Neste ano, o mercado automotivo brasileiro foi marcado por importantes lançamentos, como o T-Cross, primeiro SUV compacto da Volkswagen, e as novas gerações dos bem-sucedidos Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Toyota Corolla.
Mas 2019 também será lembrado como o ano derradeiro tanto para carros que mal eram lembrados pelo público quanto para modelos consagrados. Confira abaixo:
Modelos que saíram de linha
1- Volkswagen SpaceFox
A perua derivada do compacto Fox deixou de ser produzida na Argentina no começo do ano, mas só saiu de linha definitivamente em outubro, quando as últimas unidades restantes nos estoques das concessionárias foram vendidas.
Desde setembro do ano passado, a SpaceFox era oferecida apenas na versão Trendline com motor 1.6 de até 104 cv e câmbio manual de cinco marchas por R$ 66.190. O preço chegava a R$ 66.985 com o acréscimo da caixa automatizada I-Motion.
De acordo com a Fenabrave, associação das concessionárias, o modelo emplacou apenas 1.745 unidades em 2019.
O melhor resultado foi em janeiro, quando vendeu 365 exemplares, mas despencou para apenas três carros em setembro, indicando o fim dos estoques. Em outubro, a perua teve nove emplacamentos.
2- Ford Fiesta
O hatch até que foi bem-sucedido durante os 24 anos em que foi comercializado no Brasil, mas não resistiu às fracas vendas provocadas pelo sucesso do Ka, o mal posicionamento de preços e a chegada de concorrentes mais modernos, como o novo Volkswagen Polo.
Além disso, relatos de defeitos na transmissão automatizada Powershift pesaram contra a reputação da última geração vendida por aqui, contribuindo para o fim do Fiesta no país.
Nem mesmo o bom nível de equipamentos das versões mais caras e a dinâmica elogiável foram suficientes para adiar o fim da produção do modelo em São Bernardo do Campo (SP).
Para acabar de vez com qualquer especulação sobre a continuidade do modelo em nosso mercado, a fábrica da Ford no Grande ABC foi desativada após 52 anos de atividades.
3- Ford Focus
Após quase 20 anos e três gerações, o Focus deixou de ser vendido no Brasil. O hatch médio saiu de cena sem alarde com o fim de sua produção na Argentina, enquanto a versão sedã ainda agonizou por um tempo no site da Ford até o fim dos estoques nas concessionárias.
Além das vendas em baixa – bastante afetadas pelo avanço dos SUVs compactos – o Focus também foi vítima da nova estratégia global da Ford, que privilegia utilitários esportivos, picapes e modelos eletrificados.
4- Hyundai Tucson
O veterano Tucson desembarcou no Brasil há 15 anos, foi nacionalizado pelo Grupo Caoa em 2009 e ajudou a popularizar os SUVs no Brasil na última década.
Um lote com as últimas 500 unidades saiu da fábrica de Anápolis (GO) no fim de 2018 para atender encomendas no começo deste ano.
E, desde que chegou ao Brasil, o Tucson mudou pouco: versão nacional recebeu faróis com piscas na cor âmbar, novas rodas de liga leve e central multimídia com câmera de ré. O motor 2.0 passou a ser flex em 2012.
5- VW Golf Variant
Sempre citada pelos entusiastas, a perua combina a excelente dinâmica do Golf a um porta-malas muito mais generoso (são 605 litros, ante os 338 l do hatch), bom nível de equipamentos e o eficiente motor 1.4 turbo de 150 cv.
No entanto, esses atributos não foram suficientes para convencer um número maior de consumidores a desembolsar mais de R$ 100 mil por um carro cuja categoria perdeu apelo e saiu de moda por aqui há muito tempo.
A Golf Variant deixou de ser importada do México para abrir espaço ao SUV compacto T-Cross, modelo de produção nacional e maior valor agregado que surfa na onda do segmento mais disputado nos últimos anos.
6- Caoa Chery QQ
O subcompacto saiu de linha em agosto para liberar espaço na fábrica da Caoa Chery em Jacareí, no interior de São Paulo. No local, a marca vai privilegiar a produção do crossover Tiggo 2 e do sedã Arrizo 5, modelos de segmentos que a empresa considera mais promissores.
