A chegada dos carros elétricos no mundo tem, em paralelo, rendido uma verdadeira aula de química. Embora nem todo mundo tenha conseguido entender, por completo, o funcionamento das baterias de íons de lítio (aquelas, também usadas em smartphones), o papo já avançou. Agora, a bola da vez é a bateria sólida. E a Toyota pretende lançar seu veículo elétrico, já com o componente, a partir do ano que vem. Uma das vantagens da nova tecnologia é a recarga completa em apenas 10 minutos.
É fato que, até hoje, uma das grandes limitações do público em adquirir carro elétrico paira sobre a autonomia. Muitos consumidores temem em ficar na mão em plena rua. Isso vale, principalmente, para países subdesenvolvidos, como o Brasil. Tanto que, aqui, é irrisória a porcentagem de vendas de elétricos na comparação com modelos a combustão. E, a ideia da bateria sólida é, justamente, reverter esse quadro, garantindo eficiência extra.
Mas, qual a diferença da nova bateria?
Baterias de íons de lítio tradicionais, a princípio, utilizam líquido ou gel como eletrólito. Este é o meio que transporta os elétrons entre o ânodo e o cátodo. Em uma bateria de estado sólido, este eletrólito é substituído por um sólido.
Nas baterias de estado sólido, o fornecimento de energia se dá pela estabilização de eletrólitos sólidos em metal de lítio. Dentre as vantagens em relação aos íons de lítio, a novata tem maior densidade energética. Isso serve para acumular mais energia dentro de um menor espaço. Além disso, são mais leves e, inclusive, conseguem prover grandes quantidades de corrente por períodos maiores, sem superaquecimento.
O componente de íons de lítio tendem a ter mais tempo de recarga. Afinal, quanto maior a bateria, maior o peso e, consequentemente, o tempo necessário de carga. Por isso a nova bateria sólida seria capaz de ser completamente recarregada em apenas 10 minutos – e armazenar até 60% mais energia que uma bateria convencional de mesmo volume.
Incêndio
Outro problema que a bateria sólida promete sanar é a possibilidade de incêndio. Hoje, baterias de íons de lítio podem vazar ou pegar fogo, causando sérios danos, como já vistos em veículos e smartphones, por exemplo. A vida útil limitada – medida por quantidade de recargas – também será banida com a chegada da novidade ao mercado.
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Mas, se é tão boa, por que ainda não é realidade? Se você está se fazendo essa pergunta, a resposta é simples: preço. A produção de lítio metálico, necessário para a fabricação de baterias solidas, é mundialmente pequena. Sendo assim, conforme a lei da oferta e da procura, isso limita a capacidade de produção.
Mais de 500 km
A Toyota, cabe salientar, começou a trabalhar com baterias em estado sólido em 2017. Os planos iniciais eram comercializar o componente em seu primeiro veículo elétrico no início de 2020. Está atrasado, mas não deve demorar muito, afinal, oferecer um modelo com recarga rápida e mais de 500 km de autonomia seria uma mão na roda para a Toyota, finalmente, emplacar no segmento de carros zero emissões.
Em relação à outras marcas – como a Nissan, por exemplo, que pretende desenvolver baterias sólidas a partir de 2028 -, a Toyota vem trabalhando pesado nisso. Tanto que ocupa o primeiro lugar no mundo em número de patentes para baterias de estado sólido. Não se sabe, ainda, qual o modelo contemplado pela nova tecnologia, que a marca vem desenvolvendo por meio da Prime Planet Energy & Solutions. Trata-se de uma joint-venture com a Panasonic iniciada em abril.