A experiência de andar com um veículo elétrico pode ser diferente para a maioria dos brasileiros mas é fato que os modelos híbridos ou eletrificados terão presença garantida por aqui. Se depender de um projeto de Lei (304/2017) que tramita no Senado, em dez anos os modelos a gasolina já não poderão ser vendidos no país e a partir de 2040 não poderão mais circular pelas ruas. Eles já são realidade para a maioria das montadoras que oferecem modelos híbridos e para a Nissan, Renault, Chevrolet e BMW e em breve para a Audi (com o e-Tron), o portfólio dos elétricos já existe.
O R7-Autos Carros avaliou por uma semana o Nissan Leaf, carro elétrico mais vendido do mundo que só no ano passado teve mais de 400 mil unidades vendidas. Ao primeiro contato, ele se assemelha a um Honda Fit, ao estilo monovolume. Por dentro, espaço farto para cinco pessoas mas se nota que ele é um pouco mais alto por abrigar as baterias de 40 kWh divididas em 24 módulos.
Ao acionar a partida por botão a surpresa é que não há nenhum ruído ou vibração. O painel é simples e destaca o nível de carga da bateria. Basta acionar o câmbio automático no formato de joystick para a esquerda e posicionar no “D” (drive) e acelerar. O Leaf tem o motor equivalente a 149cv e acelera rápido: são 32,6 kgfm de torque disponíveis imediatamente. Há duas formas de conduzir o carro, sendo uma no modo “normal” e outra no modo “Eco” onde as respostas ficam mais lentas mas a autonomia das baterias melhoram muito. Com o sistema e-Pedal, parte da energia dispensada na frenagem recupera a energia das baterias em até 6% segundo a Nissan. Assim, o ao soltar o aceledor o carro perde força de imediato, em um movimento fácil de se acostumar em circuito urbano preservando também o uso do freio.
No dia a dia o Nissan Leaf se mostra muito confortável e até leve ao manejaar. Os bancos são em couro e o acabamento é de boa qualidade mas não alcança uma proposta premium que os R$ 195 mil pedidos por ele se justifique. Não há por exemplo bancos elétricos, nem para o motorista, e não há ajuste de profundidade no volante – apenas de altura.
Indo além das qualidades mecânicas o Nissan traz itens interessantes dos carros premium como alerta de pontos cegos e assistência de condução semiautônoma (Nissan Intelligent Safety Shield) com piloto automático adaptativo (mantém distância segura do carro à frente), assistência de permanência em faixa e frenagem de emergência. Há itens como câmera de 360 graus, painel digital e multimídia de boa qualidade, seis airbags, alerta de atenção do motorista, controle eletrônico de estabilidade e de tração, sistema de assitência de partida em rampas e monitoramento de pressão dos pneus.
Como abastecer o Leaf?
O Nissan Leaf conta com motor puramente elétrico com autonomia de 240km. O carregador usa o padrão CHAdeMO adotado por fabricantes japoneses, diferente do tipo 2 (europeu) usado em carros da Volvo, BMW e Audi por exemplo.
O Leaf pode ser recarregado em casa desde que a tomada tenha de 12 a 16 ampéres, na rede de 110 ou 220V. No entanto essse processo é lento e na prática é preciso ficar quase dois dias conectado à tomada para a recarga. Mas lembre-se que considerando um deslocamento de 50Km por dia, na prática uma recarga no Leaf é o suficiente para rodar uma semana inteira sem visitar a tomada.
No entanto, para quem compra o Leaf, a Nissan instala no local escolhido pelo cliente um Wall Box com instalação dedicada, o que agiliza a carga para até 8h. Assim, basta chegar em casa à noite e conectar o cabo padrão CHADeMo embora o aparelho também receba o plug tipo 2.
Durante o nosso teste, a recarga na residência (aterrada e com 110V) foi impraticável o que nos levou a repensar os trajetos a bordo do Leaf. Tentamos fazer a recarga em uma concessionária da JAC Motors e também em um Shopping na capital paulista – mas os dois conectores eram do padrão europeu. Assim, nos restou fazer uma recarga em uma concessionária Nissan e a outra no eletroposto da ABB localizado na zona norte de São Paulo e que completa o processo em 1h30. Segundo a Nissan, os compradores do Leaf estão recebendo também o carregador do tipo 2 para facilitar a recarga independente do sistema.
Assim, a adaptação aos carros elétrico ficará mais fácil neste momento de transição já que é fato consumado que os modelos de tração alternativa estarão cada vez mais entre nós.