Embora a indústria da reciclagem esteja se estruturando, Juliano Mendes, vice-presidente de componentes da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), vê uma barreira pela frente: os altos custos que a atividade exige. “A operação é onerosa, porque, entre outras exigências, precisa de uma área especial para o desmonte da bateria”, ressalta.
Uma tonelada de peso
A fonte de energia do carro elétrico é bastante peculiar e foge do padrão, a começar pelo tamanho: pesa cerca de 1 tonelada, contra os 100 gramas da bateria do telefone celular. “Cada uma tem formato diferente, de acordo com a fabricante. Antes de mais nada, é necessário desenergizá-la, desconectá-la de uma série de cabos, tirar todas as chapas e, a partir daí, mexer nas células”, destaca.
“Todo esse esforço requer engenharia e mão de obra qualificada, além de o processo da extração do material não ser igual para todas as químicas envolvidas e custar muito caro”, justifica Mendes.
Em alguns casos, é mais dispendioso retirar os metais da bateria usada do que comprar matéria-prima virgem. Nesses casos, há a intervenção das autoridades para que a reciclagem não perca terreno. “Não é à toa que a China obriga as montadoras a comprar, todos os anos, um percentual mínimo de baterias de segunda mão”, afirma.
Dessa forma, o executivo acredita que não adianta investir pesado neste momento se o mercado ainda apresenta pouca demanda. “Esse problema não é local. Lá fora, a indústria da reciclagem também está cautelosa”, completa.
Aos poucos, as marcas adotam medidas pensando no futuro de curto prazo. E isso não significa, necessariamente, usar baterias recicladas exclusivamente nos veículos elétricos. A americana Tesla anunciou que pretende reciclar as células exauridas e usar as baterias na realimentação de sua Gigafactory. A chinesa BYD aproveita o equipamento no fim da vida útil para pôr em funcionamento grandes acumuladores de energia estacionários.
Por mais que a criação de uma infraestrutura para reciclar baterias de carros elétricos ainda enfrente dificuldades, uma coisa é certa: os componentes terão destinação apropriada e não ficarão empilhados em cada esquina depois de descartados. O meio ambiente agradece.