R$ 380.290. Esse é o preço do Toyota SW4 SRX turbodiesel. Como pode ser tão caro um SUV de sete lugares como tanto outros? Entre R$ 160 mil e R$ 250 mil, há o Caoa Chery Tiggo 8, o Jeep Commander e as últimas unidades do Volkswagen Tiguan (que deixou de ser importado e volta no ano que vem, reestilizado e híbrido).
Mas esta linha de pensamento é certa? Está completamente errada. O SW4 não é concorrente dos modelos citados acima. Se você pensa em comprar o Toyota apenas por causa do espaço e dos sete lugares, está equivocado. O modelo é para quem tem necessidades além destas.
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Os únicos rivais que o SW4 tem no Brasil são o Mitsubishi Pajero Sport (R$ 392.557) e o Chevrolet Trailblazer (R$ 352.990). São veículos feitos sobre chassi, como as picapes. O SW4, aliás, é derivado da Hilux. Em outras palavras, é como uma Hilux “fechada”.
Enquanto os SUVs convencionais – no sentido de mais comuns na linha das montadoras – usam base de carro de passeio e investem no conforto, o SW4, avaliado recentemente pela coluna, é valente. Não foi feito para quem roda apenas na cidade. Pelo contrário: nesse caso, ele fica até devendo bastante em conforto para utilitários-esportivos de sete lugares como Tiguan, Commander e Tiggo 8.
Se você é um consumidor que só roda na cidade e pega a estrada para percorrer distâncias que não sejam muito longas nem levem a lugares de difícil acesso, esqueça o SW4. Ele não é para você. E não apenas porque você vai pagar menos em modelos feitos em base de carros de passeio, mas principalmente porque esses automóveis entregarão mais comodidade.
Quem é o cliente do SW4
A pessoa que investe no SW4 certamente já pensou, em algum momento, em levar para casa uma picape média feita sobre chassi (Hilux, S10, Ranger, Amarok e cia). Porém, tem necessidades que esses modelos não conseguem suprir.
O cliente é aquele que enfrenta terra. Terra de verdade. E precisa de robustez para algumas situações de trabalho. O SW4 tem suspensão traseira por eixo rígido e tração 4×4 temporária, com direito a reduzida. No off-road, oferece não apenas conforto, mas também valentia. É como uma picape.
E por que levar o SW4 e seus concorrentes, não uma picape (que acaba sendo até mais barata)? O cliente desses SUVs precisa de espaço, de porta-malas e de algumas comodidades. Geralmente, tem família, com filhos que transporta no dia a dia e em viagens.
Os sete lugares, por isso, são um apelo a mais. Assim como a boa capacidade do porta-malas. O espaço interno é amplo pois, diferentemente da Hilux, o eixo traseiro não é parcialmente invadido pela caçamba.
Há ainda o apelo do motor a diesel, que oferece uma autonomia e tanto. Eu rodei mais de 700 km com o SW4, na cidade, na estrada e na terra. O consumo médio ficou próximo dos 12 km/l e com R$ 200, rodei de São Paulo a Ituverava, no interior do Estado (410 km).
Por isso, o SW4 é uma boa pedida também para quem roda frequentemente grandes distâncias. Desde que o consumidor precise usá-lo também em situações mais severas. Caso contrário, as versões a diesel do Compass e do Commander, mais baratas e confortáveis, já são suficientes.
Além disso, andam mais e oferecem estabilidade melhor que a do SW4. O modelo da Toyota tem motor 2.8 turbodiesel, com 204 cv e 50,9 mkgf de torque. Acelera bem e é consistente em ultrapassagens, mas o peso alto (2.175 kg) é um limitador.
E, embora ele passe segurança ao volante, na estrada, é inegável que o centro de gravidade alto interfere na estabilidade. Compass e Commander têm dirigibilidades bem superiores.
Detalhes do SW4
Não espere encontrar no SW4 comodidades, tecnologias e conforto que são oferecidos no Tiggo 8, no Tiguan e no Commander. O carro é rústico, assim como seu acabamento (bem feito, mas sem sofisticação). Atrás, apesar do bom espaço, não há nem preocupação com entrada USB. O carro tem uma tomada convencional, que requer adaptação para ser compatível com carregadores de smartphones, por exemplo.
E por falar em entrada USB, há apenas uma em toda a cabine, para carregamento de aparelhos eletrônicos e conexão via Android Auto. Esse recurso, aliás, é limitado no SW4. Não consegui executar funções como selecionar o destino no Waze no próprio multimídia (tive de fazer isso no smartphone). Além disso, tem respostas lentas e perde conexão frequentemente.
Já as saídas de ar para quem vai atrás são no teto, e isso é uma vantagem. Meus passageiros traseiros durante o período do teste elogiaram a refrigeração dessa parte da cabine. Por outro lado, não há tecnologias como painel virtual ou controlador de velocidade adaptativo. O freio de estacionamento é manual.
Ou seja: o SW4 tem o que o cliente precisa, mas não é pela tecnologia embarcada que vai atrair o consumidor. E por que é tão mais caro que outros SUVs de mesmo porte? Pela construção e valentia. Uma picape sobre chassi sempre custará mais que uma derivada de carro de passeio, como a Toro.
A mesma lógica vale para os SUVs. Por isso, para ter um SW4, Trailblazer ou Pajero Sport, você tem de precisar das aptidões que eles oferecem. Tem de ser um consumidor que faz uso severo do veículo. Aí sim eles serão uma compra que vale a pena.
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