A Toyota iniciou hoje (31) uma estratégia de promoção da tecnologia de veículos híbridos no Brasil como alternativa de eletrificação que considera mais adequada para o país, em meio a um crescimento contínuo da participação destes modelos nas vendas totais de carros no mercado nacional.
A montadora japonesa foi a primeira no Brasil a lançar e produzir um carro com motorização híbrida flex, capaz de funcionar a bateria, gasolina e etanol. O modelo lançado foi o sedã Corolla em 2019 e hoje já há uma versão utilitária com essa motorização, o Corolla Cross. Os carros são produzidos no país com componentes como bateria e motor elétrico importados. A montadora tem meta de vender no Brasil uma versão híbrida de cada modelo até 2025.
As vendas acumuladas de híbridos flex da Toyota no Brasil desde 2019 somam 40 mil unidades e, apesar do preço, que beira os R$ 200 mil cada, a demanda tem superado as expectativas da marca. Segundo o presidente da Toyota no país, Rafael Chang, a montadora tinha previsão de que a participação da tecnologia híbrida flex no total vendido dos modelos Corolla fosse de 20%, mas a fatia já atingiu a faixa dos 30% a 40%.
“A velocidade da eletrificação no mundo é muito rápida e estamos no momento de alinhar o processo de transição das tecnologias”, disse Chang.
Além da tecnologia de motores híbridos flex, a montadora demonstrou carros híbridos plug in totalmente elétricos, que podem ser recarregados na tomada e que funcionam apenas com bateria e a hidrogênio. Na próxima semana, a empresa deve promover nova demonstração voltada para integrantes do governo e de universidades.
Na avaliação da Toyota, o híbrido flex tem a vantagem de aproveitar toda a infraestrutura de postos de combustível já desenvolvida para o etanol e, por ser mais barata que totalmente elétricos e outras tecnologias, é mais viável para o bolso do consumidor brasileiro.
A expectativa da Toyota com a estratégia é evitar que o Brasil acabe optando por apenas uma tecnologia de motorização, dando preferência em suas políticas a apenas os modelos totalmente elétricos, por exemplo.
Harmonização legal
Para além de falta de padrão em questões básicas, como a adoção de um único tipo de tomada para os recarregadores dos veículos elétricos, há ainda desencontros entre programas brasileiros que balizam as emissões de poluentes e a eficiência energética dos veículos, questões regidas pelo Proconve, Rota 2030 e RenovaBio.
Segundo o diretor de assuntos governamentais e regulamentação da Toyota do Brasil, Roberto Braun, é necessária uma harmonização. O Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) “mede as emissões do tanque de combustível à roda e deixa de fora o efeito de toda a cadeia do etanol” até chegar aos veículos.
Isso, segundo ele, acaba encarecendo os veículos, dificultando o processo de descarbonização, já que as regulamentações cada vez mais restritivas para emissão de poluentes tendem a obrigar o uso de tecnologias mais caras como motores totalmente elétricos ou a hidrogênio.
“Os elétricos estão crescendo no segmento alto do mercado. O desafio agora é torná-los acessíveis para outros segmentos”, disse Chang.
“O futuro da descarbonização é a eletrificação e o híbrido flex é um dos caminhos dentro dessa transição. É preciso previsibilidade porque os investimentos das montadoras são para três, quatro, cinco anos à frente e isso afeta toda a cadeia de fornecedores”, acrescentou.
Segundo a associação de montadoras, Anfavea, a participação de veículos híbridos e elétricos nas vendas totais de carros e comerciais leves no Brasil em 2022 atingiu 2,5% até abril, a 13 mil unidades. Em 2021, a fatia foi de 1,8%, após 1% em 2020.
Mercado
A expectativa da Toyota para 2022 é de produzir de 210 mil veículos no Brasil, ante 172 mil montados em 2021, disse Chang.
Segundo ele, a crise na oferta de componentes eletrônicos que aflige as montadoras ainda traz problemas para a produção, algo que “deve continuar até o final do ano”.
Em 2021, a Toyota foi obrigada a fazer duas paradas de produção no Brasil e, neste ano, a empresa ainda não teve problemas, disse Chang.
A fábrica da marca em Sorocaba passou a adotar um terceiro turno de trabalho no início deste ano e a produção está rodando a um ritmo de cerca de 160 mil unidades anuais, ou cerca de 600 carros por dia.
A companhia deve iniciar em setembro exportações de motores para a América do Norte a partir da fábrica de Porto Feliz (SP), pela primeira vez desde a chegada dela ao país nos anos de 1960. A previsão é de 46 mil motores por ano sejam enviados à região.
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