Para trabalho, lazer ou ambos, a Volkswagen Kombi, que deixou o mercado brasileiro em 2013, ainda é um veículo versátil e amado por muitos brasileiros. Não é incomum cruzar com uma na estrada, levando casais e famílias para destinos remotos. Em tempos de pandemia e distanciamento, as Kombis se transformam em motor-homes.
O sonho ainda é distante, mas pode servir de inspiração. Na semana passada, a Volkswagen apresentou a nova Multivan (ou T7, a sétima geração da Transporter, nome que deixou de ser usado), sucessora da Caravelle para os mercados europeus, agora baseada na plataforma MQB, a mesma, por exemplo, do Jetta, Taos e Tiguan vendidos no Brasil.
A Multivan tem design exterior totalmente novo que homenageia o DNA de seus antecessores e que relembra as antigas Transporters, com uma linha de design horizontal, que lhe confere visual moderno e dinâmico.
A nova geração tem distância entre-eixos mais longa e um perfil amplo e mais baixo em relação à Caravelle, melhorando sua aerodinâmica. Descolada, chega a ter, conforme a versão, rodas de 19 polegadas, teto de vidro panorâmico com vidro que reduz a radiação solar e porta traseira e laterais deslizantes elétricas, que podem ser operadas por gestos, entre outras tecnologias.
Por dentro, a nova Multivan está mais flexível e espaçosa: com até sete assentos, pode ter os cinco traseiros movidos e removidos. Uma mesa multifuncional é usada como um console central entre os assentos dianteiros. E tem amplo espaço para bagagem: 469 litros atrás da terceira fila de bancos, podendo ir a 4.053 litros na versão mais longa.
Outra novidade é em sua motorização – pela primeira vez a van será oferecida com motor híbrido plug-in: um 1.4 TSI de 150 cv, que opera junto com um elétrico de 115 cv, entregando 215 cv de potência combinada, associado ao câmbio DSG de seis marchas. Só na eletricidade, tem autonomia de 132 km.
Paixão de pai para filho
No atual mercado brasileiro que cada vez mais é dominado pelos SUVs, mais tecnológicos e caros, difícil sugerir que a Volks decida voltar a produzir sua “Velha Senhora”. Afinal, a antiga Kombi fazia parte da geração T1 e T2 e é um modelo que faz sucesso até hoje pela sua simplicidade e modularidade.
A Bahia mesmo é cheia de boas histórias de apaixonados por Kombis. O engenheiro e empresário Hermógenes de Sá Barros Filho, de 32 anos, é um desses, paixão que herdou do pai. Morador de Lauro de Freitas, possui hoje um modelo 2010, e se lembra com carinho de outras que seu pai teve: anos 86, 98, 2000 e hoje uma “2010, igual à minha”.
“Desde pequeno aqui em casa sempre teve Kombi, tivemos quatro antes de eu adquirir a minha. Aprendi a dirigir em uma delas. Peguei afeto por Kombi”, conta. Para ele, a “perua” da Volks sempre foi o carro ideal para a família, pois serve para todo tipo de trabalho e para passeio. “Apesar do desconforto na direção”, confessa o engenheiro.
Quando a adquiriu, ela era branca e com algumas avarias. Com o tempo, foi a transformando: trocou faróis e instalou uma direção elétrica. “Pintei ela de preta com detalhes em laranja, troquei os bancos dianteiros e confeccionei os para-choques com um estilo off-road. Ainda está em processo de modificações, mas o principal já está pronto. E fiz tudo no quintal de casa”, conta Hermógenes, todo orgulhoso. Até sistema multimídia ela recebeu.
A sua Kombi é usada para tudo. Ele trabalha no ramo de construção e reforma, para carregar trabalhadores, ferramentas e materiais: é um almoxarifado ambulante. Aos fins de semana se transforma em veículo de lazer: “Desde pequeno fiz várias viagens para o interior com minha família. Com a minha, gosto muito de viajar com minha esposa, Vanessa, para as cachoeiras da região de Jequié”. Nos planos estão transformar sua Kombi em um motor-home e viajar pelo Brasil.
Quem quiser conhecer mais sobre as histórias dessa paixão pode acompanhar sua página no Instagram: a @kombiagreste, que já passa de cinco mil seguidores.
Motor-home para o mundo
Quem tirou os planos do papel e já roda com sua Kombi pelas estradas é o jornalista César Marques, de 51 anos. Por causa da pandemia, ele adiou um projeto chamado Três Américas, com o qual pretende chegar à Califórnia. Enquanto isso, circula pela Bahia. “Já fiz uma expedição de 40 dias: Chapada Diamantina, Mucugê, Lençóis e Itacaré. Depois fomos para o extremo sul – Porto Seguro, Arraial d’Ajuda, Trancoso e Caraíva”, conta.
A paixão também veio por influência do pai. “Desde pequeno eu gosto de Kombi. Meu pai teve uma em 1975 e isso marcou minha infância. Tive uma em 1989, que usava para trabalho. Esta atual é minha segunda Kombi, uma Furgão 2005”.
Marques cita outros motivos de sua admiração. “Além do charme e de ser um carro que não é mais fabricado, chama atenção onde paro. Depois, pela sua mecânica simples e de fácil manutenção. É um carro que tem a facilidade de andar em qualquer terreno e entrar em qualquer estacionamento e ruas estreitas”. Além dela, o jornalista possui um Ford EcoSport e um Jeep Renegade.
Batizada de #kombimidia, a sua Volkswagen foi completamente reformada: motor, elétrica e freios. E a transformou em um motor-home, para suas viagens. “Eu a fiz artesanalmente. Todos os móveis foram construídos em compensado naval. Tenho placa solar, duas baterias estacionárias, geladeira, fogão com forno e duas bocas, banheiro químicos, ar-condicionado, dois tanques de água com 40 litros cada, pia e torneira”, descreve Marques.
Afinal, tudo faz parte de seu trabalho. Fotógrafo e videomaker, ele usa a Kombi para suas expedições, junto de sua esposa Tatiana. “Conheci Kombi-homes quando morei na Europa em 2007 e aluguei uma para viajar por alguns países. De todas as viagens, o momento mais marcante é a partida. O momento de sair, desatar os nós que nos prendem ao cotidiano, as obrigações laborais. Sempre encontro viajantes e sempre os recebo em minha casa”, diz Marques.
Seus projetos e aventuras podem ser conferidos no perfil @jornalistanakombi, pelo Instagram.