Tirando o bocal de recarga elétrica, o BMW 330e é um Série 3 normal (Foto: Divulgação)

O BMW Série 3 continua sendo a opção mais esportiva entre os sedãs médio-grande premium. Até pouco tempo atrás, ele seria o meu escolhido no segmento. Porém, o lançamento do Volvo S60 me deixou estremecido. Com versão híbrida plug-in, o sueco anda como um esportivo e consome pouquíssimo, além de ser recarregável na tomada (e de ser belíssimo). Um S60 T8 ou 330i? Dúvida dura — até pelo menos um mês atrás.

Foi quando tive contato com outro tipo de Série 3: o 330e M Sport. Não digitei errado, não é “i”, como de costume, mas “e” mesmo. A letra indica o uso de eletricidade. A versão híbrida plug-in é vendida por R$ 269.990, entre a 330i (R$ 249.950) e a 330i M Sport (R$ 289.990). É o mesmo preço do S60 T8. Coincidência, certamente.

Carro pode rodar na eletricidade a velocidades superiores a 100 km/h (Foto: Divulgação)

Esportividade e economia extrema não haviam sido apresentadas formalmente até pouco tempo. No 330e, as duas coisas não apenas se conheceram como casaram e passam bem. É a magia dos híbridos plug-in.

O sedã conta com o mesmo motor 2.0 turbo da maioria dos Série 3 vendidos no Brasil. O propulsor de quatro cilindros possui ajuste mais para 320i (que tem a mesma potência de 184 cv) do que para 330i (258 cv).

O que desempata a conta é o motor elétrico de 113 cv, mais potente que um VW up! TSI. Juntos, produzem 252 cv e torque de 42,8 kgfm. Força dos antigos 3.0 biturbo.

Interior tem acabamento de couro de costuras duplas e materiais macios (Foto: Divulgação)

Dos velhos tempos, sinto saudade apenas do ronco grave daqueles seis cilindros em linha, encorpado e gravado na memória. A energia elétrica pode ser silenciosa, mas tem a sua graça. Especialmente no momento em que mexo no seletor de modos e coloco no Sport e, em seguida, no modo XtraBoost. A função libera outros 40 cv e eleva a potência máxima a 292 cv.

É nesse modo que o 330e vai de zero a 100 km/h em 6,1 segundos. Ok, o S60 T8 faz o mesmo em 5,2 s, mas, convenhamos, não tenho feito muitas arrancadas de quarto de milha no dia a dia. 

A marca é quase a mesma da alcançada pelo 330i normal, que supera a prova em 6,2 s (confira o teste do M Sport no vídeo abaixo).  Melhor até que os 6,3 s gastos por um esquentado VW Golf GTI na mesma prova.

O câmbio automático de oito marchas deita e rola com o torque amplo. A faixa plana explica as retomadas curtíssimas, com 3,1 s de 60 a 100 km/h. O BMW faz tudo rapidamente, inclusive frear. São percorridos curtos 24,8 metros para imobilizar o sedã vindo a 80 km/h.

A direção elétrica é precisa e, no modo Sport, repassa firmeza ideal para o volante de aro grossinho. O motor elétrico não mudou o jeito de ser do BMW e a tração continua traseira. Eu poderia falar que coloquei o carro de lado e que as correções são fáceis. Porém, a aderência é extrema, ajudada pelos pneus Bridgestone Turanza 225/40 aro 19 à frente e 255/35 R19 atrás.

Nada que não seja esperado de um Série 3. O que eu não imaginava é a alergia do 330e a postos de combustível. Os Série 3, na maioria, são econômicos, porém nada que chegue a 24,7 km/l na cidade e 17,2 km/l na estrada, 20,9 km/l consumo médio.

Quadro de instrumentos digital tem velocímetro e conta-giros exóticos (Foto: Divulgação)

Para você ter uma ideia, um up! TSI marcou média de 19,2 km/l de gasolina no nosso teste. Se não fosse o tanque de apenas 40 litros, a autonomia seria enorme. Mas a graça é nem sequer consumir gasolina.

No modo Electric, o propulsor a gasolina é esquecido e o combustível, idem. A força é suficiente não apenas para rodar na cidade como também na estrada. Dá para ir até 140 km/h somente com eletricidade. Até então, achei que apenas os Rolls-Royce cruzavam com tamanho silêncio no grupo BMW. No modo Hybrid, quando o propulsor elétrico age sob demanda, a velocidade máxima chega a 110 km/h.

