O Vale do Paraíba tem potencial e capacidade para ser protagonista do novo ciclo de investimentos do setor automotivo no país. A avaliação é do presidente do presidente do Sindmetau (Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região), Cláudio Batista, o Claudião. O dirigente tem participado de uma série de reuniões e audiências que buscam rearticular a cadeia produtiva.

O mais recente encontro setorial foi realizado no dia 25, na Câmara dos Deputados. A audiência virtual reuniu representantes dos trabalhadores, entidades do setor e a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

A sessão foi convocada pelo deputado federal Vicentinho (PT-SP). Apesar do momento delicado do setor, o presidente do Sindmetau destacou que o Vale do Paraíba pode ter papel ativo em uma retomada.

“Contamos com três montadoras, Volkswagen, GM e Cherry. Além disso temos instituições de excelência nas áreas de pesquisa e tecnologia. Ou seja, temos parque industrial, mão de obra e capital intelectual que nos qualificam na disputa pelos novos investimentos”, afirmou o presidente do Sindmetau.

O setor automotivo deve investir mais de R$ 150 bilhões no Brasil nos próximos 13 anos. “Isso dá uma média de R$ 11,5 bilhões por ano até 2035. Precisamos garantir que essa janela de oportunidades gere tecnologia e conteúdo local, ampliando a geração de empregos.”

Segundo Claudião, é necessário, no entanto, que sejam restabelecidas políticas e programas, permitindo o avanço do setor. “Na audiência, nós representantes dos trabalhadores e os da indústria concordamos em um ponto: o processo de encolhimento do setor automotivo é um desastre para a economia do país.”

O setor automotivo tem 26 marcas e 65 plantas no Brasil. “Estamos falando de um setor que representa 18% do PIB (Produto Interno Bruto) da indústria e que injeta R$ 80 bilhões ao ano no caixa dos governos em pagamento de tributos. E o mais importante, estamos falando de um setor com um milhão e 300 mil trabalhadores”, disse Claudião.

Programa nacional

Claudião lembrou que entre 2012 e 2017 o Brasil tinha o programa Inovar Auto. “Essa política estabelecia regras claras para incentivar a produção nacional de veículos e autopeças. O resultado foi a instalação de novas montadoras e a geração robusta de empregos no setor.”

O programa foi extinto no final de 2017. “Isso desencadeou um processo de saída ou de encerramento da produção de montadoras do país. Entre elas, a Mercedes Benz, a Ford, a Troller e a Audi.”

Na opinião de Claudião, cada empresa teve suas razões específicas para parar de produzir no país. “Porém por trás desse movimento está a falta de uma política nacional para o setor. E não estamos falando apenas da parte do governo federal. O governo do Estado também não está fazendo sua parte e até aumentou o ICMS”, declarou.

Os outros graves problemas foram a deterioração da economia e a desvalorização do Real. “Isso fez a população perder poder de compra. Fez também o preço dos carros disparar, já que 40% das peças hoje são importadas.”

Pilares

Claudião afirmou que no país existem os três pilares necessários para a indústria avançar: mercado/escala, cadeia de fornecimento e desenvolvimento de produto. “Só que esses pilares estão sendo desarticulados, corroídos e derrubados. Precisamos com urgência lutar por uma política nacional que reative plenamente a cadeia automotiva.”

O presidente do Sindmetau destacou que o mundo está entrando em uma nova era de motorização dos veículos. “Precisamos de investimento tecnológico nesta área, pois não podemos ficar reféns de outros países, como na recente crise dos semicondutores”.

Para o presidente do Sindicato, é estratégico que o Brasil tenha produção própria de chips e de baterias para carros elétricos. “Mas, ao mesmo tempo, não podemos deixar de potencializar a tecnologia que nós já temos: o etanol. Nós do Sindmetau estamos articulando um fórum aqui na região para debater o carro híbrido com etanol.”

O fórum deverá ser realizado em 2022. Claudião explicou que a intenção é de que o evento se torne uma contribuição na luta para que o Vale do Paraíba desenvolva seu potencial no setor automotivo.

Anfavea

O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, também participou da audiência e falou sobre os reflexos da pandemia. “Nós temos um problema agora, um problema de ociosidade por conta da pandemia, dos impactos da pandemia, a questão da inflação e dos juros. Mas por outro lado a gente tem uma grande oportunidade de atrair R$ 150 bilhões, que seria um novo ciclo de investimentos. Uma transformação, melhorando a qualidade do emprego, a mobilidade, a qualidade do ar, fazendo pesquisa e desenvolvimento.”



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