Os postos de carregamento rápidos (PCR) e alguns postos de carregamento normal (PCN) em espaços privados eram já pagos desde 2018 e 2019, respetivamente. Agora é a vez dos postos de acesso público, até julho de 2020 geridos pela MOBI.E, e agora concessionados a operadores privados, indica a Deco Proteste.

Quem já era detentor do cartão da MOBI.E, a gestora da mobilidade elétrica, deverá obter um novo cartão junto de um dos Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica (CEME) para ter acesso a toda a rede pública de postos de carregamento. Na sua maioria, estão situados em espaços de acesso público, como parques de estacionamento, zonas de estacionamento na via pública, centros comerciais, hotéis, aeroportos ou áreas de serviço.

Após a contratação com um comercializador, é-lhe enviado um cartão para a morada indicada no registo. O cartão, independentemente do comercializador escolhido, dá acesso aos mais de 500 postos de abastecimento que compõem a rede pública, sendo os montantes debitados na conta que tiver associado no contrato.

6 comercializadores para carregar carro elétrico: qual o mais barato?

Existem atualmente seis comercializadores, a par de um exclusivo para detentores de veículos da marca BMW. Na pele de qualquer consumidor, analisámos as condições de cada um para lhe indicar o mais vantajoso. E não há dúvidas de que a comparação é um verdadeiro quebra-cabeças.

Antes de mais, cada comercializador apresenta o seu tarifário, o qual varia dependendo do tipo de carregamento escolhido (normal para postos de abastecimento até 22 kW, ou rápido, até 50 kW). Também existem oscilações se escolher a tarifa bi-horária (em que os carregamentos são mais baratos nas horas de vazio, à noite, entre as 22h00 e as 8h00, e ao domingo). O consumidor deve ainda somar a estes montantes o Imposto Especial sobre Consumo, a taxa de IVA, bem como a comissão da Mobi.E, que, por enquanto, é gratuita. Todos estes elementos compõem apenas parte do valor a pagar no final de cada carregamento.

Na verdade, é ainda necessário adicionar o custo de utilização do próprio Operador de Posto de Carregamento (OPC), que, mais uma vez, difere. Tendo em conta o número de variáveis, para lhe dar uma ideia do custo total do carregamento da bateria do seu carro, criámos um cenário e fizemos os cálculos.

Quanto custa carregar a bateria para percorrer 100 km?

Para descobrir quanto lhe será cobrado por cada um dos seis comercializadores, criámos um cenário: quanto custa carregar a bateria com 15 kWh (a energia necessária para percorrer cerca de 100 quilómetros), com o tarifário fora do período de vazio (das 8H00 às 22h00, de segunda a sábado), num posto de carregamento normal de 22 kW (PCN) e num de 50 kW, que corresponde a um posto de carregamento rápido (PCR).

Custo total para um carregamento normal (PCN), com uma tomada de 22 kW (45 minutos)

gráfico preço para carregar carro elétrico

Custo total para um carregamento rápido (PCR), com uma tomada de 50 kW (20 minutos)

gráfico preço para carregar carro elétrico

A Prio.E, como pode verificar nos gráficos, é a empresa com os tarifários mais vantajosos tanto para carregamentos normais como rápidos. Nalguns casos (por exemplo, EDP, Galp, Charge2Go), o utilizador poderá usufruir de determinados descontos ou condições vantajosas, se já for cliente para a energia doméstica ou se contratar um tarifário que inclua a mobilidade para sua casa.

Os valores indicados nos gráficos refletem o montante total que lhe será cobrado após abastecer a bateria:

  • inclui o montante devido ao comercializador (CEME) pelo tarifário contratado;
  • o custo de utilização do próprio Operador de Posto de Carregamento (OPC). Este valor varia entre postos, pelo que considerámos o valor mais comum para um abastecimento de 15 kWh: 1,66 euros para um carregamento normal de 22 kW e 2,46 euros para um carregamento rápido num ponto de carregamento de 50 kW;
  • os valores incluem todas as taxas, impostos e tarifas de acesso aplicáveis.