As respostas são rápidas mesmo com uma pressão moderada no acelerador articulado no piso, como sempre. Acima dos 30 km/h, um zumbido alerta pedestres. E o melhor: a autonomia chega a 66 km. A bateria leva de três horas e meia a seis horas para recarregar. Passei uma hora em um recarregador de posto da BMW e saí com cerca de 20 km a mais de autonomia.  

Multimídia de 10,25 polegadas tem assistente virtual (Foto: Divulgação)

Passado o namoro tecnológico, foi o momento de atestar que o 330e é um Série 3 acima de tudo. Mesmo em uma posição intermediária, o banco baixinho exige que eu pegue no volante para entrar e sair. Sem nenhuma graciosidade, consigo me posicionar muito bem. Há ajustes elétricos para tudo… bem, exceto para o volante.

Com tamanho igual ao de um Série 5 antigo, o BMW me acomoda mesmo com o banco dianteiro ajustado para a minha altura de 1,84 metro. Contudo, sentar no lugar central sempre é algo para crianças.

As baterias do 330e são de íon de lítio e ficam embaixo do banco traseiro, sem tirar espaço da cabine. A posição ajuda a distribuir o peso quase igualmente sobre os eixos — são 48% na frente e 52% atrás.

A despeito do posicionamento da bateria, que não rouba espaço, o porta-malas é bem pequeno para um sedã desse tamanho (375 litros); por pouco os equipamentos de teste não ficaram apertados em sua mochila quase de camping.

Porta-malas tem volume equivalente ao de um bom hatch médio (Foto: Divulgação)

O painel digital e a nova central multimídia são parelhos aos melhores celulares, enquanto as tecnologias semiautônomas de segurança são quase tão boas quanto as do S60 — a Volvo é referência nisso. Apenas o velocímetro e conta-giros com ponteiros de subida invertida me incomoda um pouco, parece um toque à moda do Chevrolet Agile. Só que o HUD resolve qualquer estranheza e dispensa olhadas para o quadro de instrumentos.

Airbags laterais dianteiros e do tipo cortina, controles de tração e de estabilidade, hill holder, assistentes de ponto cego e de faixa, frenagem automática para pedestres e carros, controle de cruzeiro adaptativo capaz de seguir o trânsito, head-up display e faróis a laser, capazesde iluminar mais de meio quilômetro à frente. Carro que anda muito também deve ser capaz de “enxergar” a distância.

Envolto pela sonoridade do som premium, pelo conforto do ar-condicionado de três zonas e pela suspensão eletrônica com ajuste confortável (desde que não no Sport), passei por alguns bairros ricos e em todos vi gerações anteriores do Série 3. Alguns mais antigos, como um ou outro E36, símbolos do período de reabertura das importações. Outros eram da geração seguinte, o E46, a maioria sem entregar os quase 20 anos de estrada. Todos com uma coisa em comum: o foco no prazer ao dirigir. Mas esportividade (quase) sem culpa, só o 330e.

Aceleração

0-40 km/h: 1,7 segundo
0-80 km/h: 4,3 s
0-100 km/h: 6,1 s
0-120 km/h: 8,2 s
0 – 400 m: 14,2 s
0 – 1.000 m: 25,7 s
Veloc. a 1.000 m: 208,2 km/h
Vel. real a 100 km/h: 98 km/h

Retomada
40 – 80 km/h (Drive): 3 s
60 – 100 km/h (D): 3,1 s
80 – 120 km/h (D): 3,7 s

Frenagem
100 – 0 km/h: 39,5 m
80 – 0 km/h: 24,8 m
60 – 0 km/h: 13,9 m

Consumo
Urbano: 24,7 km/l
Rodoviário: 17,2 km/l
Média: 20,9 km/l
Aut. em estrada: 688 km

Motor
Dianteiro, longitudinal, 4 cilindros em linha, 2.0, 16  válvulas, biturbo, gasolina + propulsor elétrico
Potência
292 cv a 5.000 rpm
Torque
42,8 kgfm a 1.350 rpm
câmbio
Automático de oito marchas, tração traseira
Direção
Elétrica
Suspensão
McPherson (dianteira) e multilink (traseira)
Freios
Discos ventilados
Pneus e rodas
225/40 R19 (diant.) e 255/35 R19 (tras.)
Tanque
40 litros
Porta-malas
375 litros
Peso
1.740 kg

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