Estado que se candidata a sediar uma futura fábrica latino-americana da icônica montadora de automóveis elétricos Tesla, Santa Catarina tem o segundo maior número de automóveis da marca no país. São 10 no Estado, de um total de aproximadamente 40 unidades no Brasil, informa o empresário brasileiro radicado em Miami Daniel Panizza Reis, sócio da DPR Trading, a maior exportadora da marca a partir dos EUA para o Brasil e outros países.O empresário, que responde por cerca de 90% dos carros Tesla vendidos no mercado brasileiro, diz que a maioria está concentrada em São Paulo, onde está o maior importador, a Paito Motors, no município de Araras.
Questionado sobre como está vendo o movimento para atrair a instalação de uma unidade da Tesla no Brasil – especialmente em Santa Catarina- tendo à frente o deputado federal Daniel Freitas e envolvendo o governo federal, Daniel Reis é cauteloso.
— Eu acho a ideia deles muito interessante, a vinda de uma comitiva é muito importante. Mas vai completamente contra o perfil da empresa. A Tesla, hoje, tem operações nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia. Vai começar a montar uma fábrica em Berlin. Tem uma área operando lá e vai expandir, e acabou de instalar uma gigafactory na China — afirma Reis.
Ele chama a atenção também sobre a forma como a montadora, liderada por Elon Musk, trabalha.
— A Tesla vai ao país, inicia uma operação comercial para, depois, de acordo com o volume de vendas, a aceitação do mercado, começar os planos de abrir uma fábrica. Foi isso que eu vi até agora. Além disso, ela é dona de todas as concessionárias, não dá representação para ninguém. O dia que ela decidir ir ao Brasil, ela vai de Tesla — explica Reis.
Ele conta que, nos últimos dias, tem recebido uma notícia nova a cada cinco minutos do Brasil, sobre a eventual instalação da fábrica. Assessores de governos de outros Estados informam sobre o interesse de também entrar na briga pela unidade. Mas não há nenhuma publicação oficial ou não oficial da Tesla em relação a isso. Reis disse também que há três semanas conversou com o gerente regional de vendas da empresa para o Sudeste dos EUA. Esse executivo disse que a Tesla está satisfeita com as vendas no exterior, mas, no momento, não tem interesse em atuar no Brasil com uma fábrica.
Perfil dos clientes
A grande maioria dos proprietários de Tesla no Brasil é de alta renda – empresário ou profissional liberal – e gosta de se surpreender com tecnologia avançada. Afinal, o carro é totalmente automatizado e até pode andar sozinho. Uma boa parte também está preocupada na preservação ambiental, observa Daniel Reis. A aquisição tem que ser à vista e o modelo mais barato, o Model 3, custa no país cerca de R$ 300 mil, o que não é pouco mesmo para a classe A brasileira. A companhia lançou primeiro o Modelo S, depois a SUV Tesla X , na sequência o Modelo 3 , em breve, vai começar a exportar também o modelo Y, que acaba de ser lançado nos Estados Unidos.
Por ser carro elétrico, o imposto de importação é zero e o IPI é reduzido porque é com base na eficiência energética. PIS e Cofins são iguais aos carros convencionais a combustão (gasolina ou diesel) e o ICMS varia de acordo com o Estado. Além disso, existem as taxas de importação, Denatran e armazenagem. Então, o valor de US$ 40 mil do veículo nos EUA fica em R$ 180 mil no Brasil (pela conversão cambial) e há mais R$ 120 mil de custos de impostos e taxas. A Tesla fabrica três modelos. Os demais podem custar mais de R$ 1 milhão aqui.
Como não existe concessionária ou venda de peças no Brasil, os proprietários de Tesla criaram um grupo no Whatsapp, pelo qual trocam informações sobre os carros ou se auxiliam para resolver eventuais problemas. Os proprietários catarinenses também estão satisfeitos com a rede de eletropostos já instalada em SC e no Paraná. O carro faz 500 quilômetros com uma carga.
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