O Renault Sandero RS era um carro que despertava minha curiosidade. Afinal, trata-se de um dos poucos esportivos nacionais que restou no mercado. E se considerarmos que a linha GTS da Volkswagen tem um compromisso maior com a sofisticação do que com o desempenho, o único modelo realmente esportivo que restou é o hatch da Renault. Entretanto, havia um ponto específico que passava em minha mente. Eu sabia que o RS era divertido ao volante, mas minha curiosidade era se o veículo agradaria no uso cotidiano, que é o que importa. E a resposta para essa questão será detalhada nos próximos parágrafos.
Renault Sandero RS: um esportivo surpreendente
Como já disse no texto de impressões iniciais, o RS é um Sandero como qualquer outro. E isso tem seu lado positivo e também o viés negativo. A parte boa é que o espaço interno e o bom porta-malas de 320 litros está presente como em qualquer versão. Já o lado não tão bom assim é que se trata de um projeto simples e que já sente o peso da idade – vale lembrar que essa segunda geração estreou em 2014, tendo passado por um discreto facelift em 2018.
Dessa forma, a ergonomia do Sandero já não está no mesmo nível da encontrada em seus concorrentes mais modernos – nesse caso, entenda-se como concorrentes os hatches compactos em geral, já que nenhum deles conta com uma versão esportiva de fato. Um exemplo é a ausência de ajuste de profundidade do volante, bem como a posição da central multimídia Media Evolution de sete polegadas. Por falar nela, a própria central deixa um pouco a desejar, sendo bastante lenta ao utilizar.
Acontece que o RS faz com que você esqueça qualquer um desses detalhes ao volante. É possível afirmar categoricamente que este é um dos carros mais divertidos que já passou pela nossa garagem. Dirigir o esportivo é empolgante a todo instante, com o motor 2.0 de 150 cv entregando um ronco grave e agradável enquanto sobe de giros. A transmissão manual de seis marchas é outro ponto positivo do carro, com seus engates precisos e boa empunhadura. O pedal de embreagem macio ajuda a manter a direção agradável mesmo em condições de tráfego intenso.
E a convivência?
Bem, é um carro esportivo. E com rodas de 17 polegadas calçadas com pneus de perfil baixo. Por isso, é natural que a gente torça o nariz e espere muito desconforto a bordo. Acontece que o RS surpreende até nesse sentido. Ele não é um carro que só pode ser usado em pistas. Ao contrário, é perfeitamente possível andar com ele pelas cidades. A suspensão é firme, mas não a ponto de arrancar as obturações dos dentes. Ajuda o fato do banco concha abraçar bem o corpo e entregar um bom nível de conforto, além de segurar bem quando você entra rápido em uma curva.
Internamente, o espaço é razoável para quatro adultos, como em qualquer Sandero. E o espaço para as malas é um dos maiores da categoria, como já dito anteriormente. Dessa forma, o Renault Sandero RS pode ser sim o único carro da família, desde que ela não seja muito grande e todos consigam conviver com o apelo esportivo do carro, e também arcar com o consumo de combustível – que fica na casa dos 7 km/l com etanol na cidade andando com tranquilidade e na casa dos 6 km/l quando o pé direito desperta a força que há sob o capô.
Vale a compra?
Se você é um entusiasta e gosta de hatches apimentados, o Sandero RS é praticamente uma compra obrigatória. Não há nenhum outro carro que entregue um pacote utilizável tanto nas pistas quanto nas ruas como ele. Nem mesmo o VW Polo GTS, até porque o modelo da Volkswagen é bem mais caro. O RS segue sendo oferecido por R$ 87.690 no site da montadora, mas pode ser que haja um reajuste em breve. Ou, na pior das hipóteses, pode haver o fim do modelo, já que a versão de nicho não é a mais vendida do hatch e tem como alvo um público bem específico.
Por isso, caso goste do carro e tenha o dinheiro, aproveite para comprá-lo já. A diversão ao volante estará garantida por um bom tempo. E pode ficar tranquilo que o uso na cidade é plenamente possível, mesmo com alguns solavancos a mais.
Ficha técnica
Renault Sandero RS
Motor: 2.0 16v aspirado dianteiro transversal
Potência máxima: 150 cv (etanol) / 145 cv (gasolina) a 5.750 rpm
Potência específica: 75,1 cv/litro
Torque máximo: 20,9 kgfm (etanol) / 20,2 kgfm (gasolina) a 4 mil rpm
Tração: dianteira
Transmissão: manual de seis marchas
Suspensão dianteira: McPherson
Suspensão traseira: eixo de torção
Freios: disco nas quatro rodas (ventilados na dianteira e sólidos na traseira)
Direção: eletro-hidráulica
Dimensões: 4,07 m x 1,73 m x 1,49 m (comprimento x largura x altura)
Distância entre-eixos: 2,59 m
Porta-malas: 320 litros
Tanque de combustível: 50 litros
Consumo urbano: 11,5 km/l (g) / 7,4 km/l (e)
Consumo rodoviário: 12 km/l (g) / 8,3 km/l (e)
Peso: 1.181 kg
Velocidade máxima: 202 km/h
Aceleração 0-100 km/h: 8 segundos
Preço sugerido: R$87.690 (em 4/5/2021 – segundo o site da marca)