RIO – Imagine receber um
carrão
de mais de
R$ 400 mil
, novo em folha, para dar umas voltinhas por aí. Pois, na sexta-feira passada, tivemos essa oportunidade multiplicada por dois. A
Audi
fez no Rio a apresentação nacional das novas encarnações dos modelos A6 e A7 — que diferem entre si nas silhuetas, mas são gêmeos na parte mecânica.
Começamos pelo A6 de quinta geração (R$ 427 mil), com seu perfil de sedã três volumes convencional. Não se trata, contudo, de um carro careta… No visual, o que mais chama a atenção é a grade larga, em preto brilhante, bem como as aberturas do para-choque dianteiro, que jogam o “peso” do desenho para as laterais, dando uma impressão de carro baixo e estável.
Expansão
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Em um Audi, pode estar certo de que há muitos opcionais — e que estes são caros! No A6, pode-se pedir os impressionantes faróis Matrix LED, que vão mudando sozinhos o formato do facho para não ofuscar motoristas que vão à frente ou vêm em sentido contrário. O abastado comprador, porém, pagará R$ 13 mil extras pelo item.
As lanternas traseiras ficaram mais estreitas, com filetes de LEDs que se acendem um a um. As caixas de roda foram aumentadas para abrigar os aros de 20″ (antes 18″).
As medidas não mudaram muito se comparadas às da geração anterior: o A6 continua a ter 4,94m de comprimento, enquanto houve um ganho mínimo de 1,2cm no entre-eixos (2,92m) e 2,1cm em espaço interno. O porta-malas continua em 530 litros. Daí lembramos que o primeiro Audi A6 que dirigimos, em 1997, era 14cm mais curto do que o atual — e, na época, já o víamos como um sedã grandalhão…
Esses números se traduzem em um amplo espaço no banco traseiro. Os joelhos ficam bem longe dos encostos da frente. Quem viaja lá atrás dispõe ainda de saídas e controles exclusivos de ar-condicionado em uma peça grande e vistosa como um frigobar.
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Terno de alfaiate
Não pense, porém, que este é um carro voltado para quem tem chofer particular. A posição de dirigir, bem como o acerto dos comandos, foi justamente o que mais gostamos nos novos A6 e A7 (para quem vai no banco do motorista, os dois modelos são quase idênticos).
É uma delícia usar esse volante. Além da base chata, algo já corriqueiro, e da forração de couro suave, há alguns ângulos no aro para encaixar as mãos com perfeição.
A posição de dirigir é bem baixa e os bancos têm muito apoio lateral. O A6 e o A7 são daqueles carros que fazem o motorista sentir-se vestido na medida por um alfaiate.
O painel está mais limpo e com menos botões. A tela multimídia, que ficava destacada lá no alto, desceu e agora tem “dois andares” a partir do console central — no “térreo” estão os controles de climatização. O destaque visual é uma peça de vidro escurecido que se estende do meio do tablier até a porta do carona.
Levemente híbridos
Chave encaixada entre os porta-copos, apertamos o botão de partida e despertamos o V6 3.0 TFSI (chamado de EA839, com turbo e injeção direta e indireta) usado desde 2016 em modelos como o Porsche Cayenne, o VW Touareg e os Audi A8 e Q8.
Com 340cv de potência e 50,1kgfm de torque, esta é a única opção de motor que chega ao Brasil para os A6 e A7 (por enquanto). Lá fora, as versões com essa mecânica se chamam 55 TFSI, mas por aqui preferiram não usar tal nomenclatura.
Aluguel de veículos
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Uma novidade importante é o sistema mild hybrid (híbrido leve), em que um motor elétrico de 48V instalado junto à transmissão dá uma “forcinha” ao propulsor a gasolina nas acelerações, o que ajuda a economizar combustível, diminuir emissões e eliminar a sensação de turbolag. Em baixa velocidade, o motor de 48V pode até tocar o carro sozinho.
