O presidente-executivo da Volkswagen, Herbert Diess, afirmou ao conselho de administração em setembro que a companhia poderá reduzir 30 mil empregos de seu quadro de pessoal se a companhia for muito lenta na transição para os veículos elétricos, disseram duas fontes com conhecimento do assunto nesta quarta-feira (13).

A competição de novos entrantes no mercado alemão, como a norte-americana Tesla, tem pressionado a Volkswagen a acelerar sua transformação, disse Diess na ocasião.

A Tesla pretende produzir 500 mil carros por ano na Alemanha com 12 mil funcionários, enquanto a Volkswagen tem 25 mil funcionários na fábrica em Wolfsburg para produzir 700 mil.

Um porta-voz da Volkswagen confirmou a posição de Diess de que a presença da Tesla e outras empresas na Alemanha aumentou a urgência da transição do grupo alemão para os veículos elétricos, mas negou que projeções específicas tenham sido feitas sobre quantos empregos poderiam ser perdidos no processo.

“Não há dúvida de que temos que resolver a competitividade de nossa fábrica em Wolfsburg à luz dos novos entrantes no mercado”, disse o porta-voz da Volkswagen Michael Manske. Ele se referiu à Tesla e novas montadoras chinesas se posicionando na Europa.

“A Tesla está definindo novos padrões de produtividade e escala em Grunheide”, disse ele, em referência à fábrica da montadora norte-americana que está sendo construída próximo de Berlim. A unidade, no seu pico, vai produzir 5 mil a 10 mil carros por semana, mais do que o dobro da produção de veículos elétricos da Alemanha em 2020.

“Um debate está acontecendo e já há muitas boas ideias. Não há cenários concluídos”, disse Manske.

Um porta-voz da entidade sindical da Volkswagen afirmou que apesar de a empresa não comentar se Diess fez a afirmação sobre as perdas de empregos, “uma redução de 30 mil postos de trabalho é absurda e não tem fundamento”.

Outro porta-voz sindical na região da Baixa-Saxônia, segunda maior acionista da Volkswagen, disse que tais cortes “estão fora de questão”.

Os carros elétricos têm menos componentes que os de motor a combustão e por isso precisam de menos trabalhadores para serem produzidos. Segundo uma estimativa, 100 mil empregos na indústria automotiva alemã podem ser perdidos até 2025 como resultado da eletrificação do setor.

A fábrica da Volkswagen em Wolfsburg, a maior do mundo, com mais de 50 mil funcionários, atualmente não produz veículos elétricos, mas a companhia planeja produzir um sedã movido a bateria nela a partir de 2026.

A transição para carros elétricos vem ganhando força em todo o mundo. Em projeto de orçamento para 2022 apresentado nesta quarta-feira (13), a Espanha indica que pedirá um primeiro empréstimo no valor de € 1,3 bilhão (R$ 8,3 bilhões) do Mecanismo de Recuperação e Resistência da União Europeia (UE) para financiar um plano de produção de veículos elétricos.

“Dependendo do desempenho das taxas de juros nos próximos meses, pode ser do nosso interesse solicitar mais empréstimos”, disse a ministra do Orçamento, María Jesús Montero, em entrevista coletiva.

O governo planeja investir € 4,3 bilhões (R$ 27,6 bilhões) para iniciar a produção de veículos elétricos e baterias. O setor privado pode contribuir com mais € 19,7 bilhões (R$ 126,4 bilhões) para a iniciativa até 2023, de acordo com estimativas do governo.

Em setembro, a Rolls-Royce anunciou que irá lançar seu primeiro carro elétrico, o Spectre, no final de 2023. O plano, de acordo com o presidente-executivo da marca, é que seus carros sejam 100% elétricos até 2030.

Entre 2015 e 2020, o crescimento nas vendas de carros com baterias recarregáveis chegou a 297%, número que poderia ter sido ainda mais expressivo não fosse a pandemia.

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