Carro certo na hora e lugar errados? Talvez o resumo do lançamento da linha 2021 do Audi A4 no Brasil seja mais ou menos assim. O sedã reestilizado estreia com visual atualizado, novas tecnologias e mais segurança. O problema é que BMW Série 3 e Volvo S60, dois dos principais concorrentes, são mais modernos, estão bombando e ocupam a mesma faixa de preço do modelo alemão. E mais um ponto: o Mercedes-Benz Classe C emplaca mais que o Audi e a nova geração ainda vem aí…

O A4 é vendido em três versões. Começa ali nos R$ 230 mil (Prestige), passa pelos R$ 260 mil (Prestige Plus) e finalmente chega nos R$ 305 mil na Performance Black (versão escolhida para esse teste). Mas vamos por partes.

O sedã tem rodas de 18 polegadas que mudam o acabamento de acordo com a versão — Foto: Divulgação

O facelift trouxe um frescor ao três volumes, com os novos faróis e a moderna assinatura de LED – inspirados no A1 e sem aquele recorte de antes. Os para-choques e as lanternas, agora mais afiladas, também foram redesenhados.

A grade hexagonal ficou ainda mais proeminente. O A4 pode não ser o mais ousado em termos de design, mas definitivamente é elegante como os rivais. O kit estético S line ainda dá uma pegada mais esportiva. Ele adiciona spoiler integrado à tampa do porta-malas, defletor no para-choque dianteiro, rodas com diferente acabamento, capa dos retrovisores em preto brilhante e uma espécie de difusor traseiro.

O kit S line dá uma pegada mais esportivo ao trazer spoiler, difusor e capa dos retrovisores em preto brilhante — Foto: Divulgação

Outra novidade está o sob o capô. A configuração topo de linha traz o 2.0 turbo a gasolina ligado a um sistema híbrido-leve de 48 volts, que resulta em 249 cv e 37,7 kgfm de torque. Esses números são mais que suficientes para tornar o A4 um sedã bem rápido. O câmbio é o famoso dupla embreagem de sete marchas e a tração, integral.

Em nossa pista de testes, o modelo precisou de 6,1 segundos para atingir os 100 km/h, mesmo tempo que BMW 330e e seus 252 cv (o híbrido substitui o extinto 330i). Ambos, no entanto, comem poeira do Volvo S60 T8 e seus mais de 400 cv, que faz a mesma prova em 5,2 s. As demais versões continuam com o 2.0 turbo de 190 cv e tração dianteira.

As retomadas também são significativas e páreo com as dos rivais – e, em algumas passagens supera até as do Volvo com seus 407 cv. De 60 a 100 km/h, o A4 precisa de 3,3 s – o 330e leva 3,1 s, mas o S60 faz em 3,4 s. Na prova seguinte, de 100 a 120 km/h, são 4 s contra 3,7 s do BMW e 3,8 s do Volvo.

A nova disposição dos faróis de LED dão um ar moderno e tecnológico ao A4 — Foto: Divulgação

Muito mais importante que o cronômetro é a desenvoltura do sedã no dia a dia. O A4 tem ótima posição de dirigir (principalmente para quem gosta de sentar mais perto do “chão”). A direção elétrica traz a suavidade para manobras, mas também fica firme em altas velocidades e dá mais sensação de controle a quem vai ao volante.

A suspensão se encontra naquela zona limítrofe entre conforto e dinâmica: encara buracos sem chacoalhar tanto a cabine e segura a carroceria na hora de fazer uma curva com mais audácia. O isolamento acústico é impecável.

As lanternas também de LED tem uma saudação bem interessante ao abrir ou fechar o carro pela chave — Foto: Divulgação

A reestilização chegou ao interior. O A4 não traz as três telas digitais de produtos mais novos da Audi, como Q3 e Q8. Mas a fabricante tratou de colocar uma central multimídia com tela flutuante de 10,1 polegadas e sensível ao toque compatível com Android Auto e Apple Carplay – muita intuitiva e rápida aos comandos. O tradicional painel digital de 12,3” também é um dos pontos altos da cabine também

O acabamento, por sua vez, é de qualidade. Há alguns plásticos rígidos em lugares menos nobres, mas os bancos, por exemplo, além de vestirem o motorista, trazem a mistura de couro e Alcantara – uma espécie de camurça artificial. Esse último material tem toque agradável e está presente nas laterais das portas. Com partes em alumínio e em preto brilhante, a sensação é de requinte.