Sentimos isso, na prática, ao parar em frente ao Monumento aos Pracinhas para fazer fotos e retornar às pistas de velocidade do Aterro: tanto o A6 quanto o A7 aceleram uma barbaridade, saindo da imobilidade com um vigor digno de carro elétrico.
O rápido
test drive
permitiu constatar a grande estabilidade dos dois Audi, que vêm de série com tração integral quattro atrelada ao câmbio S-Tronic de dupla embreagem e sete marchas.
Sabe aquelas curvas do Aterro (mal) projetadas, com ângulo de inclinação invertido ao que seria ideal, e que, volta e meia, jogam um carro para fora da pista? Pois fizemos questão de experimentar ali o comportamento dos A6 e A7… Ambos, simplesmente, ignoraram a tal superelevação negativa (é esse o jargão técnico para o caimento mal feito) e seguiram firmes e sem qualquer ameaça.
Também gostamos, nos dois carros, do comportamento da direção. Sua assistência elétrica a deixa levíssima nas manobras, mas bem firme com o carro em velocidade de cruzeiro.
Yamaha R3
:
eficiência com esportividade
Seu ajuste de altura e profundidade não é elétrico, como em muitos rivais, mas numa prosaica alavanca. Sem grilo: o importante é que esses Audi vestem muito bem. Há ainda sistemas semi-autônomos nível 2 que podem ajudar na direção a qualquer velocidade, desde que o motorista continue atento no volante.
A7 custa R$ 30 mil a mais
Falamos dos pontos semelhantes aos dois carros, mas não das diferenças do A7 (que custa R$ 457 mil — ou R$ 30 mil a mais do que o A6), que é o modelo que mais atrai olhares nessa dupla. Por fora, só o retrovisor, as maçanetas, as antenas e as argolas da grade são iguais aos do irmão. Todo o resto da “pele” externa é diferente.
O capô dianteiro, cheio de vincos, dá ao carro uma aparência muito mais malvada. Parece que há um motorzão ali embaixo. O teto ao estilo fastback (ou “Sportback”, como prefere a Audi) reforça o ar esportivo, bem como o spoiler que levanta lá atrás quando se chega a 120km/h. Apesar do jeito de briga, o A7 pesa 55kg a mais do que o A6.
Sustentada por duas parrudas molas a gás, a tampa traseira facilita o acesso ao porta-malas de 535 litros. Lembramos muito do tio-avô Passat cinco portas dos anos 70.
No
test drive
notamos que alguns dos colegas jornalistas estavam dirigindo o A7 com a porta do motorista mal fechada. E, por duas vezes, o painel nos deu alerta de porta aberta. Será característica do modelo ou só da unidade testada?
Não gostamos dos preços dos opcionais: quer o sistema infravermelho
night vision
para ajudar a ver à noite? Pague R$ 16 mil. O
head up display
, que projeta no para-brisa as informações do quadro de instrumentos, custa mais R$ 10 mil…
Resumo: os Audi A6 e A7 podem não ser tão excitantes em ação quanto os BMW Séries 5 e 6, mas são capazes de enfrentar os rivais de modo absolutamente suave (mas sem moleza), seguro e silencioso.
AUDI A6 (Geração C8).
Preço:
R$ 427 mil.
Origem:
Alemanha.
Motor:
a gasolina, V6, 24v, injeções direta e indireta, turbo, 2.995cm³, 340cv (a 5.000rpm) e 51kgfm (a 1.370kgfm). Sistema
mild hybrid
com motor elétrico de 48 volts.
Transmissão:
automatizada de sete marchas com dupla embreagem. Tração integral.
Suspensões:
braços sobrepostos na frente e multilink atrás.
Pneus:
255/40 R20.
Dimensões:
4,93m (c), 1,88m (l), 1,45m (a) e 2,92m (e.e.).
Peso:
1.935kg.
Desempenho:
0-100km/h em 5,1s e máxima de 250km/h.
Consumo:
7,7km/l na cidade e 10,6km/l na estrada