Cuidado com a escolha do posto de carregamento

O custo de utilização dos postos de carregamento poderá incluir uma taxa fixa de ativação do serviço (até 50 cêntimos), ao qual acresce um custo por minuto de utilização ou por kWh carregado: o mais comum é não ser cobrada a taxa de utilização e os postos optarem por cobrar por minuto de utilização. O montante varia entre 2 e 10 cêntimos, conforme a potência do carregador escolhido. Mais uma vez, acresce IVA a estes valores.

Para ter uma ideia mais precisa sobre os montantes cobrados pelos operadores de carregamento (OPC) em função do tipo de carregamento escolhido, consulte a tabela em baixo. Na página online da MOBI.E, pode igualmente consultar os tarifários de todos os postos que compõem a rede (no link indicado, clique em “Aqui”).

Como pode verificar nesta tabela, é vantajoso optar pelos postos de carregamento de 22 kW. Caso tenha uma tomada própria para carregar o carro na garagem, é sempre a melhor opção, sobretudo, se tiver tarifa bi-horária, já que poupa pelo menos o montante cobrado pela utilização da “estação de serviço”. A diferença entre o preço mínimo e máximo a pagar pode variar mais de 3 euros num carregamento, consoante o posto escolhido. Vale pena investigar os preços praticados pelos postos antes de abastecer a bateria do seu carro!

Como pedir o seu cartão?

Na página online da MOBI.E, encontra a lista dos 6 Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Eléctrica (CEME). Clique no link da empresa do seu interesse e solicite a adesão ao serviço, no menu principal.

Assim que terminar o registo, depois de preenchidos os campos obrigatórios, é enviado um cartão para a morada indicada. Até ao momento, os cartões são gratuitos. Dão acesso aos mais de 500 pontos de carregamento da rede. O valor a pagar por cada carregamento será debitado da conta cujo IBAN indicou aquando do registo.

Consumidores exigem

Os postos de carregamento públicos, geridos até julho pela MOBI.E, passaram a ser pagos e geridos por empresas privadas, devendo os utilizadores optar por um dos novos comercializadores para passar a carregar as baterias nestes postos. As variações entre tarifários e a forma como são apresentadas não facilitam a comparação de valores por parte do consumidor.

A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) deveria exigir uma ficha de informação normalizada, previamente à contratação, tal como acontecesse atualmente com os fornecedores de energia doméstica. Esta ficha poderia indicar os custos para vários cenários de utilização, para que o consumidor pudesse comparar as propostas antes de decidir.

Atualmente, cada comercializador indica um rol de condições e tarifários, obrigando o consumidor a fazer muitas contas e cálculos para descobrir quanto lhe sairá do bolso na hora de carregar a bateria. Há ainda os custos cobrados por cada posto de carregamento.

A MOBI.E disponibiliza os custos para os postos situados em espaços privados, mas, na data de publicação deste artigo, os valores apresentados eram de maio de 2020. É necessário que esta informação seja atualizada e disponibilizada aos consumidores, pois existem assimetrias acentuadas entre postos de carregamento.

Tal como acontece nas gasolineiras, onde o consumidor sabe com antecedência quanto lhe será cobrado por litro de gasolina ou gasóleo, também no momento de abastecer um veiculo elétrico, o consumidor deveria ter uma melhor noção de todos os preços praticados nas diversas componentes e como se conjugam para o abastecimento.

Na prática, quando for carregar a bateria do seu carro, o consumidor quase que precisa de uma calculadora científica para descobrir, na hora, em quanto lhe ficará a conta. Todos os montantes são cobrados no cartão, mas, só na emissão da fatura, descobrirá efetivamente o custo de recarregar a bateria do seu carro.



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