O Volkswagen Polo GTS é a melhor versão do hatch na visão dos entusiastas. Equipado com motor 1.4 turbo, o novo esportivo tem preço previsto entre R$ 90 mil e R$ 100 mil. É o valor cobrado para você rodar em um Polo de 150 cv e 25,5 kgfm. Porém, a fatura é suficiente para levar um Golf GTI seminovo para casa. Qual que vale mais a pena?
Em preço, o GTI levaria a disputa. Não é raro encontrar carros a partir de 2013 por preços inferiores a R$ 80 mil. E procuramos apenas por carros com menos de 60 mil km — muitos encontrados rodaram muito menos que isso. Carros mais novos (a partir de 2016) também são figurinhas comuns por uma média de R$ 90 mil.
O teste do Polo GTS ainda foi preliminar. O esportivo agradou em quesitos como suspensão bem calibrada (dotada de barras estabilizadoras mais grossas). O hot hatch é bom de curva, nem mesmo o piso molhado o deixou perder o prumo. Somado a isso, o novo motor é bem mais forte do que o 1.0 TSI. O tricilíndrico entrega até 128 cv e 20,4 kgfm.
Só que o Golf GTI utiliza um conjunto bem mais agressivo. O hatch médio esportivo tem motor 2.0 TSI de 220 cv (230 cv no facelift) e torque de 35,7 kgfm. O câmbio automático de dupla embreagem e seis marchas não hesita em comparação ao Tiptronic de seis velocidades usado pelo Polo GTS.
Além disso, o comportamento do Golf é mais firme. O carro inclina menos nas curvas e tem respostas mais ligeiras aos movimentos do volante graças ao mecanismo de direção variável (mais direta). Somado a isso, suspensão traseira multilink é superior ao conjunto de eixo de torção do Polo.
Embora não tenhamos levado o Polo GTS para a pista (o carro testado por Autoesporte ainda é um protótipo), a previsão de desempenho dele é boa. Esperamos zero a 100 km/h na faixa dos 8 segundos baixos (menos de 8,5 s), certamente menos que o Golf 1.4 TSI com o mesmo conjunto. Até porque o câmbio automático do compacto tem ajuste diferente do utilizado pelo 1.0 TSI.
Contudo, ele não alcançará o Golf GTI nem com reza brava. O esportivo maior tem fôlego para ir aos 100 km/h em 6,2 segundos, o tipo de desempenho que o deixa na categoria do Polo GTI. Este sim tem o mesmo motor 2.0 TSI do primo maior e emparelha com ele em desempenho.
No entanto, o Polo GTI seria muito caro para o mercado nacional. Se o Golf GTI foi descontinuado por pouca procura, imagine só um Polo pelo mesmo preço. Mas Autoesporte teve a chance de pilotar a versão mais bruta do compacto na Europa.
Além do desempenho, há um bônus: os primeiros GTI eram importados da Alemanha e são mais tecnológicos do que o brasileiro em pontos como o uso de freio de mão eletrônico — com auto hold. O nacional foi lançado em 2016 e não tem o mesmo recurso que veio no bonde dos alemães.
Quanto aos itens, o Golf GTI pode vir com equipamentos exclusivos, exemplos do teto-solar panorâmico e controle de cruzeiro adaptativo — um pouco mais raro. Os faróis de xenônio com LEDs diurnos são comuns de se encontrar.
Há outro ponto: o espaço do Golf não chega a ser referência entre os hatches médios, mas é bem maior do que o oferecido pelo Polo em qualquer versão. O entre-eixos de 2,64 metros é quase 10 centímetros superior aos 2,55 m cravados pelo compacto.
O acabamento é outro ponto de distinção. O Golf GTI é mais requintado até na versão básica, que conta ainda com um detalhe apreciado por aqueles que são fãs do esportivo: os bancos em tecido quadriculado Clark.
O axadrezado é pura nostalgia, mas costuma se associado a poucos equipamentos de série. O médio traz peças macias no painel e portas dianteiras, um requinte não previsto mesmo no Polo mais caro.
Entretanto, há dois pontos tecnológicos que o Polo GTS se sobressai: a oferta do painel digital Active Info Display. É um toque presente no Golf GTI nacional, contudo, não no modelo alemão. E também na central multimídia bem mais moderna — não que a do primo seja ruim, só não conta com recursos atualizados como conectividade com Android Auto e Apple CarPlay.
Veredito
Alguns dados não estão disponíveis, obviamente. O Polo GTS será lançado entre janeiro e fevereiro do ano que vem. Como o hatch utiliza muitas peças do GTI estrangeiro, certamente a cesta de peças será mais cara do que a do Polo Highline atual, cujo conjunto sai por R$ 4.555. Já o Golf GTI tem peças cotadas a R$ 8.540 e deve ser mais caro no quesito.
Outro ponto é o fato do Polo GTS ainda vai começar a sua vida no mercado brasileiro. O esportivo deve responder por uma parcela decente das vendas do hatch. Ao contrário do Golf GTI, que saiu de linha à francesa. Em meio ao luto, há um consolo: o GTI de oitava geração deve voltar como importado. E o Golf GTE híbrido/esportivo/plug-in será importado em novembro e andará mais que o Polo GTS.
De qualquer forma, o Golf GTI ainda ronca mais alto nos nossos corações. O hatch médio oferece mais espaço e tem uma praticidade no dia a dia não muito diferente das versões com motores 1.0 TSI ou 1.4 TSI. A pegada da suspensão, do câmbio e do motor 2.0 TSI está em outra classe. E os preços dos mais baratos ficam próximos do pedido por esportivos menores, exemplo do Renault Sandero RS e Peugeot 208 GT.