O Porsche Taycan não é apenas o primeiro carro elétrico da prestigiosa marca alemã. Ele é um divisor de águas na enxurrada de veículos elétricos que invade o mundo do automóvel. O Taycan foi além naquilo que um carro elétrico pode entregar, em termos de tecnologia e desempenho. Tivemos oportunidade de dirigir o Porsche Taycan no autódromo Velo Città e ele brilhou. Muito.
O Taycan tem um aspecto visual parecido com o do Porsche 911, mas não é tão esportivo nem tão bonito. Trata-se de um cupê, mas é de quatro portas, para quatro ou cinco pessoas, como o Porsche Panamera. Na verdade, o novíssimo Porsche Taycan situa-se entre o 911 e o Panamera.
O Taycan 4S, versão mais acessível, custa R$ 589.000, portanto é R$ 20.000 mais caro que o 911 Carrera (de entrada) e R$ 60.000 mais barato que o Panamera 4S E-Hybrid (também de entrada, mas eletrificado).
Mas o Taycan 4S não estava presente no test-drive oferecido pela Porsche no Velo Città. Só estavam lá as duas versões mais nervosas do elétrico: Taycan Turbo, de R$ 809.000, e Taycan Turbo S, de R$ 979.000. Apesar dos nomes “Turbo” e “Turbo S”, os Taycan mais potentes não utilizam turbocompressor, pelo simples fato de que são carros com motores elétricos. O nome herdado dos modelos equipados com motores térmicos, a combustão interna, é apenas uma questão de marketing, para facilitar aos clientes da Porsche a identificação das versões mais potentes.
Vale a pena, portanto, conhecer primeiro as diferenças entre cada versão do Porsche Taycan.
Versão | Potência |
Over- boost |
Torque |
0-100 km/h |
4S | 435 cv | 530 cv | 640 Nm | 4s0 |
Turbo | 625 cv | 680 cv | 850 Nm | 3s2 |
Turbo S | 625 cv | 761 cv | 1.050 Nm | 2s8 |
Todas as versões do Porsche Taycan contam com dois motores elétricos — um na dianteira e outro na traseira. Até aí, nada demais. Porém, como mostram os números acima, as três configurações oferecem potência extra, overboost, chegando a entregar 90 cavalos a mais. Mesmo sendo um carro elétrico, com o torque 100% disponível o tempo todo, o Taycan tem controle de largada, proporcionando acelerações brutais — impressionante na versão Turbo (3,2 segundos para ir de 0 a 100 km/h) e simplesmente absurda na Turbo S (2,8 segundos de 0 a 100).
Os carros elétricos costumam ter a transmissão com apenas uma velocidade. O Taycan, não. O motor dianteiro está acoplado a uma transmissão simples, mas o motor traseiro tem câmbio de duas velocidades. Assim, a Porsche conseguiu aumentar o torque nas arrancadas e, quando o carro atinge 90 km/h, a segunda marcha entra automaticamente.
O tão celebrado sistema “One Pedal Drive” (dirigir com apenas um pedal), que permite ao motorista configurar o carro elétrico para frear quando tira o pé do pedal do acelerador, dispensando pisar no pedal de freio, não foi adotado pela Porsche. Segundo o fabricante alemão, esse sistema desequilibra a dianteira do carro e compromete seu comportamento dinâmico.
A Porsche quebrou os paradigmas do carro elétrico. Por isso, não apenas dispensou o “One Pedal Drive” como dotou o Taycan de enormes discos de freios de cerâmica. Mesmo assim, em 90% de sua utilização, os freios mecânicos não serão acionados, mas sim o freio motor, regenerando energia para a bateria.
É necessário ter freios poderosos para segurar um carro que pode passar de 2,3 toneladas. Velocidades altas são atingidas em qualquer pisada mais bruta no pedal do acelerador. Para chegar a 200 km/h, bastam 10,6 ou 9,8 segundos, a bordo do Taycan Turbo ou do Taycan Turbo S, as retomadas de velocidade são muito vigorosas e o motorista é jogado para trás no banco — o carro leva menos de 2 segundos para ir de 80 a 120 km/h nessas duas versões. A máxima é de 260 km/h.
O Taycan não é um esportivo como o 911. Mas é muito equilibrado. A Porsche partiu do zero em sua construção. As baterias são colocadas no assoalho do carro. A distribuição de peso — um eterno problema do 911, que precisa ser compensado com equipamentos eletrônicos — não foi problema para o Taycan, que usa um motor dianteiro e outro traseiro, conseguindo uma proporção de peso frente/traseira de 49/51. A Porsche se deu ao luxo de montar o motor número 1 “abraçando” o eixo dianteiro, para deixá-lo mais baixo e construir uma frente baixa e alongada.
