“Esse interior parece de um avião“. Eu ouvi essa frase algumas vezes, entre funcionários de um posto de gasolina, curiosos que vinham admirar o SUV e até de um amigo piloto de avião ao ver uma foto. O Mercedes-AMG GLE 53 é um carro que antes de sair para andar é preciso perder um certo tempo mexendo em todo seu interior para entender tantas funções e comandos.

Antes de falar sobre o carro vale um registro que no mínimo gera uma reflexão. Quando o SUV esportivo com capacidade para até sete pessoas foi lançado no Brasil, em março do ano passado, seu preço era de R$ 544.900. Exatamente um ano depois, seu preço já está em R$ 813.900. Ou seja, aumentou exatos R$ 269 mil.

Na época o dólar estava R$ 4,64 e hoje a média é de R$ 5,70. A moeda subiu mais de 10% no período enquanto o valor do SUV subiu 49,4%. Mas, fenômenos mercadológicos a parte, voltemos ao GLE 53.

São duas telas de 12,3 polegadas interligadas — Foto: André Schaun

Essa hipérbole com a semelhança do SUV com um avião é muito por conta das duas enormes telas integradas de 12,3 polegadas que avançam pelo painel. Uma é o computador de bordo enquanto a outra é da central multimídia com sistema MBUX que reconhece até funções por comando de voz, como abertura do teto-solar e ajuste de temperatura do ar-condicionado.

As informações para o motorista ainda estão longe de terminar. Há um filete de LED que vai de porta a porta e divide as quatro saídas de ar-condicionado da barra de comandos com ajuste de temperaturas e intensidade do vento.

Há um filete de LED que vai de porta a porta e ainda contorna parte do console central — Foto: Divulgação

O console central traz carregador de celular por indução, duas saídas USB-C e dois porta-copos climatizados. Na parte de cima, há um touchpad com apoio de mão para comandos da central multimídia, botões para ajustar altura de suspensão, modos de condução e ronco de escapamento.

Há ainda comandos do teto-solar panorâmico, três botões de memorização dos assentos — que têm ajustes elétricos até para a 2ª fileira — e apoio de braço com um enorme porta-objetos abaixo. Os acabamentos são impecáveis com couro, borracha e fibra de carbono.

São 2,99 metros de entre-eixos que faz com que todos os passageiros viajam com muito conforto — Foto: André Schaun

A ligação hiperbólica com aeronave também vai para o espaço, que é tamanho família. São 4,92 metros de comprimento e entre-eixos de 2,99 m, que é o suficiente para deixar uma pessoa de 1,87 m, como eu, com conforto para dirigir e ir no banco do trás com ótimo espaço para as pernas e para a cabeça.

O porta-malas de 630 litros pode ser transformado em mais dois assentos. Com essa configuração, a capacidade cai para 120 litros.

Entre os principais itens de série, além dos que já foi mencionado, Mercedes-AMG GLE 53 traz sete airbags, câmera 360°, monitoramento de pressão dos pneus, faróis e lanternas de LED, aquecimento do banco do motorista e acompanhante, rodas em liga-leve de 21 polegadas com pneus 275/45 R21 (dianteira) e 315/40 R21 (traseira), frisos das soleiras com emblema “AMG” iluminado, sistema de escape AMG Performance e suspensão com sistema adaptativo de amortecimento.

Mercedes-AMG GLE 53 comporta até sete pessoas com uma fileira extra no porta-malas — Foto: Divulgação

Essa versão conta com a tecnologia híbrida leve EQ Boost. O motor é o novo 3.0 de seis cilindros em linha biturbo com 435 cv e 53 kfgm. O câmbio é automático de 9 marchas, com tração integral.

A aceleração de zero a 100 km/h é feita em 5,3 segundos e a velocidade máxima é limitada eletronicamente a 250 km/h.

