Desde 2018, uma portaria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) permite a cobrança de energia elétrica por empresas que disponibilizem pontos de recarga. No entanto, por não se tratar de uma lei, o efeito prático ainda é tímido, mas há outras soluções.
Uma dessas soluções é a Tupinambá Energia, que não cobra energia diretamente do consumidor, mas permite que pontos comerciais, residências e quem mais se interessar façam a assinatura de um carregador.
A Tupinambá ainda faz a administração do ponto de recarga e permite que o comércio que sede o espaço realize a cobrança pelo tempo utilizado. O valor recomendado gira em torno de R$ 1 a R$ 2 por hora. Esse valor é baseado no valor do kWh.
O que diz a Aneel
No Art. 9º da portaria nº 819/18, a Aneel diz o seguinte:
“É permitida a recarga de veículos elétricos de propriedade distinta do titular da unidade consumidora, inclusive para fins de exploração comercial a preços livremente negociados”.
Em 2021, a EDP Elétrica questionou a Aneel a respeito especificamente do faturamento do kWh para recargas de veículos elétricos. A Agência respondeu que a portaria citada acima não prevê proibição nesse tipo de comercialização.
Crescimento da estrutura
Claro que o mercado de eletrificados ainda é pequeno no Brasil, mas em franca expansão. Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), no primeiro trimestre de 2022 houve crescimento de 115% na venda desse tipo de veículo na comparação com o mesmo período de 2021.
No primeiro trimestre do ano passado, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) foram vendidos 4.582 veículos desse tipo contra 9.844 deste ano. Atualmente, o market share dos eletrificados está em 2,6%, consideravelmente acima do 1,8% do fechamento de 2021.
Dessa maneira, diversas empresas estão de olho nesse mercado. Uma delas, como já citamos, é a Tupinambá. A startup de mobilidade elétrica recebeu um aporte de R$ 10 milhões da Raízen, dona da marca Shell, e pretende ampliar sua participação no Brasil.
Segundo Davi Bertoncello, CEO da Tupinambá, a empresa sairá dos poucos mais de 100 carregadores administrados atualmente para mais de 1000 até o final de 2022 e 10.000 em três anos.
“Muito disso foi possível pelo aporte da Shell, mas há também uma demanda crescente. A tendência é que esse tipo de serviço se espalhe rapidamente nos próximos anos”, ressalta Davi.
Bertoncello ainda prevê uma diminuição no investimento das fabricantes em eletropostos. Para ele, a estratégia inicial foi atingida, que era gerar marketing e segurança nos futuros comprados, informando-os onde recarregar seus carros. No entanto, daqui para frente, ele acredita que o mercado se abrirá para outras empresas e startups construírem a estrutura necessária.
Shell Recharge
A Tupinambá também atua sob a bandeira Shell. Isso acontece com carregadores mais potentes. Todos estão disponíveis no aplicativo da empresa, no entanto, até 50W de potência são instalados modelos com a marca Tupi.
Já as unidades mais potentes, entre 50W e 150W, considerados rápidos e ultrarrápidos, são instalados com a bandeira Shell Recahrge. Isso mostra que uma das maiores petroleiras do mundo já está de olho no mercado de carros elétricos e certamente não ficará parada. Enquanto isso, a Vibra Energia, novo nome da BR Distribuidora (responsável pela marca Petrobrás), ainda discute como precificar a gasolina em solo nacional.
O que diz a Volvo
A Volvo é uma das líderes na eletrificação de sua gama e reforçou essa posição no final do ano passado ao anunciar a troca do XC40 convencional pela venda exclusiva de versões elétricas. Uma visita à uma concessionária da marca motivou essa matéria, a unidade, localizada na zona sul de São Paulo, já realiza a cobrança através de um carregador administrado pela Tupinambá.
Durante a visita, um funcionário chegou a informar que isso se tornaria padrão e que outras concessionárias Volvo estão optando por recargas pagas. Ao ser consultada, a Volvo se disse surpreendida e que essa estratégia não faz parte dos planos de eletrificação e criação de infraestrutura de recarga.
Talvez você também se interesse:
VW Fusca 1965 é o 1º carro a receber nova placa preta Mercosul. Veja
Carros mais vendidos em maio de 2022: VW Gol ressurge das cinzas
Novo Toyota Corolla será mais forte e terá telas digitais antirreflexo