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Ao aceitar fazer parte do Acordo de Paris, o Brasil fez o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025, que foi ampliado posteriormente para 48% até 2025. Dentre os setores que mais emitem carbono, o segmento de transportes representa uma fração de 13% no Brasil que é pouco se comparado com a média mundial de 17%. De acordo com um estudo realizado pelo Acordo de Cooperação Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil (MBCB), o país tem potencial para atuar como protagonista na transição energética nos transportes utilizando os carros híbridos.

O MBCB encomendou um estudo da LCA Consultores e MTempo Capital intitulado “Trajetórias Tecnológicas mais Eficientes para a Descarbonização da Mobilidade”. Este estudo destaca o potencial do Brasil para liderar a transição rumo a um setor de transporte com menores emissões de carbono, promovendo o uso de soluções limpas já disponíveis e considerando tecnologias renováveis emergentes. Além disso, o estudo destaca um possível impacto socioeconômico dessa transição energética.

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Carro híbrido é a solução

O estudo considerou três cenários diferentes para a eletrificação da frota de veículos no Brasil: o status quo, onde não há mudanças significativas na configuração atual dos carros; e dois cenários que convergem para o padrão global de eletrificação. Um com foco em veículos híbridos (HEV) e outro com predominância de veículos elétricos puros (BEV). Com base nessas premissas, foram feitas projeções sobre a composição da frota em cada cenário até 2050.

Impactos (2020 a 2050)
Híbridos vs Combustão
Elétricos vs combustão
Diferença

Produção (R$ Bilhões)
+ R$ 2.368,67
-R$ 5.047,74 
R$ 7.416,41

PIB (R$ Bilhões)
+ R$ 877,85 
-R$ 1.870,74 
R$ 2.748,59

Impostos (R$ Bilhões)
+ R$ 318,57
-R$ 678,88
R$ 997,45

Emprego (Trabalhadores)
+ 1.062.947
  -597.300
1.660.247

O estudo revela que o impacto que uma transição para os veículos híbrido movidos a etanol seria significativamente mais suave para a economia do país. Os veículos híbridos (HEV) não apenas ultrapassam os elétricos (BEV) em termos de produção, Produto Interno Bruto (PIB), empregos e impostos gerados, mas também preveem um aumento significativo de 1.062.947 trabalhadores no setor de transporte, com uma projeção de incremento no PIB na ordem de R$ 877 bilhões em relação ao cenário de controle (Status Quo).

Já a produção do BEV, segundo o estudo, provoca um descompasso na cadeia de fornecedores. Em linhas gerais, o país não tem fornecedores para entregar os componentes exigidos pelos modelos elétricos. Isso demandaria maior importação de componentes para finalizar o carro. Ou seja, forçar a produção do carro elétrico hoje colocaria parte da indústria fora do jogo e criaria um desequilíbrio comercial, já que teríamos que importar as peças mais caras para entregar o carro pronto.

Berço ao túmulo

No estudo realizado pelo MBCB também foi apresentado o conceito de berço ao túmulo, que é uma abordagem ampliada para avaliar o impacto ambiental de um produto ao longo de todo o seu ciclo de vida, desde a extração de matérias-primas até o descarte final. No contexto dos automóveis, isso significa considerar não apenas as emissões geradas durante o uso do veículo, mas também todas as etapas anteriores e posteriores.

Diante disso, o estudo estimou um modelo de multiplicador de estímulos de demanda com base na matriz insumo-produto (MIP). Trata-se de uma ferramenta econômica que analisa o impacto de estímulos, como investimentos ou aumento do consumo, em uma economia.

Ele utiliza a MIP para identificar as interações entre os diferentes setores da economia, determinando como o aumento da demanda em um setor específico se espalha para outros setores através das cadeias de suprimentos e gera efeitos multiplicadores na economia como um todo. Essa análise ajuda a entender como políticas ou eventos específicos afetam a atividade econômica em diferentes setores e regiões.

No frigir dos ovos tudo que o estudo quer dizer é que o Brasil não está pronto para uma migração do carro a combustão para o elétrico. Essa mudança precisa ser gradual, considerando o poder de compra da população, assim como a capacidade instalada para fabricação desses carros. Ou seja, antes da chegada do elétrico brasileiro é mais inteligente apostar em híbridos, que são mais baratos de fabricar e não comprometem a cadeia de suprimentos.

Confiança no etanol

Quando perguntado sobre como resgatar a confiança do brasileiro com o etanol, o executivo Roberto Braun, Diretor de Comunicação e Presidente da Fundação Toyota, afirmou que é necessário que o consumidor passe por um processo de educação com relação ao etanol para entender o porquê ele vale a pena.

Os executivos no evento também foram enfáticos em dizer que combustível produzido com cana-de-açúcar precisa de incentivos para se tornar mais competitivo em relação a gasolina.

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Fonte: Carro elétrico nacional pode provocar uma ruptura na cadeia industrial

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