Goste você ou não, os carros elétricos vão dominar o mundo no futuro. Todos os fabricantes, dos mais populares às marcas de superesportivos, já se renderam aos carros que precisam ser carregados na tomada ou estão em vias de lançar algum. Isso por exigência das agências ambientais internacionais, que impõem metas cada vez mais rígidas de redução de emissões de poluentes.

Claro que esse futuro vai demorar um pouco mais para chegar ao Brasil. Além dos óbvios problemas de infraestrutura, temos abundância de etanol, combustível relativamente mais limpo que se tornou alternativa à gasolina ou ao diesel e é usado em profusão pelo planeta.

Isso sem falar de valores, uma vez que os elétricos e híbridos ainda são muito caros por aqui, onde não há incentivos do governo para a compra como em boa parte dos países desenvolvidos.

Mas esse é um cenário que já começa a ser explorado no país. Segundo projeção da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), cerca de 28 mil eletrificados devem ser vendidos no Brasil neste ano, um crescimento de 42% sobre 2020.

A autonomia limitada praticamente restringe o uso do carrinho a percursos urbanos — Foto: Divulgação

Um dos novatos nesse segmento é o Mini Cooper S E, lançado aqui em julho. Pela primeira vez na história a marca britânica oferece um modelo elétrico em sua gama. E a lição de casa foi bem feita, apesar de alguns deslizes, especialmente para um mercado que ainda engatinha.

A boa notícia é que a Mini manteve as características que consagraram o Cooper S tradicional como um carrinho extremamente divertido de dirigir, o famoso “estilo kart de condução”. Ele só foi eletrificado.

Com 1.440 kg, o S E é pouco mais de 200 kg mais pesado que o modelo a combustão em virtude da bateria localizada sob o assoalho. Mas essa diferença quase não é percebida devido à entrega de torque instantâneo, comum a todos os elétricos. Por isso a impressão é de que a arrancada e as retomadas são ainda mais ligeiras que as do carro movido a gasolina.

Motor elétrico tem 184 cv e 27,5 kgmf de torque enviado às rodas instantaneamente, o que confere agilidade ao Mini — Foto: Divulgação

Outra grande diferença são os freios regenerativos, que têm os modos high e low. Para quem não está acostumado, é preciso um certo tempo de adaptação com o mais forte, pois é só tirar o pé do acelerador para que o carro já reduza a velocidade drasticamente, chegando a parar sem que seja necessário pisar no pedal de freio. O compacto é adepto do conceito “um pedal”, em que o freio praticamente só é utilizado em situações de emergência ou parada total (como o BMW i3).

E o Cooper S E carece de todos os recursos para aumentar seu alcance. Isso porque um de seus grandes problemas é a baixa autonomia. Apesar de a Mini divulgar que são 234 km de autonomia pelo ciclo WLTP, em condições normais o carrinho não chega a rodar 200 km.

Talvez no modo de condução Green+, o mais econômico deles (que desativa até o ar-condicionado), o alcance chegue mais próximo a esse número. E, mesmo com a possibilidade de ficar sem bateria, o mais legal mesmo é dirigir no modo Sport.

Mini Cooper S E — Foto: Divulgação

Na pista, o Mini acelerou até 100 km/h em 7 segundos, menos até que o número divulgado pela marca (7,3 s). A agilidade nas retomadas também impressiona: ele leva apenas 2,7 s para ir de 40 km/h a 80 km/h.

São três versões disponíveis: Exclusive (R$ 239.990), Top (R$ 264.990) e Top Collection (R$ 269.990). Não é tanta diferença para o Cooper S a gasolina, que parte de R$ 214.990. Desde o modelo de entrada há faróis de LED, ar-condicionado automático de duas zonas, central multimídia com tela de 8,8 polegadas sensível ao toque (compatível com Apple CarPlay, mas não com Android Auto) e teto solar panorâmico.

A intermediária recebe tecnologias como head up display, GPS, assistente de estacionamento e alto-falantes da Harman Kardon. Já a topo de linha tem mudanças estéticas apenas, com acabamento exclusivo e bancos de couro sintético.

Fora os detalhes em amarelo, o interior é o mesmo do Cooper S a combustão, cheio de elementos redondos — Foto: Divulgação

Infelizmente ainda não existe no Brasil uma infraestrutura que seja capaz de atender os proprietários de carros elétricos — é um desafio e tanto tentar viajar mesmo com um modelo cuja autonomia seja de mais de 500 km, porque tudo deve ser muito bem planejado.

Um carrinho que roda por volta de 200 km acaba ficando restrito ao uso urbano. Mas é boa opção para quem precisa de um segundo carro em casa e quer experimentar um elétrico para os afazeres do dia a dia. O Mini elétrico faz qualquer tarefa chata ficar bem mais divertida!

Mini Cooper S E — Foto: Divulgação

Mini Cooper S E

TESTE
ACELERAÇÃO
0 – 100 km/h: 7 s
0 – 400 m: 15,2 s
0 – 1.000 m: 29,6 s
Veloc. a 1.000 m: 150 km/h
Vel. real a 100 km/h: 97 km/h
RETOMADA
40 – 80 km/h (Drive): 2,7 s
60 – 100 km/h (D): 3,3 s
80 – 120 km/h (D): 4,4 s
FRENAGEM
100 – 0 km/h: 42,1 m
80 – 0 km/h: 25,5 m
60 – 0 km/h: 15,1 m
CONSUMO
Urbano: 103 Wh/km
Rodoviário: 170 Wh/km
Autonomia (WLTP): 234 km

Mini Cooper S E

FICHA TÉCNICA
Motor: Dianteiro, elétrico, transversal, assíncrono
Potência: 184 cv
Torque: 27,5 kgfm
Câmbio: Transmissão direta
Direção: Elétrica, 10,7 m (diâm. de giro)
Suspensão: Independente, McPherson (diant.) e multibraço (tras.)
Freios: Discos ventilados (diant.) e discos sólidos (tras.)
Pneus: 205/45 R17
Bateria: Íon de lítio, 32,6 kWh (nominal) / 28,9 kWh (efetivo)
Porta-malas: 211 litros
Peso: 1.440 kg
Central multimídia: 8,8 pol.,sensível ao toque, conectividade com Apple CarPlay
DIMENSÕES
Comprimento: 3,85 metros
Largura: 1,73 m
Altura: 1,43 m
Entre-eixos: 2,49 m

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