Há dez anos, o Kia Sportage era referência no promissor segmento dos SUVs médios, até então dominado pelas montadoras asiáticas. Mas com o lançamento de concorrentes do ocidente, seu mix foi diminuindo gradativamente – hoje o utilitário é apenas um coadjuvante na categoria. A Kia espera que a quinta geração seja o início de uma mudança nesse panorama de queda.

Importado da Eslováquia, o Sportage 2023 chega às lojas em duas versões: EX (R$ 224.990) e EX Prestige (R$ 259.990). Os preços já aumentaram, pois suas primeiras unidades foram faturadas ainda em junho, quando o dólar estava mais baixo. A grande novidade da quinta geração (além do visual) fica por conta do novo motor híbrido.

A mudança no desenho foi bem radical, pois o designer canadense Karim Habib substituiu o lendário Peter Schreyer na concepção inicial do SUV. A dianteira do Sportage traz grade gigante e uma barra que imita aço escovado cortando toda a frente.

Kia Sportage 2023

Os faróis têm assinatura de LED e formato de bumerangue, que deixam o visual bem interessante durante a noite. Já a traseira faz referência à quarta geração e mantém as lanternas interligadas com acabamento fumê.

Falando de proporções, o Sportage tem 4,55 metros de comprimento, 2,68 m de entre-eixos, 1,86 m de largura e 1,65 m de altura. Ele agora é produzido sob a nova plataforma N3, que beneficia o espaço interno e é totalmente adaptada à eletrificação. Segundo a Kia, é possível que o Sportage tenha uma versão elétrica nos próximos anos.

De fato, há espaço para quatro adultos viajarem com conforto. Um eventual quinto ocupante ficará apertado no assento do meio e terá de lidar com o largo túnel central. No porta-malas, apesar do alojamento a bateria de 48V, há capacidade para 562 litros, superando os 473 litros do Jeep Compass por uma boa margem.

O painel do Sportage é interligado por duas telas que formam cluster e central multimídia — Foto: Divulgação

A Kia seguiu a receita de como projetar o interior de um carro moderno à risca. O Sportage recebeu uma grande tela que se estende do painel de instrumentos até a central multimídia – um arranjo inaugurado pela Mercedes e depois adotado pela BMW. Há um carregador de celular por indução no console, mas a conexão da central multimídia é apenas por cabo.

O Sportage 2023 tem motor 1.6 turbo de 180 cv a 5.500 rpm e 27 kgfm a 1.500 rpm, acoplado ao câmbio de dupla embreagem de caixa seca e sete marchas. Graças ao sistema híbrido leve de 48V, o SUV pode marcar 11,5 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada com gasolina, segundo o Inmetro. O consumo seria melhor se o Sportage fosse um híbrido legítimo, com um motor elétrico que pode mover o carro.

Graças ao torque máximo entregue em baixas rotações, o Sportage tem fôlego adequado para um carro urbano. O SUV leva 9,1 segundos para atingir 100 km/h e tem velocidade máxima de 200 km/h. Nada mau, considerando seu corpanzil de 1.574 kg.

Kia Sportage é híbrido, mas consumo de combustível não surpreende — Foto: Divulgação

Ainda na parte de dirigibilidade, vale destacar o modo “velejar”, que desliga os motores a combustão e elétrico para recarregar a bateria a 60 km/h. O recurso é ativado automaticamente ao identificar condições ideais.

O SUV só peca na ergonomia. O painel do Sportage é baixo, mas o banco dianteiro não foi reposicionado para compensar essa redução. O ponto H, que determina a altura do quadril do motorista, é elevado mesmo com o banco na altura mínima.

Conversando com outros jornalistas, percebi que apenas os mais altos tiveram essa impressão. Com 1,84 m de altura e o banco do motorista ajustado no mínimo, minha cabeça ficou a apenas três dedos do teto. Ao meu ver, uma posição para dirigir mais baixa deixaria o Sportage mais confortável para guiar.

Isso não chega a ser um demérito, pois a posição baixa é uma crítica de muitos donos de SUVs – em especial, das pessoas mais baixas. Há quem curta essa posição mais alta para ver o trânsito de cima. É uma questão de gosto pessoal.

Em outros quesitos, a dirigibilidade do Sportage é honesta. O destaque fica por conta da suspensão, que é McPherson na dianteira e multilink na traseira. Mesmo nas ruas mais esburacadas, o SUV é macio e não transmite o rebote dos impactos à cabine.

A Kia vai importar 250 unidades do Sportage por mês, mas pensa em ampliar esse número para 400 ao longo dos próximos meses. Representada no Brasil pelo Grupo Gandini, suas operações dependem do câmbio e de encomendas pontuais, que nem sempre podem ser atendidas pela matriz.

Resta saber se o Sportage não sofrerá novos aumentos de preço ao longo do ano. O SUV coreano já é mais caro que o Jeep Compass – e se o valor descolar muito do rival, pode ficar menos interessante. Infelizmente, o Grupo Gandini continua refém da variação de câmbio.

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