Sem carro elétrico, Brasil perde força no cenário mundial

O Brasil está perdendo força no cenário mundial sem uma definição para seu futuro. Com cada vez mais países se posicionando sobre o que desejam como carro do futuro, aqui a visão a longo prazo se perde em incertezas.

Oitavo produtor mundial de veículos e sexto maior mercado do mundo, o Brasil é um gigante adormecido com 38 complexos industriais de 23 fabricantes, sendo que alguns deles têm mais de uma fábrica por planta.

Com 5 milhões de veículos ao ano de capacidade, o Brasil não deve fazer mais que 2 milhões em 2020, por conta da pandemia.

Antes disso, a previsão era de 3 milhões, o melhor resultado desde 2013, quando 3,7 milhões foram feitos e o país atrai a atenção das montadoras estrangeiras.

Sem carro elétrico, Brasil perde força no cenário mundial

Hoje, o país vive ociosidade extrema, elevado custo de produção, aumentos de preços atrelados ao dólar e exportações longe do desejável, ainda mais por conta da crise argentina.

Para piorar, o Brasil não definiu qual será seu papel no futuro do automóvel. Ainda não se sabe se será de híbridos, elétricos, hidrogênio ou simplesmente o etanol será a salvação da lavoura a longo prazo.

Essa incerteza, reforçada por falta de apoio do governo ao setor e uma política fiscal que recentemente retomou a guerra fiscal entre estados, mina o caminho do Brasil para manter-se como um dos principais players mundiais.

Na opinião de especialistas como Jaime Ardila, ex-presidente da GM South America e hoje consultor internacional, não seria surpresa ver um fabricante anunciar o fim da produção nacional.

No cenário nacional já vimos marcas irem embora, fabrica nova com as portas fechadas, planta antiga desativada, bem como anúncio aviso de fim de linha devido a dívidas do governo.

Sem carro elétrico, Brasil perde força no cenário mundial

Preparadas para um boom que nunca ocorreu, as montadoras hoje não têm para onde correr. Em tempos de crise, o setor sempre conseguia reverter a situação e crescer, mas dessa vez o problema maior não é a pandemia.

EUA, Europa e China definiram que o carro elétrico será o futuro, mesmo que sob óticas diferentes. O império do V8 agora abraça a eletricidade com vigor de uma ação bélica e até as ultraconservadoras picapes não escapam disso.

A Europa despeja bilhões de euros em incentivos que fazem o carro elétrico liderar mercado e chegar mesmo sair quase de graça para o consumidor.

Na China, Pequim puxou a mão nos incentivos, limitados a 300.000 yuans, mas os players com expectativa de dominar o mercado, vendem acima disso.

Sem carro elétrico, Brasil perde força no cenário mundial

O país definiu o carro elétrico como futuro, mas o hidrogênio para os comerciais, como a Europa começa a pensar. Na Índia, 2030 é o ano da virada para o elétrico, mas o país joga duplamente, mantendo o crescimento constante desde 2005 com carros sub-4m e iniciando a eletrificação gradual. Já o Japão definiu o hidrogênio como futuro.

Para estas regiões, os fabricantes direcionam seus investimentos principais, afinal, eles querem crescer onde existe potencial. Aqui, embora o Brasil seja um mercado enorme e atrativo, não existe uma política definida para o futuro.

Diante disso, as matrizes não têm outra opção a não ser deixar o Brasil em segundo plano no novo cenário mundial, onde o carro do futuro tem o que o país produz sem precisar efetivamente de carvão, gás natural ou radioisótopos.

[Fonte: Valor]

 

 

 

 

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