O novo Renault Zoe é um carro que surpreende positivamente. A nova geração ganhou motores mais potentes e a Renault optou por trazer ao Brasil o de 99 kW ou 135 cv. Na França está disponível também o Zoe de 80 kW ou 109 cv. Antes, o Renault Zoe vendido no Brasil tinha apenas 67 kW ou 92 cv de potência. Isso foi possível porque a nova bateria do Zoe agora tem 52 kWh de capacidade, contra 41 kWh da geração anterior.
O resultado da troca de motor e bateria foi um carro melhor em todos os aspectos. Com 32 kW a mais no motor, o Renault Zoe agora mostra um incrível dinamismo nas acelerações – capaz de jogar o corpo do motorista e do passageiro para trás. Ele vai de 0 a 100 km/h em bons 9,5 segundos (antes levava longos 13,2 segundos). O mesmo dinamismo percebe-se nas retomadas de velocidade, pois o torque subiu de 158 para 245 Nm. Na retomada de 80 a 120 km/h, a melhora de tempo foi de 2 segundos.
Mas o melhor de tudo é que – ao contrário do que verificamos no Mini Cooper elétrico – o Renault Zoe não prejudicou o alcance por focar na potência. Com os 11 kWh extras na bateria, o Zoe é capaz de rodar 385 km (antes seu alcance era de 300 km). Bem, isso na teoria, porque na prática o alcance é menor (como em todos os carros elétricos). Depende, claro, da forma como o motorista dirige.
Além disso, o Zoe roda 385 km com rodas de 15” no sistema WLTP, que tem ciclo padronizado de 57% em trajetos urbanos, 15% em trajetos suburbanos e 18% em trajetos rodoviários. Como o Zoe entrega uma potência interessante, considerando o porte do carro, pelo menos nas primeiras experiências é normal querer sentir o desempenho. Motor novo (R135 elétrico) e mais potente sempre atrai vários motoristas.
Para dar uma ideia da evolução do Renault Zoe, quando ele chegou ao Brasil, em 2013, sua bateria tinha apenas 22 kWh de capacidade e o alcance era de 150 km. Rodamos no Zoe Intense, topo de linha (229.990), que vem com um carregador DC de 50 kW. A versão Zen (R$ 204.990) é vendida com um carregador AC de 22 kW. Com o DC de 50 kW é possível dar uma carga de 30 minutos no carro e rodar mais de 150 km.
Apesar de ser uma nova geração, o Renault Zoe traz algumas soluções que estão sendo abandonadas pelos novos carros totalmente elétricos. O quadro de instrumentos afundado no painel, por exemplo, é um detalhe. Se, por um lado, não passa aquela sensação de objeto revolucionário, o Zoe passa a ideia de ser um carro bom, comum e amigável – porém com zero emissão de carbono. A plataforma é a C1A, na qual a Renault investiu uma fábula: 280 milhões de euros (algo como R$ 1,75 bilhão). O carro vem importado de Flins, na França.
O Renault não chama muita atenção nas ruas. É bem discreto. Visualmente, ele traz novas rodas de liga leve de 16”. As rodas da versão Intense têm acabamento polido. Elas são lindas, lembram uma flor desabrochada. Os novos faróis são de led e melhoraram a visão noturna em 75%, segundo a Renault. As lanternas traseiras também são de led e formam um desenho bonito.
O interior é prático e agradável, com boa posição de dirigir e conforto adequado ao porte do carro (4 metros). Os instrumentos são intuitivos, não vai assustar um usuário de carro comum, de forma que o Zoe é uma boa compra para quem deseja entrar no mundo dos carros 100% elétricos. Porém, atenção que o porta-malas ficou menor: sua capacidade caiu de 388 para 338 litros. Mas, considerando a vocação urbana do Renault Zoe, não chega a ser uma perda grave. Para dar uma ideia, o Fiat 500e tem apenas 185 litros no porta-malas.
Ao contrário da Fiat, que apostou no culto à história do modelo 500, ou da Mini, que optou por uma versão bem rápida do Cooper S E, a Renault não faz apelos emocionais para a venda do Zoe E-Tech. Pelo contrário: a marca francesa foca mesmo na praticidade e na atitude ecológica dos compradores. O Renault Zoe tem um mercado já razoável no país, com mais de 200 unidades vendidas.
É um carro bom de conduzir na cidade e na estrada. O volante de direção multifuncional tem uma pegada boa. A multimídia tem um display central de 7” e o painel de instrumentos (embora afundado no painel) tem uma tela de 10”. O carro é facílimo de estacionar, mas vem com câmera de ré, assistente de farol alto e alerta de ponto cego, o que é útil no trânsito.
Fato é que a Renault realmente melhorou a vida a bordo do Zoe. Os bancos acomodam bem. A nova geração também traz o sistema de condução B Mode, que permite acelerar e frear utilizando apenas o pedal do acelerador. O freio de estacionamento é elétrico, ocupando mínimo espaço no console central, e tem função Auto Hold — o carro só anda se o motorista pisar no acelerador.
ITEM | CONCEITO | NOTA |
MOTOR | Muito Bom | 7 |
CÂMBIO | Ótimo | 10 |
SUSPENSÃO | Muito bom | 7 |
FREIOS | Ótimo | 9 |
DIREÇÃO | Muito bom | 8 |
EQUIPAMENTOS | Muito bom | 7 |
ERGONOMIA | Muito Bom | 7 |
PORTA-MALAS | Bom | 6 |
ACABAMENTO | Bom | 6 |
DESIGN | Bom | 6 |
VEREDICTO | Muito bom | 7,3 |
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Renault Zoe E-Tech
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro
Os números
- Preço: R$ 229.990
- Motor: 1 elétrico de 99 kW
- Potência: 135 cv a 1 rpm
- Torque: 245 Nm a 1 rpm
- Câmbio: 1 marcha AT
- Comprimento: 4,087 m
- Largura: 1,787 m
- Altura: 1,562 m
- Entre-eixos: 2,588 m
- Vão livre: 120 mm
- Peso: 1.502 kg
- Pneus: 195/55 R16
- Porta-malas: 338 litros
- Carga útil: 486 kg
- Bateria: 52 kWh
- 0-100 km/h: 9s5
- Velocidade máxima: 140 km/h
- Alcance: 385 km
- Consumo elétrico: 14 kWh/100 km
- Emissão de CO2: 0 g/km