O brasileiro sente no bolso o quanto custa depender do mercado externo de derivados de petróleo e gás. Acaso alguém procurasse as razões pelas quais um país exporta o óleo bruto e, ao mesmo tempo, importa produtos refinados, como gasolina, diesel e gás natural, encontraria fundamentos razoáveis para justificar tamanho despautério? Muito se discute sobre a atual política de precificação adotada pela Petrobras. Entretanto, as raízes do alto custo da energia que movimenta a nossa frota de veículos remontam a 1997, quando a Lei 9.478, conhecida como a lei de abertura do mercado de hidrocarbonetos, permitiu a entrada de investimento privado tanto na exploração e produção quanto no segmento do refino. Com isso, o Brasil atraiu dezenas de bilhões de dólares de empresas brasileiras, americanas, chinesas e europeias que resultaram na descoberta do pré-sal. Todo esse investimento fez do Brasil um exportador de petróleo. Apesar da lei permitir capital privado também na fabricação dos derivados, ninguém se interessou em investir nesse segmento devido às constantes intervenções governamentais, que visavam a obter vantagens alheias e estranhas ao mercado.

Responsável por quase um quarto das emissões globais de gases de efeito estufa, o setor de transporte necessita de matrizes energéticas limpas. Nessa linha, surgiu em Campinas uma tecnologia revolucionária e inédita no mundo, criada no ecossistema de ciência e pesquisa da Unicamp, que tem o potencial de colocar o Brasil na vanguarda dessa corrida por fontes alternativas de energia. A descoberta poderá reduzir a nossa dependência externa no campo energético. Trata-se de um mecanismo que utiliza etanol para mover carros elétricos – o futuro da indústria automobilística mundial.

Os cientistas da Unicamp desenvolveram um microrreator de energia elétrica que impulsiona motores a partir do hidrogênio originado da queima do combustível derivado da cana-de-açúcar, ou seja, uma tecnologia genuinamente brasileira, cuja matéria-prima é cultivada em abundância em terras brasileiras. Essa descoberta permitirá ao país construir uma política de eletrificação veicular adequada à nossa realidade e de baixo custo em relação às opções disponíveis no mercado internacional, pois usará uma infraestrutura de produção e distribuição de etanol já existente em todo o território nacional, além de gerar empregos e renda. O resultado dessa pesquisa é a prova inequívoca de que o saber científico é a chave para a conquista da autossuficiência no campo energético e industrial.

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