Com o fim da produção do QQ, a Caoa Chery deixa de comercializar o carro zero quilômetro mais barato do Brasil.
O modelo era vendido a partir de R$ 28.740, quase R$ 5 mil menos que os R$ 33.490 pedidos pelo Fiat Mobi Easy, que assume o posto deixado pelo chinês.
7- Audi Q3 nacional
A primeira geração do Q3 deixou de ser produzida em São José dos Pinhais (PR) no final de 2018, mas ainda é possível encontrar algumas unidades do SUV em estoques de concessionárias.
A nova geração foi lançada recentemente no Brasil, com chances de ser feita na fábrica paranaense a partir de 2021, segundo a marca das quatro argolas.
Vale lembrar que o modelo atualizado foi o último da marca a adotar a plataforma modular MQB, estrutura que o Grupo Volkswagen já produz no Paraná desde a nacionalização do Golf.
8 e 9- Citroën C4 Picasso e Grand C4 Picasso
As modernas minivans também não tiveram sorte por aqui. Apesar do bom nível de conforto e equipamentos, elas não resistiram aos SUVs.
Ambas eram equipadas pelo motor 1.6 THP a gasolina de 165 cv e câmbio automático de seis marchas. A Grand C4 Picasso ainda era capaz de levar sete ocupantes.
10- Mercedes-Benz Vito
O Vito foi lançado há três anos com qualidades tanto nas versões de carga, com motor turbodiesel de 114 cv, quanto na configuração de passageiros, equipada com o 2.0 flex de 184 cv compartilhado com o sedã Classe C.
No entanto, isso não foi suficiente para evitar as vendas fracas e, consequentemente, o fim da produção na Argentina menos de quatro anos após o lançamento.
Morreu, mas ninguém percebeu
Kia Picanto
O Kia Picanto fez relativo sucesso pelo visual carismático e boa lista de equipamentos por preços relativamente acessíveis, mas foi prejudicado pelo avanço de concorrentes mais competitivos e, principalmente, pelas cotas de importação do programa Inovar-Auto de 2012.
A marca até trouxe da Coreia do Sul, em 2018, um lote de 100 unidades da nova geração, mas o carrinho chegou custando quase R$ 60 mil com motor 1.0 de 80 cv e câmbio automático de quatro velocidades.
Peugeot 308 e 408
A dupla de médios nunca vendeu bem por aqui, mas ofereciam um custo-benefício interessante junto com a competente motorização 1.6 THP de 173 cv e câmbio automático de seis marchas.
Com menos de mil unidades comercializadas no Brasil em 2018, hatch e sedã deixaram de ser fabricados na fábrica argentina de El Palomar, onde o Grupo PSA investirá na produção da nova geração do compacto 208.
BMW Série 2 Activ Tourer
Outro modelo que deixa de existir por causa dos SUVs. A própria BMW diz que não investirá em outra geração da minivan, que nem figura mais no site da marca no Brasil.
A Série 2 Active Tourer era equipada com um interessante conjunto motriz formado pelo motor 2.0 turbo de 230 cv de potência e câmbio automático de oito velocidades. Entretanto, contrariava a tradição da BMW ao usar tração dianteira em vez da traseira.
Morreu uma parte de mim
Ford Ranger Flex
A picape chegou à linha 2020 reestilizada e com novos equipamentos, mas priorizando as motorizações turbodiesel. Segundo a Ford, as versões equipadas com o motor 2.5 flex de 173 cv de potência saíram de linha devido a baixa demanda.
Além disso, a Ranger flex era vendida apenas com câmbio manual e tração traseira, diferentemente das concorrentes Chevrolet S10 e Toyota Hilux, que podem receber transmissão automática e tração 4×4.
Chevrolet Trailblazer V6
Outro modelo que sai de linha discretamente por conta das baixas vendas é o Chevrolet Trailblazer Premier V6 a gasolina. Segundo a GM, o SUV passa a ser ofertado apenas com a motorização 2.8 turbodiesel de 200 cv, que representa quase a totalidade das vendas.
O Trailblazer V6 era equipado com o motor de 277 cv de potência, compartilhado com versões de entrada do Camaro e outros SUVs nos Estados Unidos.
Peugeot 208 GT
Outro modelo tirado de linha por vender muito pouco, o 208 GT emplacou menos de 20 unidades no ano todo.
