Pioneira no Brasil ao comercializar o primeiro híbrido movido a etanol, Toyota tem outras tecnologias, mas cobra posicionamento dos órgãos públicos para definir suas estratégias

A Toyota apresenta rotas tecnológicas e soluções rumo à descarbonização. O primeiro passo já foi dado pela marca japonesa, com o lançamento do primeiro híbrido flex do mundo. No entanto, o fabricante chama sociedade, formadores de opinião e governos para um debate a fim de apontar qual caminho seguir para se chegar à neutralidade CO². 

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“Estamos colocando à disposição essas tecnologias para entender e provocar o debate com o governo e a sociedade, para entender a melhor política para desenvolvimento da indústria nesse processo de descarbonização”, diz Rafael Chang, Presidente da Toyota do Brasil. 

Foto | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos – Toyota Prius Hybrid Plug-in não é vendido no mercado brasileiro

Neste processo para entender qual o melhor caminho, a marca diz que não há tecnologia melhor ou pior. “Tem a ver muito com a estrutura que cada país tem. Tem a ver com a matriz energética do país. Eu estou aqui no Brasil, o etanol é um combustível muito limpo. Por isso que uma das primeiras soluções que trouxemos foi o híbrido flex, que combina o conjunto híbrido com um combustível muito limpo que é produzido aqui”, elabora Chang.

Ações do governo rumo à descarbonização

A falta de previsibilidade de ações governamentais é um empecilho para que, não só a Toyota, como outros fabricantes, desenvolvam suas tecnologias neste processo de descarbonização. O programa Rota 2030 está chegando ao fim, e apesar dos avanços, não foi uma solução definitiva. 

Segundo os executivos da Toyota, a discussão rumo à neutralização de carbono tem que ser bem mais abrangente do que é hoje. Não adianta ter um modelo zero emissões, se para ele chegar às ruas a cadeia tenha emitido poluentes. 

“O que é melhor: 40 carros poluindo menos ou apenas um modelo?”, indaga um executivo da marca. A descarbonização completa depende de um conjunto de fatores. Por isso, a Toyota quer propor o debate, para haja um consenso sobre qual caminho seguir.

O ideal é ter um plano a longo prazo, e não um a cada quatro anos, dependente de cada unidade da federação. Apesar das várias tecnologias à disposição, o caminho natural no Brasil deve ser pelo conjunto híbrido, tendo o etanol como protagonista. A Toyota puxou a fila e outras empresas, como Volkswagen e Stellantis, deverão seguir o mesmo caminho. 

Qual é a melhor opção?

Das tecnologias apresentadas pela Toyota, a célula de combustível de hidrogênio parece ser a mais distante. O que pesa contra é a infraestrutura ser muito cara. Hoje, o Mirai é o único modelo Fuel Cell do Brasil e seu sistema de abastecimento na fábrica de Sorocaba (SP) é feito em regime de testes em parceria com a White Martins. 

É comum em países de elevado PIB que uma família tenha um carro para o trabalho e outro para o lazer. O elétrico se apresenta como o modelo para locomoção diária. No entanto, seu custo de aquisição ainda é alto e às vezes chega a ser mais caro que o carro de lazer da família.

No Brasil, além do valor de aquisição ser bem mais alto, ainda há a questão da infraestrutura de recarga, ainda incipiente. Nesse caso, o carro elétrico de massa ainda parece ser um sonho distante. 

Mas como bem disse Chang, não há tecnologia melhor ou pior, mas sim cenários diferentes. Por aqui, pelo menos no caso da marca japonesa, a solução atual são os híbridos flex.

As vendas dos veículos híbridos flex da Toyota (Corolla e Corolla Cross) chegam a 40% do total. O número só não é maior, diz o fabricante, pela capacidade de produção limitada. A aposta da marca japonesa se mostra exitosa, mas ainda não é o suficiente para estimular a produção local e, assim, aumentar oferta. 

O fabricante não confirma, mas tudo indica que o próximo passo será a adoção de modelos híbridos Plug-in com tecnologia Flex. 

Toyota Mirai Fuel Cell movido a células de hidrogênio
Foto | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos – Com tempo de recarga de cinco minutos, Toyota Mirai tem automia de até 647 quilômetros

Conheça as tecnologias da Toyota

Cada uma das tecnologias da Toyota tem matriz energética específica. No Brasil, a marca oferece o híbrido convencional com tecnologia flex e o híbrido do tipo plug-in. Veja:

Veículo de célula de combustível  (FCEVs)

É um veículo elétrico que usa uma célula de combustível em combinação com uma pequena bateria. Os automóveis movidos a célula de combustível de hidrogênio, por exemplo, usam esse gás para alimentar o motor elétrico. O hidrogênio e o oxigênio são combinados para gerar eletricidade.

A vantagem é que a célula a combustível possui baixo impacto ambiental, sem vibrações, sem ruídos, sem combustão e, ainda, sem emissão de material particulado. Os subprodutos da conversão de hidrogênio em eletricidade são água e calor, o que é ótimo para o meio ambiente.

O primeiro automóvel com célula de combustível a hidrogênio produzido comercialmente, o Hyundai Tucson FCEV, foi lançado em 2013. Dois anos depois a Toyota começou a vender o Mirai.

Veículo elétrico a bateria (BEV)

É um veículo elétrico que utiliza exclusivamente energia química armazenada em baterias recarregáveis, sem fonte secundária de propulsão. Os BEVs usam motores elétricos e controladores de motor em vez de motores de combustão interna (ICEs) para propulsão.

Eles obtêm toda a energia de baterias e, portanto, não têm motor de combustão interna, célula de combustível ou tanque de combustível. Esse tipo de carro não emite nenhum gás poluente. Se utiliza uma energia limpa para seu carregamento. Podem ser chamados também de EV (“Electric Vehicle”, ou veículo elétrico).

Motor de combustão interna (ICE)

O combustível mais utilizado atualmente no mundo inteiro é a gasolina. O motor que normalmente equipa os automóveis movidos a gasolina é o de combustão interna, também chamado de motor de explosão interna ou motor a explosão de quatro tempos.

Os termos “combustão” e “explosão” são usados no nome desse motor porque o seu princípio de funcionamento baseia-se no aproveitamento da energia liberada na reação de combustão de uma mistura de ar e combustível que ocorre dentro do cilindro do veículo.

Esse motor também é chamado de “motor de quatro tempos”, porque seu funcionamento ocorre em quatro estágios ou tempos diferentes.

Automóvel híbrido plug-in (PHEVs)

Um automóvel híbrido plug-in (também conhecido como “veículo híbrido elétrico recarregável”) é um automóvel híbrido cuja bateria utilizada para alimentar o motor elétrico pode ser carregada diretamente por meio de uma tomada.

Este tipo de automóvel possui as mesmas características dos híbridos convencionais, tendo um motor elétrico e um de apoio motor a explosão. No híbrido tradicional, a bateria é carregada por meio do motor a explosão ou, em alguns poucos casos, pela energia regenerativa da frenagem.

Essa possibilidade de alimentação alternativa faz com que o modelo plug-in possa operar com uma quantidade significativamente reduzida de combustível fóssil, reduzindo assim suas emissões de gases poluentes.

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