Os carros com motores turbinados estão dominando o mercado no Brasil. Se lá fora os híbridos e elétricos já são uma realidade, por aqui ainda estamos passando pelo processo de downsizing, que reduziu o tamanho dos propulsores visando a eficiência e a redução na emissão de poluentes. Mas como os carros não poderiam ficar menos potentes, a tecnologia entrou em campo para compensar essa equação. E o turbo é o denominador comum na fórmula das montadoras para entregar veículos com potência e eficiência. Já temos modelos turbinados em todos os segmentos do mercado nacional. De veículos de entrada aos SUVs, é possível encontrar um turbo que se encaixa no seu orçamento. E tem muita novidade para chegar nos próximos meses.
Chevrolet
Uma prova de que não é mais possível “sobreviver” no mercado brasileiro sem uma versão turbinada é que o carro mais vendido do país se rendeu ao turbo. O Onix 2020 adotou o motor 1.0 turbo de 116 cv nas versões hatch e sedã. E quem imaginou que isso elevaria muito o preço dos modelos se enganou. A Chevrolet conseguiu deixar os valores do Onix bem próximos dos da geração anterior. A primeira versão turbinada do hatch parte de R$ 58.090 e do sedã por R$ 61.250. Essa fórmula foi certeira: a montadora tem conseguido a façanha de fazer dobradinha nas primeiras posições de vendas. O fato de não ter injeção direta de combustível, que geralmente é associada ao turbo, parece não ter afetado a escolha dos consumidores.
A Chevrolet ainda tem outras opções turbinadas. Os médios Cruze sedã e Cruze Sport6 (ambos a partir de R$ 98.750) usam o motor 1.4 turbo de até 153 cv de potência. Esse mesmo motor equipava a Tracker até o ano passado. Mas o SUV compacto passará por profunda mudança e chega neste mês com opções de motorização 1.0 turbo de 116 cv e o novo 1.2 turbo de até R$ 133 cv. Especula-se que o modelo partirá de R$ 75 mil e chegue perto de R$ 115 mil na versão mais potente. O Equinox tem duas versões turbinadas, com motor 1.5 turbo de 172 cv (a partir de R$ 129.990) e o forte 2.0 de 262 cv por R$ 162.990.
Hyundai
O segundo lugar das vendas do ano passado também reativou a turbina. A Hyundai apresentou um novo motor turbo com injeção direta de combustível no HB20 e HB20S de segunda geração. O propulsor entrega 120 cv de potência máxima e se mostrou bem ágil nos testes que fizemos. Os preços das versões turbinadas partem de R$ 67.190 no hatch e R$ 71.790 no sedã. O problema é que o design adotado pelos sul-coreanos na nova geração dos compactos não agradou a muita gente e os modelos estão caindo tabela abaixo no ranking de vendas. A Hyundai, com a CAOA, oferece o motor 1.6 turbo (GDI) no New Tucson com 177 cv de potência e preço na casa dos R$ 137 mil.
Volkswagen
A Volkswagen é a montadora que mais apostou no turbo entre as marcas de grande volume. Ela possui hoje sete modelos com quatro opções de motorização turbinada e injeção direta de combustível (gasolina ou flex). Lembrando que não estamos citando nessa matéria os motores turbodiesel, que já estão no mercado nacional há muito mais tempo.
O modelo mais acessível com turbo na Volks é o Up! com motor 170 TSI 1.0 (R$ 54.890) que entrega 105 cv de potência e 17 kgfm de torque com câmbio manual de cinco velocidades. Na sequência vem o Polo a partir do Comfortline (R$ 71.560) com o 200 TSI 1.0 de 128 cv e 20,4 kgfm de torque com transmissão automática de seis marchas. O mesmo conjunto é compartilhado pelo Virtus a partir do Comfortline (R$ 78.590) e o T-Cross (R$ 84.990 MT e 94.490 AT). O 250 TSI 1.4 começa a aparecer nas versões esportivas do Polo GTS (R$ 99.470) e Virtus GTS (R$ 104.940). Ele entrega 150 cv de potência e 25,5 kgfm de torque sempre associado à transmissão AT6. Esse mesmo trem de força aparece na versão topo de linha do T-Cross Highline (R$ 109.990); em três versões de acabamento do sedã Jetta (a partir de R$ 99.990) e no SUV médio Tiguan Allspace (a partir de R$ 129.990).
O motor 350 TSI 2.0 está presente na versão esportiva do Tiguan R-Line (R$ 187.990) com 220 cv de potência e 35,7 kgfm de torque com câmbio DSG de sete velocidades. No Jetta GLI (R$ 147.990), o mesmo motor entrega 230 cv e e 35,7 kgfm DSG de 6 marchas. No Passat Highline (R$ 164.620) o mesmo 350 TSI a gasolina tem 220 cv e DSG6.
FCA
A Fiat e a Jeep, principais marcas do grupo FCA no Brasil, ainda não entraram na onda dos carros de passeio nacionais turbinados flex ou só a gasolina. Mas isso vai mudar neste ano. O primeiro a receber a inovação será o Compass. O motor 1.3 turbo tem variantes de 150 cv e 180 cv e a mais potente chegará primeiro no SUV médio mais vendido do país. Isso deve ocorrer entre maio e junho, como linha 2021. No final do ano será a vez o Renegade receber a variante menos potente, com 150 cv para substituir o atual 1.8 flex de 139 cv. Vale lembrar que Compass e Renegade também vão oferecer versões híbridas plug-in, que provavelmente serão as topo de linha, acima até mesmo das turbodiesel.
