A história do Clio no Brasil se confunde com a de muitos modelos vendidos por aqui. Começou nos anos 90 como um compacto moderno que tinha um pacote interessante de equipamentos. Só que as décadas passaram, novos rivais chegaram e o Clio virou carro de entrada da Renault, posto que ocupou até o fim de sua vida por aqui, em 2016.

Se a Renault decidisse reviver o Clio no país, seriam grandes as chances dele ser bem parecido com o Zoe. Afinal de contas, o elétrico reúne duas qualidades muito apreciadas no segmento de compactos premium: é bonito e moderno.

De volta ao mundo real, o Zoe acaba de ganhar uma nova geração. Recebeu melhorias significativas em quase tudo – só que ficou mais caro também.

Tudo novo

UOL Carros fez um test-drive com a versão Intense, cujo preço inicial é de R$ 219.990 – existe ainda a Zen, que custa R$ 204.990. Mesmo com o valor salgado, o Zoe é o segundo carro elétrico mais barato do país. Só perde para o JAC iEV20, vendido por R$ 159.900.

As mudanças começam no design. Faróis (que têm iluminação full LED) e lanternas agora são de LED e ganharam novos refletores. Na frente, a grade dianteira foi reestilizada, assim como o para-choque, que ganhou contornos mais elegantes e envolventes.

Atrás, as lanternas preservaram o formato de losango e exibem um visual bem mais futurista. No geral, as linhas limpas e modernas do Zoe continuam agradando mesmo depois de certo tempo no mercado brasileiro.

A cabine apresenta um salto de evolução no estilo. Antes insossa e até antiquada, ela traz sofisticação ao vir com materiais de bom gosto. Apesar do excesso de plástico, sobretudo nas portas, o habitáculo exibe uma bonita faixa de tecido cinza que percorre toda a extensão do painel.

No console central, a tela da central multimídia Easy Link é do tipo flutuante e ocupa posição de destaque. Logo abaixo, as molduras dos comandos de ar-condicionado imitam alumínio, como nos carros esportivos de luxo.

Fôlego de esportivo

Renault Zoe E-Tech 2022 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Vamos falar do que interessa: o desempenho evoluiu consideravelmente no novo Zoe. Agora o motor elétrico entrega 135 cv e 25 kgfm de torque instantâneo. Antes, eram 110 cv e 22,9 kgfm, respectivamente.

O Zoe E-Tech tem uma condução extremamente suave. Assim como em outros carros elétricos, quem está dentro não escuta nenhum som de motor. É possível ouvir o barulho dos pneus em contato com o solo e até o funcionamento de alguns sistemas, normalmente abafados pelo ronco do motor.

Do lado de fora, o Zoe emite um discreto som parecido com o de uma nave espacial. Trata-se de um recurso de segurança para alertar pedestres sobre a presença do veículo, uma vez que não há som de motor para indicar sua passagem.

Aposto, inclusive, que foi essa ausência de ruído que quase “causou” um acidente durante nossa avaliação. Um Honda HR-V, que estava com as janelas abertas, saiu de uma vaga repentinamente na frente do Zoe. Se não fosse a buzina, era batida na certa.

A autonomia também melhorou. Com a bateria de 52 kWh, o hatch pode rodar até 385 quilômetros com uma única carga, um aumento significativo frente aos 300 quilômetros informados no modelo anterior.

Bom lembrar que o carro possui dois recursos que poupam a carga das baterias: o modo Eco e o sistema de frenagem regenerativa, que aproveita a energia cinética das desacelerações.

Segundo a fabricante, uma carga de meia hora em uma estação rápida já é suficiente para garantir 167 quilômetros de autonomia.

Existe, porém, um pequeno detalhe: o Zoe é trazido para o Brasil sem carregador. Assim, o dono precisará adquirir um para não depender dos cabos oferecidos nas estações de recarga espalhadas pelo país. Se serve de consolo, a Renault diz ter fechado parcerias com duas empresas do setor de energia para oferecer condições especiais aos clientes.

Bem equipado

A lista de equipamentos da versão Intense inclui itens como 6 airbags, controles de estabilidade e de tração, ar-condicionado digital, sensor de pontos cegos, assistente de partida em rampas, freio de estacionamento elétrico e piloto automático.

A direção é extremamente leve, bem diferente da calibragem dos modelos nacionais da Renault. Já a suspensão possui uma calibragem bem firme, que castiga um pouco os passageiros em pisos irregulares.

Curiosamente, a posição de dirigir é bem alta, como em uma minivan. Pode não ser tão confortável para o motorista, mas a visibilidade (ajudada pela ampla área envidraçada) é muito boa.

Apesar de ter dimensões praticamente idênticas às do espaçoso Sandero, o Zoe é acanhado por dentro. No banco de trás a situação é pior, já que não sobra muito espaço para as pernas de pessoas mais altas. Pelo menos o porta-malas é maior do que no seu irmão tupiniquim: são 388 litros contra 320 litros do Sandero.

Caso você não queira (ou não possa) comprar um Zoe, há a opção de adquiri-lo pelo Renault On Demand, o serviço de assinatura de veículos da marca francesa.

Se optar pelo plano de 36 meses com franquia de 1.000 quilômetros, a mensalidade será de R$ 3.890. Importante lembrar que o cliente se livra de arcar com as despesas inerentes à posse de um veículo, como seguro, IPVA e licenciamento, apenas para citar alguns gastos.



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