Reformas tributárias e ações provenientes da federação ainda são necessárias para o aumento da frota do carro elétrico no Brasil
Na última semana, o governo do Estado de São Paulo anunciou a redução da alíquota do ICMS para setores geradores de empregos a partir de 2022. Dentre os segmentos beneficiados está o de eletromobilidade, que terá uma redução de 18% para 14,5%.
Por mais que seja uma medida positiva, ainda não é uma notícia que pode de fato fazer com que os preços do mercado diminuam de forma significativa. Segundo Ricardo da Silva David, sócio-fundador da Elev, empresa que oferece ao mercado soluções para o ecossistema de mobilidade elétrica, por mais que a medida seja um passo no caminho certo, ainda falta muito para o carro elétrico emplacar no Brasil.
“É um pequeno passo para o que nós, que atuamos no segmento da eletromobilidade, esperamos. Os governos estaduais precisam fazer a sua parte, mas também são necessárias ações em nível nacional, provindas do congresso ou do Executivo. Para o segmento realmente chegar na maior parcela da população, ainda precisamos de incentivos públicos, como é o caso da diminuição do ICMS em São Paulo”, explica Ricardo.
Carro elétrico no Brasil ainda é muito caro
Segundo o executivo, um dos grandes entraves para o segmento no Brasil ainda é o valor dos automóveis. Ele também afirmou que ainda são necessárias ações coordenadas para incentivar o crescimento do segmento como um todo.
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“Precisamos de investimentos sérios na estruturação, algo que vai da instalação de carregadores em estradas, condomínios e espaços de comércio e, ao mesmo tempo, com ações do governo federal, estadual e dos municípios, incentivando o segmento. Este tipo de ação nós podemos observar em inúmeros países do mundo, sendo o mais notório e conhecido o caso do governo Biden, dos Estados Unidos, que tomou a dianteira na iniciativa de investimento no setor da eletromobilidade em seu país”, declarou.
Na Europa, os incentivos já existentes somado com a atual crise de combustíveis, tem feito com que muitos optem pelos carros elétricos. Esse é o caso do Reino Unido: segundo o CarGuide, publicado no dia 24 de setembro, houve um aumento de 1.600% em buscas no Google sobre os automóveis elétricos.
“Fatores como a crise dos combustíveis, cenário que vivenciamos no Brasil em 2018, podem acontecer novamente. Deste modo, em nosso país, atualmente, se nós tivermos um cenário similar, será que conseguiremos adotar alguma alternativa ou estaremos sem opções?”, questiona o executivo.
Ricardo também ressaltou que a eletromobilidade vai de encontro com as ações de sustentabilidade e proteção do meio ambiente. “Somente considerando a cidade de São Paulo, os carros são responsáveis pela emissão de 72,6% da emissão de gases que provocam o efeito estufa. Imagina a redução do impacto ambiental que teremos quando tivermos mais iniciativas de redução de preços e incentivos ao mercado de elétricos no Brasil?”, completa.