Ela garante que o Kwid elétrico, a ser lançado no Brasil no ano que vem, deverá ser “um grande carro para assinatura”. No Grupo Renault desde 2012, Delbos pretende tratar a Mobilize como uma startup, o que pressupõe atitudes disruptivas e agilidade, mas garante que isso não é fácil em uma empresa de 128 anos. 

Que problemas você enxerga do alto do cargo, e quais soluções propõe?

Para a francesa Clotilde Delbos, a solução para o trânsito nos centros urbanos está na mobilidade elétrica e compartilhada, além de sistemas inteligentes de recarga de baterias

Clotilde Delbos: Concordo com você. A Mobilize é uma parte muito importante da nossa estratégia. Em janeiro, durante a apresentação do nosso plano Renaulution (mescla das palavras “Renault” e “revolution” para indicar a revolução que a marca pretende promover), anunciamos que nossa meta é que a Mobilize represente 20% do faturamento do grupo, em dez anos. Isso mostra que estamos convencidos do fato de que esse modelo de negócios vai mudar. Por diversas razões, carros estão ficando cada vez mais caros, geram poluição – a menos que sejam elétricos –, congestionamentos, perdem valor etc. etc. As pessoas pagam preço integral por um carro e usam 5% dele. Estamos convencidos de que há vários pontos para disrupções, mas não é fácil dizer às outras pessoas, mesmo da Renault: “Hey, guys, seu modelo de negócios está perto de desaparecer”. Também não é fácil criar um modelo de negócios completamente novo em uma empresa de 128 anos. O desafio é empregar uma mentalidade de startup, algo fora da caixa, mas utilizando a experiência do grupo em áreas como engenharia, software, TI etc. etc., e, ao mesmo tempo, manter independência.

Suponho que, dessa vez, você não veio ao Brasil a passeio. O que podemos esperar da Mobilize por aqui?

Delbos: Realmente, não vim a lazer. Vim para me reunir com o time da Mobilize, aqui. O Brasil foi um dos primeiros países a ter o programa, juntamente com a França. A equipe tem trabalhado em várias frentes, como compartilhamento de carros, que chamamos de Mobilize Share, voltado a empresas. Há algumas diferenças em relação ao modelo normal. A ideia é que a frota seja utilizada durante a semana para fins profissionais e, nos finais de semana, possa ser utilizada pelos funcionários em regime de carsharing. É uma forma de verificar as necessidades dos usuários, e um benefício aos colaboradores e a nós, porque testamos o serviço.
Também lançamos, no início do ano, o Renault On Demand (sistema de assinatura) para testar o “apetite” do cliente, entender quais serviços ele precisa. Em Fernando de Noronha (PE), estamos testando o conceito de smart island (ilha inteligente). A ideia é tornar uma área autossuficiente em energia, usando células fotovoltaicas, estações de recarga e veículos elétricos, para estudar como reduzir o consumo de energia e zerar as emissões, no futuro.
Então, temos várias coisas acontecendo no Brasil. O que tenho pedido ao time é pensar em tudo o que podemos fazer relacionado a carro elétrico. Sabemos que o Brasil não está na dianteira em mobilidade elétrica, mas a Renault tem dez anos de experiência e 400 mil carros elétricos vendidos na Europa. Isso significa que conhecemos as necessidades dos usuários e como podemos implementar carregadores inteligentes, como aproveitar as baterias em uma “segunda vida” (quando não servirem mais para o automóvel).

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