A fábrica da Peugeot-Citroën (grupo PSA) em Portugal está a negociar a produção de carrinhas híbridas. A novidade foi dada por José Maria Castro, diretor-geral da fábrica do grupo francês, no debate da conferência do 8.º aniversário do Dinheiro Vivo. A agência de investimento AICEP está envolvida neste projeto.
“Estamos a trabalhar com a AICEP num projeto para a produção de um Opel Combo de baixas emissões”, anunciou José Maria Castro. Se a fábrica de Mangualde conseguir captar este projeto, esta unidade poderá receber um investimento de 20 milhões de euros na linha de montagem, acrescentou o gestor espanhol durante a conferência, que está a decorrer esta sexta-feira no salão nobre da CCIP – Câmara de Comércio e Indústria de Portugal.
Tal como está, a linha de montagem da fábrica de Mangualde está preparada para também passar a produzir automóveis híbridos e elétricos, admitiu José Maria Castro em entrevista ao Dinheiro Vivo e à TSF, em janeiro deste ano.
“No ano passado, com o projeto K9, a fábrica foi adaptada para flexibilizar toda a zona de produção mecânica e permitir que no futuro chegue um veículo híbrido, elétrico ou até com células de combustível. Das hipóteses de renovação de meia-vida do carro, estamos a estudar uma potencial versão híbrida ou elétrica, porque não teremos outra opção.”
Na altura, José Maria Castro admitia, na mesma entrevista, acelerar os planos de renovação da fábrica, que estavam previstos, inicialmente, para começarem em 2025. “Em princípio, daqui a seis anos, mas estamos a analisar uma potencial aceleração da eletrificação da gama. Mas isso também irá depender da aceitação dos clientes.”
A PSA Mangualde iniciou em outubro a produção em série do Opel Combo, que partilha a plataforma com a Citroën Berlingo e a Peugeot Partner. O Combo foi precisamente o último veículo produzido pela antiga fábrica da Opel em Portugal, na Azambuja, que fechou em dezembro 2006.
Atenção aos custos
Mangualde é o local que alberga a segunda maior fábrica de automóveis em Portugal só que as infraestruturas não estão a acompanhar uma produção anual próxima das 80 mil unidades. Os veículos produzidos na unidade do distrito de Viseu são enviados para vários países europeus apenas por infraestruturas rodoviárias. Uma situação com cada vez mais impactos financeiros para esta unidade do grupo PSA.
“Estamos a chegar a um ponto em que o custo de transporte é superior ao custo de produção de veículos”, avisa o gestor. A ligação da fábrica de Mangualde à ferrovia só deverá ser concretizada durante a década de 2020, ao abrigo do Programa Nacional de Investimentos.
É perante esta dificuldade que a PSA Mangualde tem de lidar com a concorrência vinda, por exemplo, de Marrocos e da Argélia, “muito baseada na mão-de-obra barata”.