O potencial é grande. A Uber contabiliza 93 milhões de usuários em 60 países. São 22 milhões no Brasil, onde cadastrou 600 mil motoristas. A 99, adquirida pela chinesa DiDi, em 2018, também tem números grandiosos: 18 milhões de usuários e 600 mil condutores no Brasil, e 450 milhões de clientes no mundo.
Mas nem tudo são flores. As empresas são alvos de processos judiciais e ações de governos por não reconhecerem relações de trabalho – elas dizem que não empregam motoristas, mas só conectam “parceiros” e usuários. Também sobram críticas pelas respostas a casos de crimes e à poluição ambiental.
Como as companhias planejam responder e o que pensam sobre o futuro da mobilidade?
Já é – novidades já lançadas
A Uber anunciou uma nova categoria, a Uber Comfort, com funcionalidades como carros espaçosos, escolha da temperatura do ar-condicionado e a opção de determinar que o motorista fique em silêncio.
Disponível nos Estados Unidos desde julho, a novidade chega ao Brasil em 25 de novembro nas cidades:
- Bauru, Campinas, Piracicaba, Ribeirão Preto, Santos, São Carlos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, São Paulo e Sorocaba, em SP;
- Belo Horizonte e Uberlândia, em Minas Gerais;
- Rio de Janeiro (RJ);
- Goiânia (GO);
- Campo Grande (MS); e
- Cuiabá (MT).
Em agosto, a 99 colocou em circulação em Curitiba (PR) um carro elétrico, em parceria com a empresa brasileira Hitech Electric. O experimento durou apenas duas semanas, mas pode ser tornar permanente.
O carro elétrico da 99, novidade que a empresa testou em Curitiba (PR) — Foto: Divulgação
A ideia é reduzir as emissões de carbono e fomentar sustentabilidade, de olho em dados segundo os quais mais de 25% das emissões de gás carbônico são fruto da mobilidade (não só dessas empresas, claro).
Integração com transporte público e ciclovias
A Uber vai disponibilizar em São Paulo opções de integração com o transporte público e as ciclovias. Os usuários poderão consultar vias para bicicletas e alternativas de ônibus, metrôs e trens que possam ser conjugadas com os carros.
Tela demonstrativa do Uber Transit — Foto: Divulgação
A ideia, segundo a empresa, é que até 30% dos usuários na cidade percebam a novidade em seus apps nos próximos meses. E os passos seguintes devem ser a venda de bilhetes no aplicativo e alertas no encerramento da viagem sobre a presença de ciclovias, para evitar acidentes ao abrir a porta.
Gestão inteligente de semáforos
A 99 entregou em Porto Alegre (RS) um sistema de gestão inteligente de semáforos que informa dados sobre o trânsito em tempo real, como velocidade média dos carros e os horários de maior movimento.
Até o fim do ano, a empresa terá uma versão 2.0 da ferramenta com análise dos tempos de verde e do sincronismo. Com os dados, agentes de trânsito e policiais podem intervir no fluxo de carros.
“Isso tem interferência direta na qualidade de vida. Uma cidade inteligente é mais fluida, integra modais e devolve tempo para os moradores”, comentou Miguel Jacob, gerente de políticas públicas da 99.
A empresa lançou uma nova ferramenta de “cash back” aos clientes, chamada “Uber Cash”. Funciona como um pacote pré-pago de celular, mas com descontos a cada recarga. Veja o teste.
Calculadora de rendimentos
Para engajar novos e velhos motoristas e entregadores, a Uber lançou nos EUA uma ferramenta que permite estimar rendimentos com base nos dias, horários e regiões em que se pretende trabalhar.
A empresa também lançou nos EUA um recurso de “cash back” para os motoristas, com créditos para combustível e manutenção em troca de certa quantidade de corridas.
A 99 tem um recurso similar para ajudar os motoristas a aumentarem seus rendimentos, o “preço variável”, que sinaliza no mapa locais com maior demanda.
Botão de segurança + onde estou
A Uber lançou recentemente um “botão de pânico” no aplicativo que permite, durante a viagem, informar às autoridades locais a ocorrência de crimes ou ameaças e compartilhar a localização do veículo.
Em Los Angeles, nos EUA, o recurso está integrado aos sistemas de emergência das polícias, permitindo que passageiro e motorista conversem com um policial via mensagem de texto.
Já o aplicativo da 99 tem uma funcionalidade que permite compartilhar com outras pessoas um link com informações do caminho, para aumentar a segurança.
A Cabify também tem um botão de segurança que abre ao usuários as opções de:
- registrar um contato de confiança para que ele receba automaticamente em seu celular todo o trajeto que o passageiro está fazendo;
- compartilhamento de trajeto ao vivo com qualquer pessoa;
- ligação para as autoridades de segurança (190).
Identificação de motoristas
Para combater o uso de contas de motoristas por criminosos, a Uber lançou nos EUA um sistema de verificação de identidade. Além da tecnologia de reconhecimento facial, a ferramenta usa inteligência artificial para solicitar do condutor alguns comandos, como virar a cabeça para um lado ou sorrir.
