Bate-papo
Mario Ruiz-Tagle/CEO da Neoenergia
O que é o Corredor Verde de mobilidade elétrica, inaugurado pela Neoenergia?
O Corredor Verde é uma iniciativa para facilitar a mobilidade elétrica, criar cultura para poder facilitar e trazer para o Nordeste um elemento muito importante, que é o veículo elétrico. É um meio de mobilidade que as pessoas hoje estão procurando contribuir de maneira individual a esta transição energética. Vamos atuar em seis dos nove estados do Nordeste, a princípio. Estamos trabalhando com 18 eletropostos, denominados super chargers, que são aqueles que permitem carregar dois veículos ao mesmo tempo em 30 minutos. É uma parada um pouco mais extensa que uma parada normal que a pessoa faz para descanso em uma estrada.
Qual é o objetivo da Neoenergia ao investir em mobilidade elétrica?
Contribuir, dentro do que o setor elétrico considera que tem um grande fator, produto da sua própria estrutura de rede, para que os veículos de combustão, hoje a óleo, migrem para emissões de zero carbono. O primeiro passo foi o programa de álcool do Brasil, o grande programa de biocombustíveis. Não esqueçam que, antes de falar na emissão zero, nós passamos pelos biocombustíveis. Tivemos uma discussão muito curta no tempo, pela velocidade dos avanços tecnológicos, porque surgiram outros que se mostraram mais eficientes e capturaram esse nicho que os biocombustíveis tiveram. Isso é hoje fundamentalmente a geração eólica e a geração solar. No começo, em 2004, se falava no Brasil de um grande programa de biocombustíveis para a queima de álcool em usinas no interior do país. Esse programa evidentemente foi ultrapassado pelo avanço tecnológico da eólica. A eólica, 20 anos atrás, era um sonho e hoje em dia tem um volume de energia que já é suficiente em alguns momentos para abastecer todo o Nordeste, região que era naturalmente importadora de energia se converteu em exportadora de energia. Além disso, temos a geração distribuída, que é uma grande contribuição para a democratização da energia elétrica. Isso permite as microrredes e a entrega da energia a pessoas que estão hoje em dia carentes desse serviço. Nós temos desenvolvido na Neoenergia o maior programa de Luz para Todos no Brasil, ligando pessoas durante os últimos anos. Temos usado esse tipo de tecnologia e tem se mostrado de sucesso.
Como a mobilidade elétrica pode crescer no Brasil?
Todos temos que apostar, as indústrias, os empresários, os empreendedores e a população, além do governo, com a política tributária e a regulação. É uma tendência que vem para ficar. O Brasil tem uma mente renovável, uma cabeça verde, uma bandeira verde e amarela e isso a gente tem que usar no mundo. É um patrimônio que o Brasil tem.
Qual a fonte de energia que abastece os postos do Corredor Verde, vem da rede, vem da energia renovável?
Esse é um fator importante, não adianta ter um Corredor Verde se a energia que a gente gera não é limpa. A energia do Corredor vem da rede, do Sistema Interligado Nacional, energia que circula pelas nossas áreas de concessão e distribuição. O trabalho não é apenas incorporar na rede um volume cada vez maior de energia proveniente de fontes renováveis. Nessa linha, temos desenvolvido nos últimos anos os projetos eólicos Oitis e Chafariz, que são da ordem de 1 mil Megawatt de potência instalada localizados nos estados do Nordeste, entre Bahia e Paraíba para incorporar energia que permita abastecer estes postos. A vantagem é que a matriz energética brasileira vem de fontes hidrelétrica, eólica, fotovoltaica e fontes renováveis. Isso nos garante que os eletropostos estão abastecidos, pelo menos, com boa porcentagem dessa matriz, sobretudo considerando que grande parte da geração nos estados do Nordeste, hoje, é energia renovável.
Quando o Corredor Verde será disponibilizado comercialmente para o público utilizá-lo?
Quanto a fazer o aproveitamento comercial, eu diria mais que comercial e sim abertura ao público para que ele possa usufruir desses eletropostos. Nosso objetivo é fazer testes durante o ano de 2021, com nossa própria rede. São vários tipos de testes, com carros 100% elétricos, carro híbrido, carro a combustão, para mostrar para a população qual é a vantagem de migrar para o carro elétrico ou pelo menos conseguir acelerar o carro híbrido, que são aqueles que funcionam por energia e também podem funcionar por combustível. A nossa intenção é que, a partir de 2022, o sistema do Corredor Verde fique aberto para que toda a população que transita pelas estradas do Nordeste possa utilizar. Nosso objetivo é demonstrar que a solução de mobilidade elétrica nas vias do Nordeste é viável, economicamente rentável e acessível para a população.
*Principais trechos extraídos de live realizada pelo jornal Valor Econômico