Eles ainda não são para todos os bolsos. Mas é inegável que os carros elétricos estão cada vez mais presentes nos catálogos das montadoras – e a preços que já assustaram mais. Já são pelo menos 30 modelos diferentes à venda no país e muitos outros já foram anunciados para os próximos meses, como o Renault Mégane E-Tech. Mas a pergunta que todo interessado no assunto faz é: vale a pena comprar um carro elétrico em 2022?
É uma pergunta pertinente, afinal, são muitas as variáveis que fazem o elétrico valer a pena, além do preço, hoje a partir de R$ 144 mil no caso do iCar. Existem o custo de manutenção, do seguro, a presença ou não de eletropostos, entre outras questões.
Também é preciso levar em conta o local de uso do veículo. Em geral, capitais possuem meios mais amigáveis para elétricos do que cidades menores. Mas será que todas as barreiras já foram vencidas a ponto de valer a pena a compra em 2022?
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Cerca de oito mil pessoas já fizeram as contas, colocaram os prós e contras na mesa e tomaram a decisão de ter um elétrico. Este é o número de modelos comercializados no Brasil desde 2012. Muito pouco, visto que são 46 milhões de veículos em circulação no país. Ou seja, os elétricos representam 0,017% da frota nacional. Mas esses número vem melhorando, ainda que lentamente. Atualmente, a venda de elétricos representa 0,4% de todos os modelos que são vendidos em território nacional.
O aumento pela procura significa que os elétricos valem a pena? Não necessariamente. Quem consome carro elétrico ainda é um público de nicho: normalmente tem mais dinheiro, possivelmente já tem um outro carro – a combustão ou híbrido – e realmente gosta de ser pioneiro – e paga o preço disto.
Comprar carro elétrico hoje é ainda ser pioneiro. É fazer parte do grupo que irá testar, irá pagar mais caro por menos tecnologia, é o que irá sofrer as consequências negativas antes que a maioria usufrua das positivas. É um tipo de beta tester de um serviço que está em andamento e que será inovador, mas hoje ainda é um tanto cheio de probleminhas.
Um deles ainda é a quantidade de pontos de recarga. Um estudo da McKinsey revela que a principal preocupação na hora da compra de um elétrico é o eletroposto – ou a falta dele. Aqui no Brasil, esta é uma preocupação de 64% das pessoas. É mais do que se preocupam os motoristas na Alemanha (58%) e nos Estados Unidos (56%). De fato estes países já contam com uma rede mais consolidada.
Para quem tem um elétrico, falta segurança para ter sempre o carro recarregado – seja em casa ou no trabalho. Há casos de condomínios residenciais em pé de guerra contra os pontos de recarga pequenos, os chamados wall box. Um deles, em São Paulo, instalou o dispositivo e, como o prédio possuía apenas um veículo elétrico, os outros moradores se revoltaram em pagar alguns centavos por cada recarga que este pioneiro beta tester fizesse. Resultado: ninguém adquiriu nenhum veículo elétrico e o morador único arca sozinho com a despesa. Ainda assim ele gasta cerca de 20% do que gastaria para encher o tanque com gasolina nos quase arcaicos postos de gasolina – e sem sair de casa.
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O Brasil possui cerca de 1.500 postos de recarga de elétricos, mas estes ainda estão concentrados no Sudeste e Sul do país. Isso se torna uma barreira sobretudo para longas viagens. Aliás, as viagens são o segundo quesito que mais afastam os compradores – 43%, segundo a pesquisa. A terceira maior preocupação é com a vida útil da bateria – 34%.
Mas afinal de contas, vale a pena ter um elétrico em 2022? A resposta, na maioria das vezes, é não. A não ser que você tenha o dinheiro para ter um, tenha vontade de ser pioneiro, more no eixo Rio-SP, tenha acesso a um wall box em casa ou no trabalho. Se este for o seu caso, vá em frente, sem medo.