Elas no volante e no assento
Para ampliar a proporção de mulheres na frota, hoje em 6%, a Uber lançou a campanha #elasnovolante.
Elas no volante e no assento — Foto: Divulgação
A principal medida é um novo botão no app, o U-Elas, que pode ser acionado e desligado pela condutora para aceitar viagens apenas de passageiras. A novidade começa em novembro, em Campinas (SP), Curitiba (PR) e Fortaleza (CE). E a campanha inclui outras medidas:
- parceria com a Localiza para melhores condições de aluguel de carros nas cidades-piloto;
- disponibilização de atendentes mulheres para o suporte técnico;
- palestras e cursos online sobre educação financeira;
- “renda mínima” de R$ 1.500 às novas motoristas nas cidades-pilotos.
A Cabify planeja lançar uma versão de seu aplicativo 100% adaptada para cegos.
O projeto vem sendo tocado por um desenvolvedor cego baseado em Madri, na Espanha, e, segundo a empresa, estará pronto em dezembro em todos os países onde atua.
Em breve pode ser possível chamar um helicóptero da Uber para levar passageiros de um ponto a outro – a depender da cidade.
Batizado Uber Copter, o serviço já está disponível, em modo de testes, em Nova York, onde, segundo a companhia, um voo deve durar cerca de oito minutos e custar entre R$ 800 e R$ 1.000.
Bicicletas e patinetes elétricas
Em 2018, a Uber adquiriu a startup de compartilhamento de bicicletas Jump. A ideia é que o usuário possa retirar bicicletas e baterias de quiosques em locais públicos, e o diferencial é a energia elétrica que dá uma forcinha em subidas e desníveis.
Nos EUA, já há uma versão elétrica de patinetes, também. Mas a empresa não confirma se e quando as novidades chegarão ao Brasil.
Bicicleta da Jump — Foto: Divulgação
A Cabify também tem perspectiva de adicionar patinetes como opção de mobilidade por meio da Movo, uma empresa de micromobilidade do grupo Maxi Mobility.
Luz no celular para achar o motorista
Simples, mas funcional: em cidades dos EUA, quando o motorista chega ao local de uma chamada feita à noite, um alerta luminoso e colorido acende nas telas dos telefones dele e do passageiro, na mesma cor.
O recurso ajuda cliente e condutor a se encontrarem em situações em que muitas pessoas pedem carros ao mesmo tempo – na saída de um show, por exemplo.
Incentivo a restaurantes “sustentáveis”
Para fomentar a sustentabilidade – e revidar críticas de que fomentaria degradação ambiental com seu serviço de entregas Uber Eats –, a Uber lançou neste ano uma ferramenta que permite dispensar o recebimento de talheres descartáveis, guardanapos e canudos.
Segundo Nikki Neuburger, diretora global do Uber Eats, a ideia é que seja possível priorizar na pesquisa no app restaurantes com ações de sustentabilidade, como o uso de matéria-prima de produtores locais.
A ferramenta também vai informar restaurantes que atendam a restrições alimentares, de olho nos 10% da população mundial que têm alergias ou restrições nutricionais.
Futuro distante (mas não tão distante assim)
É isso mesmo: a Uber projeta um veículo voador. Com quatro lugares, mais o assento do piloto (separado dos passageiros por uma espécie de barreira de vidro), ele parece um helicóptero, mas deve ser menor, mais leve e mais silencioso, além de voar mais baixo e usar energia elétrica.
O aparelho vem sendo desenvolvido por diversas fabricantes, como a Aurora e a Embraer, com base nas diretrizes da Uber; a ideia da empresa é se beneficiar da diversidade criativa.
Se tudo correr – ou voar – bem, será possível chamar um Uber pelos ares já em 2023.
“Mais de 1,3 milhão de pessoas morrem em acidentes de carro ao ano. Queremos resolver isso.”
Quem o diz é Brandon Basso, diretor de engenharia de software da Uber e um dos responsáveis pelo sistema de veículos autônomos da companhia.
Sem motorista, o carro usa câmera, radar, lidar (uma espécie de radar baseado em luz), GPS, bancos de dados sobre vias de trânsito e farta inteligência artificial. O objetivo é antever situações, desde o carro da frente freando sem avisar até uma criança correndo atrás de uma bola no meio de uma avenida.
Outra vantagem, diz Basso, será um melhor uso do espaço urbano. Segundo a Uber, os mais de 1 bilhão de carros no mundo ficam 96% do tempo parados, ocupando até 20% das cidades com estacionamento.
Em breve será possível receber comida pelo Uber Eats de carro, moto, bicicleta e… Drones.
Ainda não está claro se os drones vão pousar nas casas dos consumidores ou no topo de um carro que vai completar a jornada.
Seja como for, a empresa espera estar pronta para levar comida pelos ares em dois anos, e empresas como McDonald’s já anunciaram a intenção de aderir.