A direção elétrica tem dureza variável conforme a velocidade ou modo de condução. A configuração é ativada automaticamente com base no programa AMG Dynamic Select escolhido, que pode ser feito pelo volante ou console central.

São quatro modos de condução: “Comfort”, “Sport”, “Sport+” e “Individual”. E em todos eles, há adaptação alterações nas respostas do motor, câmbio e suspensão e direção.

A aceleração de zero a 100 km/h é feita em 5,3 segundos — Foto: Divulgação

O grandalhão de 2.230 kg pode parecer pesado no número, mas em movimento é impressionante como a resposta do motor é imediata e ágil. Até mesmo no modo Comfort, que visa economia de combustível, as acelerações não decepcionam em nada. As mudanças de marchas são totalmente imperceptíveis, mas há como trocá-las pelas borboletas atrás do volante.

O desempenho faz jus à sigla, apesar do GLE 53 não ser um AMG “puro-sangue”. A linha 53 faz parte da estratégia da Mercedes em popularizar sua linha de esportivos, que, ao contrário dos carros modificados pela divisão de Affalterbach, não possui o motor feito por um só engenheiro. Para quem faz questão da exclusividade seria preciso migrar para a versão 63 S de 611 cv, inexistente no Brasil.

No Mercedes-AMG GLE 53 são quatro modos de condução: “Comfort”, “Sport”, “Sport+” e “Individual” — Foto: André Schaun

Discos de freio perfurados e ventilados de 400 x 36 mm são usados no eixo dianteiro e de 345 x 25 mm na traseira. O conjunto também garante frenagens seguras e sem sustos.

A suspensão com sistema adaptativo também faz um trabalho fantástico, garantindo ao SUV de mais de duas toneladas curvas primorosas sem dar qualquer tipo de susto e até faz esquecer que o asfalto brasileiro é totalmente irregular e cheio de buracos.

Motor 3.0 de seis cilindros em linha trabalha em conjunto com um sistema híbrido-leve, totalizando 435 cv e 53 kfgm — Foto: André Schaun

No modo Sport+, obviamente, a suspensão fica mais rígida e o conforto interno já não é mais o mesmo, porém, com um desempenho vigoroso daquele, perder um pouco de conforto não traz qualquer incômodo.

Quando olhei o SUV de perto, até desconfiei que um carro daquele tamanho poderia ter um desempenho esportivo e empolgante, mas me enganei.

Modelo aumentou R$ 269 mil desde seu lançamento — Foto: André Schaun

O Mercedes-AMG GLE 53 faz suas mais de duas toneladas passarem despercebidas com respostas muito imediatas e ao mesmo tempo com uma condução tão confortável quanto seus bancos. O consumo também foi bom, levando em consideração o tamanho e o motor. Foram 7,4 km/l na cidade e 10,6 km/l na estrada.

O “painel de avião” do GLE é meio confuso no começo e não muito intuitivo, então leva um certo tempo para se familiarizar com tantas informações. O aumento de preço em tão pouco tempo é totalmente discutível, mas certamente quem tiver esse valor para pagar neste SUV esportivo dificilmente vai arrepender.

Ficha técnica

Motor Diant., longitudinal., 6 cil. em linha, 3.0, turbo, 24 V, injeção direta, gasolina
Potência 435 cv a 6.100 rpm
Torque 53 kgfm a 1.800 rpm
Câmbio Automático de 9 marchas, tração integral
Direção Elétrica
Suspensão Independente, braços sobrepostas (dianteira e traseira)
Freios Discos ventilados (dianteira e traseira)
Pneus 275/45 R21 (dianteira) 315/40 R21 (traseira)
Dimensões Compr.: 4,92 m / Larg.: 2,02 m / Alt.: 1,75 m / Entre-eixos: 2,99 m
Tanque 85 litros
Porta-malas 630 litros e 120 litros com a terceira fileira de ocupantes
Peso 2.230 kg
Central multimídia 12,3 polegadas

Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here