A Toyota do Brasil convidou a imprensa brasileira para apresentar as soluções em eletrificação que oferece em seus veículos mundo afora. Além de Corolla Cross – único da lista já à venda por aqui, como híbrido flex -, a marca japonesa expôs, na fábrica de Sorocaba (SP), o elétrico Lexus UX 300e e o Toyota Mirai, que usa célula de hidrogênio. Mas quem também chamou a atenção foi o Prius híbrido plug-in, disponível em outros mercados, mas longe do Brasil.
E, de acordo com a Toyota, continuará fora do País. Ao Jornal do Carro, o gerente de engenharia de produto, Eduardo Bennacchio, disse que o novo Prius que recarrega em tomadas não tem previsão de chegar ao Brasil. “A tecnologia (híbrida plug-in), sim (deve chegar por aqui), mas não no Prius. Pode ser que a lancemos em outros produtos, mas falar que este Prius virá para cá é, praticamente, improvável”, afirma Bennacchio.
Sem contar que, para vir ao Brasil, o Prius precisaria transformar o motor a combustão interna do conjunto híbrido em flexível. Afinal, uma das metas globais de sustentabilidade da marca é a redução de emissões de gases poluentes. E o etanol seria um aliado.
Além de emitir menos partículas de carbono em comparação à gasolina, o etanol tem o benefício da própria cana-de-açúcar, que absorve o gás carbônico. Ou seja, não basta ver o que sai do escapamento, mas analisar todo o processo. E o seu ciclo é mais limpo.
Mecânica do Prius
A princípio, cabe salientar que, como os conhecidos Corolla e Corolla Cross, o Prius também é um híbrido. Entretanto, o seu conjunto une motor elétrico e outro a combustão, no caso o 1,8 litro de 16V. A potência total é de 123 cv. A diferença é que a bateria – que fica sob o banco traseiro – é maior que nos irmãos e de íons de lítio, com capacidade de 8,8 kWh – contra 1,3 kWh do SUV nacional. Justamente para amplificar o uso do carro em modo elétrico.
E é aí que entra a dificuldade. Afinal, ter esse tipo de veículo, exige mudança de comportamento do motorista, pode rodar entre 45 a 70 km em modo elétrico. Para isso, carrega-se o carro durante a noite. Ou seja, é necessário ter tomada (de baixa tensão) na garagem.
Não tem sentido
Mas a pergunta que fica é: “Será que o cliente local quer esse tipo de solução?”. Essa é a dúvida da Toyota, de acordo com os executivos. Para eles, pode ser que o consumidor não se interesse em pagar mais caro por um produto que precise ficar de 5 a 8 horas carregando em uma tomada, quando já existe a tecnologia híbrida convencional. Assim, acreditam que não haja demanda que justifique a oferta do Prius plug-in, ou de qualquer outro híbrido do tipo no País.
“Se você não faz essa carga noturna (para andar em modo puramente elétrico) já começa a perder o sentido ter esse tipo de produto”, enfatizou Bennacchio na apresentação. Afinal, o sistema deixa o carro ainda mais caro, o que espanta o consumidor.
Na visão da Toyota, por fim, este mercado ainda não tem volume no Brasil, uma vez que a maioria dos consumidores não têm estações de carregamento em casa ou nos prédios e condomínios. Essa interpretação vai na contramão do que outras marcas vêm trabalhando. A Jeep, por exemplo, lançou o Compass 4xe híbrido plug-in. Mas a mecânica faz o preço do SUV (de R$ 350 mil) mais que dobrar na comparação com o flex de entrada, de R$ 170.686.