Já na Fiat, o motor 1.3 turbo deve chegar apenas na Toro no primeiro momento, mas ainda sem data definida. Os modelos menores, como nova Strada, Argo e Cronos devem receber o motor 1.0 turbo, mas nada esperado para esse ano.
Ford
A montadora do oval azul já não aposta mais no motor turbinado para os compactos no Brasil. Lá fora as versões 1.0 e 1.5 do Ecoboost vendem bastante, mas não deram as caras por aqui. O Fusion ainda oferece o bom motor Ecoboost 2.0 de 248 cv por a partir de R$ 149.900. Além dele apenas o Edge ST com o poderoso 2.7 Ecoboost biturbo de 335 cv de potência e 54 kgfm de torque. Para levar tudo isso é preciso pagar R$ 299 mil.
O próximo lançamento da Ford no Brasil vai aumentar a oferta de motor turbo na marca. O SUV Territory chega nos próximos meses com o 1.5 turbo de 145 cv e câmbio CVT. Essa potência deve aumentar com a calibração para virar flex. Ele vai competir diretamente com o Compass entre os médios.
Renault, Peugeot e Citroën
A Renault não oferece modelos com motor turbo no Brasil, mas tem um bom trunfo para jogar neste ano. O Captur 2021 chega no segundo semestre com motor 1.3 turbo feito em parceria com a Mercedes-Benz. Na marca alemã, ele não é flex e entrega 163 cv de potência. A calibração francesa deve ser diferente e a transmissão CVT. No começo do próximo ano será a vez do Duster receber esse mesmo conjunto. Mas não espere versões turbinadas de Sandero, Logan ou Stepway.
Na Peugeot a oferta de turbo está restrita aos SUVs e é sempre com o mesmo bom motor 1.6 THP de 173 cv. Ela começa no compacto 2008 Griffe por 103.490, passando pelo 3008 por R$ 174.990, até o 5008 por R$ 178.690. Mas a aposta da marca do leão ainda para este ano é a chegada do novo e aguardado 208, que trará o inédito motor 1.2 turbo de 130 cv, que vai disputar mercado nas versões mais caras diretamente com Polo 200 TSI.
A Citroën segue a mesma linha de sua irmã Peugeot. A diferença é que ela ainda oferece o motor THP em seu sedã médio, o C4 Lounge por a partir de R$ 95.990. No exótico SUV C4 Cactus a motorização turbo aparece a partir da versão Shine por R$ 97.090. Não se fala da chegada do novo C3 por aqui com motor turbo. A tendência é que a marca invista mais em SUVs.
As japonesas
A Toyota pulou etapas no Brasil e não ofereceu motorização turbo para seus carros de passeio nacionais. Foi direto para os híbridos. Corolla Altis Hybrid e RAV4 Hybrid têm longa fila de espera no país. Parece que o turbo não fez falta.
A Honda apostou no turbo em seus dois modelos mais vendidos no país, o Civic e o HR-V, ambos na versão Touring com o motor 1.5 turbo de 173 cv. O sedã custa R$ 136.700 e o SUV R$ 139.900. No grande CR-V, essa motorização chega a 190 cv, mas o preço salta para R$ 194.900. No Civic SI conseguiram tirar incríveis 208 cv desse 1.5 turbo, mas cobram R$ 164.900 por essa ousadia de carro.
A Mitsubishi agora só trata de SUVs no Brasil e tem motorização turbo no Eclipse Cross com o 1.5 turbo de 165 cv, câmbio CVT e preço que parte de R$ 129.990. A expectativa é que o novo ASX, esperado para este ano, também chegue turbinado na nova geração, com o mesmo 1.5 do Eclipse.
Ainda não será neste ano que a Nissan entrará na onda dos turbinados no Brasil. O mais provável é que ocorra o mesmo que aconteceu com a Toyota: pular do aspirado para o híbrido. O novo Versa que chega em junho ou julho seguirá com motor aspirado 1.6, que terá mais potência, mas sem turbo. Já a segunda geração do seu best-seller, o Kicks, vai chegar em 2021 com motorização híbrida e-power, que une um motor 1.2 aspirado com um elétrico que garante um consumo de 30 km/l de combustível. Isso lá fora. Por aqui ele pode ficar até mais econômico, pois poderá ser acoplado a um motor 1.0 flex. É esperar para ver.
Chinesas
A CAOA Chery aposta muitas fichas em seu bom motor 1.5 turboflex de 150 cv. Ele equipa três de seus quatro modelos vendidos no Brasil. A sedã Arrizo 5 parte de R$ 69.990, o SUV compacto Tiggo 5X 2021 de R$ 91.990 e o Tiggo 7 por R$ 106.990. Neste ano chegará o tecnológico Tiggo 8 com o novo motor 1.6 turbo com injeção direta e bons 200 cv de potência.
Na JAC, que vem apostando em modelos elétricos, o turbo está presente no SUV T60, que é puxado pelo 1.5 de 168 cv e câmbio CVT por a partir de R$ 101.990. Já o imponente T80 de sete lugares e motor 2.0 turbo de 210 cv por R$ 148.990.
Marcas premium
As montadoras chamadas de premium, como Audi, BMW, Mercedes, Volvo, Land Rover e tantas outras, já largaram mão do motor aspirado há muito tempo. Toda a linha dessas marcas é composta por motorizações turbinadas, a gasolina ou a diesel. Para estas, o próximo passo é a eletrificação de toda a linha, algo que o Brasil ainda está bem distante.
* Colaboração de Bruno Vasconcelos para o blog