A nossa missão foi dirigir o carro elétrico mais barato à venda no país. Mas digamos que barato não é uma das características do iEV20: custa R$ 124.900, que é exatamente o preço da versão híbrida do novo Toyota Corolla. Vender esse carro é uma missão (quase) impossível para a JAC.
O iEV20 é um carrinho tipicamente urbano. Tem porte de Fiat Uno, mas a suspensão elevada o deixa com jeitinho de mini SUV. Só o jeitinho. O porta-malas de 121 litros mal acomoda um par de mochilas.
O visual é emprestado do S2 Mini chinês, versão evoluída do J2 oferecido aqui no passado. A grade fechada evidencia tratar-se de um modelo elétrico. Ainda bem que o estepe pendurado na tampa do porta-malas foi deixado de lado. Além de ultrapassado (tão CrossFox 2003…), atrapalha a visibilidade traseira.
Por dentro, há bancos de couro sintético e central multimídia flutuante. Algo que me incomodou a princípio foram os pedais levemente deslocados para a esquerda, o que dá a impressão de que o motorista fica meio torto ao volante. Depois de um tempo, você se acostuma.
O motor elétrico que move o iEV20 é alimentado por uma bateria de 41 kWh que entrega parcos 68 cv. A falta de potência é compensada pelo bom torque de 21,9 kgfm.
São três modos de condução: Low, Eco e Sport. O Low prioriza a economia e amplia a atuação do freio motor. É nesse modo que a JAC divulga a autonomia de 400 km, mas a velocidade não ultrapassa 65 km/h e o ar-condicionado fica mais fraco. Para andar em São Paulo, não faz tanta diferença — além do trânsito carregado, a maior parte das vias limita a velocidade a 50 km/h.
Para nossos cálculos, usamos o modo Eco, de condução “normal”, cuja autonomia declarada é de 320 km (no ciclo NEDC). Nesses dois primeiros modos, o carro arranca bem, mas a evolução da aceleração ocorre de forma mais lenta. Não é de espantar que o zero a 100 km/h seja cumprido em longos 16 segundos.
No modo Sport, o carrinho fica mais divertido. Os 1.340 kg, pesado para o porte, ficam menos evidentes e a agilidade aumenta nas ultrapassagens. A empolgação não dura muito: a velocidade máxima é de apenas 112 km/h.
O grande senão do iEV20 é o carregamento. Não é fácil encontrar o conector do padrão chinês GB/T. O cabo que vem com o carro possibilita carregá-lo apenas em tomadas de três pinos, a mesma do seu forno micro-ondas.
É bem difícil encontrar uma garagem — especialmente em prédios residenciais — com tomadas para a recarga, que leva cerca de 18 horas. Um wallbox está disponível por R$ 5 mil, e diminui esse tempo para 8 horas.
A proposta de a marca revolucionar sua história no país com elétricos, convenhamos, não passa pelos carros de passeio, mas sim por veículos comerciais. Apenas para frotistas valeria o investimento alto, que seria amortizado pelos gastos reduzidos com combustível e manutenção. Para quem quer um carro pensando nos mesmos princípios, a conta não fecha.
Pontos Positivos: Por ser compacto, é fácil de manobrar e estacionar; o custo é de R$ 0,06 por km
Pontos Negativos: É complicado encontrar pontos de recarga para o modelo; mesmo tomadas comuns não estão disponíveis com facilidade.
Autonomia: 320 km
Tempo de Recarga: 8 a 18 horas
Garantia da bateria: 5 anos
Ficha Técnica
Motor
Elétrico de 50kW, bateria de íon de lítio de 41 kWh
Potência
68 cv
Torque
21,9 kgfm
Câmbio
Direto, tração dianteira
Direção
Elétrica
Suspensão
Indep. McPherson (dianteira)
e eixo de torção (traseira)
Freios
Discos ventilados (diant.)
e tambores (tras.)
Pneus
185/65 R15
Dimensões
Compr: 3,77 metros
Largura: 1,68 m
Altura: 1,57 m
Entre-eixos: 2,39 m
Porta-malas
121 litros (fabricante)
Peso
1.340 kg
Central Multimídia
7 polegadas, sensível ao toque
Garantia
5 anos