrada

Foto: Divulgação Lexus

2º) BMW I8

R$ 650 mil

O modelo da marca alemã é vendido em duas versões: cupê e roadster. O motor desenvolve 374 cv de potência

Foto: Divulgação BMW

3º) Mercedes-Benz EQC 400

R$ 630 mil

O motor do SUV elétrico da Mercedes rende o equivalente a 408 cv de potência e proporciona autonomia de 440 quilômetros

Foto: Divulgação Mercedes-Benz

* Em breve, publicaremos uma relação com os preços aproximados de todos os veículos eletrificados do Brasil

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