A aerodinâmica é um item importantíssimo do Taycan. Seu coeficiente de arrasto (Cx) é de apenas 0,22. Para além disso, o para-choque dianteiro tem duas entradas de ar verticais nas extremidades com o objetivo de reduzir a turbulência nos pneus da frente. Na traseira, como o carro não tem escapamento, a Porsche criou um enorme difusor que quase atravessa o carro de lado, direcionando melhor o ar que passa por baixo da carroceria, melhorando o downforce e, assim, acentuando a estabilidade nas curvas.
Quem anda atrás num Porsche Taycan não fica em ambiente claustrofóbico. Nos bancos da frente, o passageiro tem uma cópia da tela multimídia bem à sua frente. São duas telas de 10,9” — uma acima do console central, outra na frente do passageiro. Mas o conceito é o mesmo do 911, ou seja, quase tudo voltado para o motorista.
Posição de dirigir perfeita, volante grande, na altura do peito, e um painel de instrumentos totalmente digital. Botões foram eliminados ao máximo. Controle das luzes e das suspensões são apenas táteis, nas duas extremidades do painel. Ao centro, três círculos com as informações mais importantes do carro, como velocidade, entrega de potência e status da bateria. O painel é ligeiramente côncavo, de 16,8”, favorecendo ainda mais a interação com o motorista.
Uma pequena alavanca do lado direito tem as funções do câmbio (P, R, N e D), enquanto a partida fica do lado esquerdo, num botão de apertar. Também é possível ligar o carro apenas posicionado a pequena alavanca de câmbio em D (Drive). O carro, claro, é muito silencioso e desliza no asfalto. Tem uma capacidade incrível de fazer curvas, com pneus muito largos, suspensões a ar com três câmaras e carroceria bem baixa.
Em vários aspectos o Porsche Taycan pode ser considerado o melhor carro elétrico do mundo. A tensão de sistema de 800 volts é oriunda do Porsche 919 que ganhou algumas edições das 24 Horas de Le Mans. A Porsche utiliza motores elétricos do tipo síncrono, que tem carga permanente e melhor reprodutibilidade da potência máxima. Trata-se de um motor mais caro para ser produzido, mas, como sabemos, isso não é problema para os clientes da Porsche, que não se importam com o preço, desde que recebam o que há de melhor.
Segundo a Porsche, a maior eficiência desse motor ocorre devido ao melhor enrolamento dos fios de cobre. A bateria padrão do Taycan Turbo e do Taycan Turbo S é de 93 kWh. Para o Taycan 4S é de 79 kWh, mas o cliente pode optar pela bateria de 93 kWh, pagando mais. Quanto maior a capacidade da bateria, maior será a autonomia do carro com uma carga. Entre os modos de direção, o Taycan tem o Range, que limita a velocidade entre 90 e 140 km/h, para melhorar o alcance. Os outros modos são Normal, Sport, Sport Plus e Individual.
O Taycan vem com um carregador doméstico de série de 11 kW, que faz uma recarga completa em cerca de 9 horas. Opcionalmente, a Porsche oferece um carregador de 22 kW, que faz a recarga completa em 4 horas e meia. Além disso, junto com a Audi e a Volkswagen, a Porsche está implantando uma rede de carregamento rápido em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Brasília. Até o final de 2022 serão 29 estações de 150 kW e uma de 300 kW,m ambas carregando 80% da bateria de maneira rápida, em torno de 30 minutos.
Todas as versões do Porsche Taycan têm alcance superior a 400 km. Segundo o fabricante, o Taycan 4S de pode rodar de 333 a 407 km com a bateria padrão e de 386 a 463 km com a bateria Plus. O Taycan Turbo tem alcance de 381 a 450 km, enquanto o Taycan Turbo S oferece autonomia entre 388 e 412 km. Como num carro com motor a combustão interna, o consumo de energia está relacionado à forma de dirigir do motorista. Quanto mais potência usa, mais o carro elétrico consome energia. É difícil resistir aos encantos do Porsche Taycan.
Os números
- Preço: R$ 809.000
- Motor: 2 elétricos
- Potência: 460 cv (625 cv com overboost)
- Torque: 850 Nm
- Câmbio: 2 marchas AT
- Tração: 4×4 permanente
- Comprimento: 4,963 m
- Largura: 1,966 m
- Altura: 1,381 m
- Entre-eixos: 2,900 m
- Peso: 2.305 kg
- Pneus: 245/45 R20 (d) e 285/40 R20 (t)
- Porta-malas: 447 litros
- Carga útil: 575 kg
- Bateria: 93 kWh
- Aceleração 0-100 km/h: 3s2
- Velocidade máxima: 260 km/h
- Consumo cidade: 8,3 km/l
- Consumo estrada: 8/6 km/l
- Alcance: 381 a 450 km
- Emissão de CO2: 0 g/km
Veja também: