RIO — “Não me pergunte como, mas conseguimos fazer um evento”, diz Júlio Ludemir, curador e um dos criadores da Flup. Chegando ao seu décimo aniversário, a festa das periferias vive uma situação inédita: não conseguiu autorização do governo federal para captar recursos via Lei Rouanet, essencial para viabilizar outras edições. O evento, que começa nesta sábado, 31, e vai até o dia 8, recorreu ao dinheiro de reserva que havia deixado no ano passado e à Lei Municipal de Incentivo à Cultura (ISS).

Mesmo com poucos recursos, Ludemir topou o desafio de sair do virtual de 2020 para um formato híbrido. A edição se divide em debates on-lines que ficarão disponíveis no canal de YouTube e no Facebook da Flup, e em eventos presenciais em diversos pontos do Morro da Babilônia. A homenageada deste ano é Esperança Garcia, considerada a primeira mulher mulher advogada do Piauí. Em 1770, a escravizada escreveu uma petição ao governador da Capitania em que denunciava as situações de violências pelas quais seus filhos e suas companheiras sofriam. Aldir Blanc também será lembrado: na abertura da festa, hoje, um carro de som ecoará letras do mestre tijucano recitadas por Maria Bethânia.

Destaques da programação

Fluplix — Maratona de painéis on-line: A partir das 14h deste sábado, 31, a Flup disponibiliza debates e encontros virtuais. Entre os destaques, o rapper Emicida e o sociólogo português Boaventura de Sousa discutem a diáspora através da palavra falada e Djamila Ribeiro e Tanella Boni falam sobre a sabedoria das mulheres mais velhas. Os vídeos podem ser assistidos no YouTube (https://www.youtube.com/c/FLUPRJ) e Facebook (https://www.facebook.com/FlupRJ).

Ocupação poética: Dia 31, a partir das 19h, o evento abre suas atividades presenciais no Morro da Babilônia, no Rio de Janeiro, com videomapping nas paredes e fachadas da favela, ao som da voz de Maria Bethânia recitando Aldir Blanc. No larguinho do Bar do Tomás, na Ladeira Ary Barroso, acontece o Slam das Minas, disputa poética que se tornou o principal slam da cidade. Com curadoria de Biancka Fernandes e Wescla Vasconcelos, o Matheusarau! ocupa o Bar da Teresa, no Rodinho da Babilônia, com poesias e performances de artistas LGBTQIA+. Já o tradicional Sarau do Escritório acontece no Estrelas da Babilônia.

Slam Coalkan: O primeiro sarau totalmente indígena do mundo vai reunir povos originários das Américas do Sul e do Norte. Dia 30, das 16h às 18h; e dia 31, das 20h às 22h.

Slam Aby Ayala: 14 poetas das três Américas disputam vagas para a Copa do Mundo de Poesia, a ser realizada na Bélgica em 2022. Dias 5, 6 e 7 de novembro.

Slam Garcia Esperança: Do 31 até o dia 8 de novembro, jovens de escolas públicas de sete estados participam do sarau sobre mulheres negras.

Prêmio Ecio Salles: No dia 7, a Flup homenageia dez parceiros fundamentais na sua história.

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