Estimativa é de que a produção passe dos atuais 5 milhões para 23 milhões de unidades; as baterias recarregáveis terão papel importante nesse processo
Relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), uma agência da ONU, indica que a produção de carros elétricos pode subir 500% até 2030, passando dos 5 milhões atuais para 23 milhões de unidades. Ainda de acordo com a agência, Brasil pode ser um dos principais fornecedores de matéria-prima para produção de baterias para carros elétricos.
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O segmento vem apresentando aumento nas vendas nos últimos anos, aumentando 65% em 2018 em relação ao ano anterior, chegando a 5,1 milhões de veículos.
Dentro deste cenário, a matéria-prima do tipo da usada para produção de baterias recarregáveis deve aumentar rapidamente. Em 2018, o mercado mundial de lítio, a bateria de carro recarregável mais comum, era cerca de US$ 7 bilhões. A Unctad estima que chegue a US$ 58,8 bilhões até 2024.
As baterias recarregáveis vão ter um papel importante na transição energética para uma economia de baixo carbono e para ajudar a mitigar emissões de gases de efeito estufa. Segundo Pamela Coke-Hamilton, diretora de comércio internacional da Unctad, as fontes alternativas de energia, como baterias elétricas, se tornarão ainda mais importantes à medida que os investidores ficam mais cautelosos com o futuro da indústria do petróleo.
De acordo com a agência, poucos países dominam a produção de commodities estratégicas para a produção dessas baterias recarregáveis: cobalto é sobretudo produzido na República Democrática do Congo; lítio na Austrália e Chile; grafite na China e Brasil; manganês na África do Sul, Austrália e também Brasil.
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O Brasil detém, por exemplo, 24% das reservas de grafite, mas apenas 10% da produção mundial e 6% das exportações. Em comparação, a China, com 25% de reservas, exporta 64% do total mundial. No caso de manganês, o Brasil tem 15% das reservas, só atrás de África do Sul e Ucrânia, mas a produção fica em 7%. O país tem também importantes reservas de lítio.
As baterias recarregáveis terão um papel importante na transição para um sistema de energia de baixas emissões, se as matérias-primas usadas forem adquiridas e produzidas de maneira sustentável.
Em 2018, o mercado mundial de lítio, a bateria de carro recarregável mais comum, valia cerca de US$ 7 bilhões. A Unctad estima que chegue a US$ 58,8 bilhões até 2024.
O relatório propõe mais investimento em tecnologias verdes como forma de reduzir a dependência de matérias-primas essenciais, mas isso baixaria as receitas dos países que as produzem. Além disso, a maior parte do valor adicionado às matérias-primas é gerada fora das nações produtoras as excluindo da maior parte dos lucros.
A pesquisa aponta o exemplo do cobalto da República Democrática do Congo, que é responsável por mais de dois terços da produção global deste material. O processamento é feito em refinarias de países como Bélgica, China, Finlândia, Noruega e Zâmbia. Uma infraestrutura limitada, falta de tecnologia, capacidade logística e financiamento estão impedindo maiores benefícios econômicos para o país africano.
A fabricação de eletrodos positivos para baterias também está concentrada, sendo dominada por nações asiáticas. Em 2015, a China representava aproximadamente 39% do mercado global, o Japão 19% e a República da Coréia 7%.