O interior ainda não é igual ao dos carros mais recentes da marca, mas tem bom acabamento e equipamentos — Foto: Divulgação

Já a lista de equipamentos não traz grandes surpresas para um carro desse calibre e faixa de preço. Destaque para o park assist com sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, ar-condicionado digital de três zonas, controle de cruzeiro adaptativo, teto solar, shift-paddles e carregamento de smartphone por indução e a no volante. Itens como faróis Matrix LED (R$ 12 mil), head-up display (R$ 7.500) e o som da grife Bang & Olufsen (R$ 8 mil) são opcionais.

O novo A4 também traz mais segurança, porém você também precisa pagar. O assistente de mudança de faixa, que faz pequenas correções autônomas no volante e “coloca” o carro de volta no trajeto custa R$ 8 mil. Ou seja, como todos os equipamentos comprados à parte, a conta do A4 Performance Black ultrapassa os R$ 340 mil.

O A4 é o modelo mais vendido na história da marca – são mais de 7,5 milhões de unidades ao redor do mundo em 26 anos trajetória. A fase dessa geração no Brasil, por sua vez, não é boa. Desde que foi lançada em 2016, o sedã sempre foi a terceira força, ficando atrás de Série 3 e Classe C – e agora do Volvo. O melhor ano foi 2017, mesmo assim somente 1.017 modelos foram comprados.

Os bancos traseiros têm o mesmo bom acabamento traseiro, mas o túnel central é alto e impede o conforto do ocupante do meio — Foto: Divulgação

Nos últimos dois anos, o sedã da Audi registrou apenas 727 carros (552 em 2019 e 175 em 2020) – o BMW, por exemplo, passou dos 5 mil carros e o Volvo, quase chegou a quatro dígitos só ano passado. O Mercedes, mesmo em final de ciclo, também vendeu mais. O A4 só ganha do Jaguar XE, mas isso não é nenhuma vantagem.

Os exatos R$ 304.990 colocam a versão Performance Black como mais em conta, digamos, frente aos rivais – vale lembrar que sem os opcionais. Em contrapartida, Volvo e BMW não têm mais variantes movidas só a gasolina como o Audi – nessa faixa de preço acima dos R$ 300 mil. O 330e (R$ 319.950) e o S60 T8 R-Design (R$ 314.950), além de híbridos, poderem rodar em modo elétrico, serem mais econômicos e tão rápidos ou luxuosos quanto o Audi, são projetos mais modernos (ambos de 2019). E são mais completos.

O BMW tem, por exemplo, tem faróis a laser, e você ainda consegue ligar e abrir/fechar as portas do carro diretamente do seu celular. Já o S60, além de ser o mais arrojado esteticamente dos três, é referência em segurança. É, às vezes você está no lugar errado na hora errada.

Teste: Audi A4 Performance Black

Aceleração 0 – 100 km/h 6,1 segundos
Aceleração 0 – 400 m 14,4 s
Aceleração 0 – 1.000 m 26,1 s
Veloc. a 1.000 m 207,5 km/h
Vel. real a 100 km/h 98 km/h
Retomada 40 – 80 km/h (Drive) 2,7 s
Retomada 60 – 100 km/h (D) 3,3 s
Retomada 80 – 120 km/h (D) 4,0 s
Frenagem 100 – 0 km/h 37,7 metros
Frenagem 80 – 0 km/h 26,7 m
Frenagem 60 – 0 km/h 14,8 m

FICHA TÉCNICA
Motor: Dianteiro, longitudinal, 4 cil. em linha, 2.0, 16V, comando duplo, turbo, injeção direta de gasolina
Potência: 249 cv a 5.000 rpm
Torque: 37,7 kgfm a 1.600 rpm
Câmbio: Automático de 7 marchas e dupla embreagem, tração integral
Direção: Elétrica
Suspensão: Independente com braços sobrepostos (diant.) e independente multilink (tras.)
Freios: Discos ventilados (diant.) e sólidos (tras.)
Pneus: 245/40 R18
Dimensões
Comprimento: 4,76 metros
Largura: 1,84 m
Altura: 1,43 m
Entre-eixos: 2,82 m
Tanque: 58 litros
Porta-malas: 460 litros (fabricante)
Peso: 1.545 kg

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