O hatch esportivo, equipado com o motor 1.6 THP de até 173 cv de potência e câmbio manual de seis marchas, era vendido por R$ 87.990.
BMW Série 3 GT
O controverso Série 3 GT é mais um modelo da marca alemã que não terá nova geração – e que talvez nem deveria ter existido. O novo Série 4 Gran Coupé ocupará o seu lugar na gama da BMW como opção a quem deseja um sedã com visual de cupê.
Respira por aparelhos
Volkswagen Golf
O Golf deixou de ser fabricado no Brasil após 20 anos. O hatch começou a ser feito em São José dos Pinhais (PR) ainda na quarta geração, que perdurou até 2014 enquanto a Volkswagen o atualizava periodicamente na Europa.
Defasado perante a concorrência, o hatch deu um salto de modernidade ao lançar a sétima geração no mercado brasileiro praticamente na mesma época da estreia na Europa, há cinco anos.
Totalmente renovado, o Golf abalou o mercado ao desembarcar da Alemanha com uma qualidade de construção digna de carros premium, repleto de tecnologia e trazendo sob o capô o eficiente motor 1.4 TSI de 140 cv acoplado à caixa automatizada de dupla embreagem DSG. A desejada versão esportiva GTI trazia o 2.0 TSI de 220 cv.
Após o lançamento, o Golf passou a ser importado do México, já empobrecido de equipamentos ao perder freio de estacionamento eletrônico, Auto Hold e assistente de luz dinâmico. Além disso, o acabamento interno era menos refinado.
Em 2016, o Golf passou a ser feito no Paraná com o motor 1.4 TSI atualizado para funcionar com etanol (10 cv mais potente), porém, ainda mais “depenado” que o mexicano.
O hatch nacional trocava o câmbio DSG pelo Tiptronic automático com conversor de torque, enquanto a suspensão traseira multilink dava lugar ao sistema de eixo de torção, mais simples.
Mesmo assim, o Golf continuava um carro com bom nível de construção, bem equipado e muito bom de guiar.
Ele ainda ganharia versões equipadas com o motor 1.6 16V de 120 cv, fraco para o seu porte, e estrearia o 1.0 TSI de 128 cv (este apenas com câmbio manual de seis marchas).
O Golf, como os demais hatches médios, sucumbiu às vendas em baixa, provocadas pelos altos preços e o avanço dos SUVs.
A Volkswagen até tentou dar um fôlego ao modelo, em 2018, lançando um facelift com novos equipamentos e a oferta de transmissão automática para o motor 1.0 TSI.
O canto do cisne foi neste ano, quando a produção em São José dos Pinhais (PR) foi encerrada para abrir espaço ao SUV T-Cross.
Apesar de ter tirado o Golf nacional de linha, a marca deu iniciou a sua estratégia de veículos eletrificados no Brasil trazendo da Alemanha 100 unidades do híbrido plug-in Golf GTE.
Com preço sugerido de R$ 199.990, o modelo eletrificado será vendido apenas em três concessionárias de Curitiba (PR), Brasília (DF) e São Paulo.
O GTE combina o motor 1.4 TSI a gasolina de 150 cv de potência e 25,5 mkgf de torque a um propulsor elétrico de 102 cv e 33,6 mkgf. As baterias podem ser recarregadas tanto pelo motor a combustão quanto em tomadas.
A combinação resulta em 204 cv e 35,7 mkgf, suficientes para levar o Golf GTE aos 100 km/h em 7,6 segundos e atingir os 222 km/h de velocidade máxima.
A morte de um nome
Chevrolet Prisma
O antigo Chevrolet Prisma, na verdade, não saiu de linha. Com a chegada do novo Onix Plus, o sedã lançado em 2013 foi rebatizado como Joy Plus para ocupar o posto de modelo de entrada da marca junto com o velho Onix (agora chamado apenas de Joy).
Ele é oferecido apenas com o motor 1.0 de quatro cilindros de 80 cv e câmbio manual de seis marchas já utilizado anteriormente.
O pacote de equipamentos também é mais despojado: os botões de acionamento dos vidros foram deslocados das portas para o console central e a central multimídia, mais simples que o MyLink, é vendida como acessório.