A Stellantis está estudando eventual produção e venda no Brasil de um veículo híbrido, movido a eletricidade e etanol, até 2025 e planeja o lançamento para este ano de uma nova marca do grupo no país, afirmou o presidente da companhia para América do Sul, Antonio Filosa, nesta sexta-feira (4).

O executivo afirmou que a empresa pretende lançar 16 novos modelos de veículos e mais sete elétricos e híbridos na região até 2025, para impulsionar as marcas francesas Peugeot e Citroen sem perder de vista a liderança de mercado obtida com Fiat e Jeep.

“Estamos trabalhando para isso…ainda não temos um cronograma definido para chegada ao mercado (do modelo híbrido a etanol no Brasil), mas poderia não ser tão longe assim. Lá para 2025, se tudo der certo, a gente poderia começar a propor esse tipo de tecnologia”, disse Filosa ao ser questionado sobre eventual lançamento em 2026.

“O etanol é muito relevante no Brasil e menos em outros países da América Latina, mas começa a ganhar relevância em outros países, como a Índia“, disse o executivo, frisando que o desenvolvimento do híbrido a etanol se daria primeiro focando o mercado brasileiro.

Filosa afirmou que a Stellantis prepara o lançamento de uma nova marca para a região —atualmente o grupo trabalha com sete marcas de veículos na América do Sul— mas ele não confirmou se seria a Alfa Romeo, de modelos de luxo.

“Vocês vão saber este ano ainda. Começa com “A”, mas não é Alfa Romeo”, brincou o executivo. No portfólio de marcas da Stellantis, a outra marca que tem a letra “A” como inicial é a italiana Abarth, de preparação de veículos para alto desempenho.

Segundo ele, em 2021, a Stellantis teve um lucro operacional (Ebitda) ajustado de 882 milhões de euros (R$ 4,9 bilhões) na América do Sul, após break even (ponto de equilíbrio) em 2020. A receita na região somou 10,7 bilhões de euros (R$ 59,3 bilhões) , de um total faturado no mundo de 152 bilhões (R$ 842 bilhões).

O grupo encerou fevereiro com uma participação de mercado no Brasil de 39,9%, equivalente a uma venda de 80.675 veículos e a um ganho de 5,4 pontos percentuais sobre 2021. O país não é o maior mercado para a Stellantis, mas é o local onde a empresa tem a maior fatia de mercado no mundo.

Filosa afirmou que se mantém “otimista” sobre o mercado brasileiro, esperando crescimento para 2022, mas preferiu não cravar um número, diante das incertezas envolvendo a crise de oferta de componentes para produção de veículos, eventuais novas ondas de Covid-19 e, mais recentemente, a guerra na Ucrânia.

Em dezembro, o executivo estimou que as vendas de veículos leves no país deveriam subir 10% este ano. A associação de montadoras, Anfavea, estimou em janeiro alta de cerca de 8%.

Por conta da guerra, que segundo Filosa tende a inflacionar os já elevados preços de commodities, e das incertezas sobre a cadeia de suprimentos, a redução de 25% no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) anunciada pelo governo federal na semana passada deve servir mais para segurar a alta dos preços dos veículos este ano.

Em janeiro, por exemplo, contratos de fornecimento de aço para o setor automotivo tiveram seus preços reajustados em 60% pelas siderúrgicas locais.

“A redução [do IPI] chegou num momento muito bom”, disse ele. “Vai ajudar a recuperar volumes de vendas nos médio a longo prazos…Mas no curto prazo, é mais provável que isso ajude a compensar o que seria um aumento maior dos preços (dos veículos)”, disse o executivo.

Questionado sobre se a redução do IPI poderia impulsionar as vendas, ele afirmou que atualmente “as vendas dependem da produção e a produção depende das cadeias de valor (de autopeças) que ainda não estão regulares”, disse Filosa. “Neste momento, não está faltando cliente.”

No primeiro bimestre, as vendas de veículos novos no Brasil despencaram 24,4% ante mesmo período de 2021, pressionadas por um tombo de 22,7% em fevereiro, segundo dados de associação de concessionários, Fenabrave.

Sobre o comportamento das vendas de veículos em outros mercados da América do Sul em 2022, Filosa afirmou que espera que a Argentina fique “mais ou menos estável” e que Chile e demais países deverão “crescer um pouco mais” que o Brasil.

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