Muito se fala a respeito dos carros elétricos — e da corrida para obter o modelo mais eficiente. Dos modelos desenvolvidos por montadoras tradicionais até os fabricados por novas companhias, todos parecem querer uma fatia do transporte menos poluente. Mas, afinal qual é o potencial de mercado a ser explorado no Brasil? Um estudo do Boston Consulting Group mostra que, no Brasil, os carros elétricos ou híbridos devem representar menos de 10% das vendas até 2030.

As razões para isso envolvem o contexto regulatório e de incentivos (ainda incerto, para a consultoria), além de o Brasil já ter uma alternativa mais sustentável do que a gasolina e o diesel por meio do etanol.

Para ter uma ideia do impacto que o combustível que vem da cana-de-açúcar traz, estimativas da Unica mostram que um carro a gasolina, sem a mistura de 27% de etanol, emite 147 gramas de CO2 por quilômetro rodado. Com a mistura, isso cai para 78 gramas e, num carro híbrido movido a etanol, pode chegar a 28 gramas por quilômetro rodado.

Além disso, não custa lembrar que, em 2020, o país alcançou a maior produção de etanol da história, com 35,6 bilhões de litros na safra 2019/2020. É um cenário bem diferente de outros países, que não têm a produção de cana de açúcar e do combustível como uma opção.

Diante desse cenário, Evandro Gussi, presidente da Unica, reforça o papel desse combustível:  “De que adianta ter um veículo elétrico se a energia que o abastece vier de uma termelétrica que queima carvão? O carro elétrico pode não emitir CO2, mas a geração de energia é altamente poluente”.

Esse é o desejo de Pablo Di Si, CEO da Volkswagen para a América Latina, por exemplo. Em entrevista ao Estadão, isso pode facilitar a vinda do carro elétrico para o país, por meio de pesquisas a serem feitas nos próximos anos.

Em uma entrevista concedida à EXAME em 2019, o pesquisador Alisson Lopes, da Universidade de Coventry, no Reino Unido, aponta que há oportunidades para serem exploradas nos próximos 25 anos.

“Hoje, a participação dos híbridos no mercado brasileiro ainda é muito pequena. Mas, com perspectiva otimista, este é o momento certo para o uso dessa tecnologia nos automóveis com o suporte do etanol”, diz.

A Nissan já começou essa corrida, com testes para um modelo conhecido como SOFC – Solid Oxide Fuel Cell. No Brasil, primeiro país a abrigar os testes, eles foram desenvolvidos em parceria com o Instituto de Energia e Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).

Por enquanto, os carros elétricos ainda representam uma pequena porcentagem dentro da frota brasileira. Dados do 1º Anuário da Mobilidadde Elétrica, compilados pela Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME) mostram que o Brasil tem 40 mil veículos elétricos ou híbridos. Ao todo, a frota brasileira tem 46,3 milhões de automóveis em circulação, segundo o Sindipeças.



LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here