O CEO da Stellantis, grupo formado da união da FCA (Fiat Chrysler Automobiles) com a PSA (Peugeot Citroën), Carlos Tavares, apresenta às 14h (hora de Brasília) desta terça-feira (1), os planos globais de longo prazo da empresa. Antes, porém, o executivo português recebeu um pequeno grupo de jornalistas brasileiros em Amsterdam, onde fica a sede administrativa da companhia, para uma rápida coletiva.
De acordo com Tavares, o Brasil é visto como o terceiro motor global do grupo, atrás dos Estados Unidos e da Europa. Estes dois mercados internacionais representam 90% dos negócios da empresa. Seja como for, Tavares lembra que as vendas de veículos, sobretudo na Europa, despencaram por causa da pandemia.
Nesse período, os emplacamentos caíram de cerca de 18 milhões para 15 milhões de unidades. Assim, a Stellantis vê a América Latina como uma importante operação global, tendo o Brasil como protagonista. “O Brasil é um exemplo de eficiência para os demais mercados onde a Stellantis atua”, afirma Tavares.
Em 17 de janeiro, o grupo informou uma receita líquida global em seu primeiro ano de operação de ? 152 bilhões. Por sua vez, o lucro operacional dobrou, para ? 18 bilhões, na comparação com a soma dos resultados das marcas antes da fusão global. Na América do Sul, o grupo liderou as vendas de veículos em 2021, com mais de 830 mil veículos emplacados. Ou seja, um crescimento total de 48%, de acordo com informações da fabricante.
O tamanho do Brasil
No Brasil, maior mercado de veículos da região, a Stellantis oferece modelos das marcas Citroën, Fiat, Jeep, Maserati, Peugeot e RAM. Aliás, a picape Fiat Strada, que é feita na fábrica de Betim (MG), foi o veículo leve mais emplacado do País em 2021. Já o Jeep Renegade, que tem produção em Goiana (PE), foi o mais SUV mais vendido.
Além das fábricas em Minas Gerais e Pernambuco, a empresa passou a ter também a fábrica da PSA Peugeot Citroën em Porto Real (RJ). A unidade fluminense, que por ora faz apenas o SUV Citroën Cactus, deve iniciar a produção do novo Citroën C3 ainda neste ano.
Tavares diz que a tecnologia de motores flexíveis, criada e desenvolvida no Brasil, é uma importante aliada para reduzir as emissões de CO2, graças à utilização do etanol. De acordo com ele, os carros eletrificados, sejam híbridos ou puramente elétricos, ainda são caros. “Na Europa, para neutralizar as emissões, um carro elétrico tem de rodar 85 mil km”. O executivo se refere a todo o processo produtivo, que inclui da extração de matérias-primas para produção, como metais e plásticos, à construção das baterias.
Segundo Tavares, por causa dos custos de produção, o mercado de carros elétricos ainda é restrito aos mais ricos. “Os modelos flexíveis, que têm preços equivalentes aos de carros movidos apenas por combustíveis fósseis, garantem o acesso de mais compradores ao mercado”. Assim, afirma o executivo, do ponto de vista das metas de redução de emissões, faz mais sentido vender um grande volume de veículos flexíveis do que um pequeno número de elétricos.
“No caso do elétrico, é preciso avaliar todo o ciclo de produção do veículo, das baterias e da geração de energia para esses carros”. Ou seja, não adianta o modelo ser zero emissões enquanto roda se a energia elétrica vier de fontes poluidoras, como a queima de combustíveis fósseis. No Brasil, a maior parte da eletricidade é entregue por hidrelétricas. Outras fontes limpas, como a eólica e, sobretudo, a fotovoltaica, vêm avançando. Porém, em momentos como a recente crise hídrica, é preciso ativar as termelétricas para garantir o fornecimento. Assim, na ponta do lápis, isso inviabiliza a redução das emissões de carbono por veículos.
*O jornalista viajou a convite da Stellantis