Caros leitores, digníssimas leitoras: um dos temas que já abordamos por aqui é o processo de “eletrificação” ao qual a indústria automotiva vem passando. Processo que está cada vez mais forte na Europa e agora vem crescendo por aqui em terra tupiniquim – nós já publicamos um relato a respeito aqui.
Mas, como anda esse mercado?
Em janeiro tivemos quase 1,6 mil carros (elétricos e/ou híbridos) comercializados no Brasil. O que representou um crescimento de 320% sobre janeiro do ano passado, quando tivemos míseros 373 carros vendidos.
OK, pode parecer quase nada, mas isso representa quase 1% de todos os carros vendidos no país nesse período. Para fazermos uma análise mais justa, esses tipos de veículos venderam mais que, por exemplo, vendeu a: Peugeot, ou Mitsubishi + Audi, ou BMW + M. Benz, ou Kia + Volvo + Land Rover. Aqui fica a seu critério a escolha de comparação.
Parece que o mundo automotivo (150 anos depois) vem redescobrindo a eletrificação dos veículos.
Mas o que vem motivando esse crescimento por esse tipo de veículo aqui no Brasil?
Bem, o grande culpado (por este crescimento) no mercado brasileiro, tem nome e sobrenome: Toyota
O problema da Toyota é que eles não sabem brincar… quando eles decidem fazer as suas “toyotices”, sobra quase nada para os demais.
O mercado cresceu 320%. Mas o crescimento da Toyota com esses veículos foi de “apenas” 622% (de 172 carros para 1.242); a Volvo cresceu 225%; BMW subiu 31% e a Renault, que vem colocando o seu Zoe como carro de aplicativo elétrico, só 10,5% de evolução.
Isso implica em afirmar que, neste ano, a Toyota detém 80% neste mercado. Viu só? É a Toyota fazendo as suas “toyotices”!
Para complementar, dos 1.242 carros híbridos da Toyota, 48% foram do RAV4; 51% do Corolla e apenas 1% do Prius, o pioneiro.
E aí, para facilitar a vida de vocês, nós tivemos a ousadia de pedir para os japoneses da Toyota emprestarem os seus carros híbridos para darmos uma bisolhada neles. Logicamente que não esperávamos que eles tivessem a ousadia de emprestar; afinal de contas, os orientais – em geral – possuem uma certa aversão ao risco (e quer risco maior do que emprestar um carro para o estagiário?).
Mas eles emprestaram!
A nossa epopéia
Ela já começou com a retirada do veículo, que tinha que ser feita na fábrica, em São Bernardo do Campo. A Bike do Itaú, que uso, não chega até lá.
Resolvido isso, me preparei devidamente para fazer a retirada. Como todo “ser humano”, nós tínhamos os nossos “pré-conceitos” sobre a marca. A primeira é que a Toyota é “carro de tiozão” (neste caso, corri atrás de um pulôver – padrão tio Sukita – e já havia decorado todas as piadas clássicas …é PAVÊ ou PA CUMÊ?); a segunda é que – para mim – os carros da Toyota sempre me lembravam o Leônidas:
Afinal de contas, requinte e Toyota não cabiam na mesma frase. E a fama de carro “espartano” é bem forte na marca.
Aí vem a Toyota, dando uma bofetada na cara do estagiário.
Voltando ao carro. Esse novo RAV-4 não tem nada a ver com as antigas gerações do carro. Ou seja, esqueça tudo o que você tinha visto sobre o RAV-4. Isso aqui, amiguinhos, é um novo carro!
O RAV-4 é um SUV “parrudo” (não igual aos outros SUV “compactos”), com cara de invocado. Se você tinha os mesmos pré-conceitos que eu, fique sabendo que a mudança foi brutal: a beleza do veículo é tanta que ele conseguiu deixar o estagiário até mais bonito.
Mas, apesar de tudo, a Toyota consegue dar as suas “deslizadas”. Afinal de contas, colocar uma televisão de tubo com CD player (quem hoje em dia usa CD? Só faltou colocar a disqueteira no porta-malas), nos faz lembrar que até as “musas inspiradoras” (Toyota) fazem o número 2.
A grande sacada da Toyota é ela não estar comercializando um carro 100% elétrico ou um híbrido plug-in (os veículos híbridos plug-in serão o tema do próximo post); mas um carro com motor a combustão (a gasolina, de 2,5 litros) trabalhando em conjunto com três motores elétricos que carregam suas baterias por conta própria, seja através do motor ou usando o sistema de frenagem.
O que isso quer dizer? Que os 4 motores combinados podem gerar uma potencia máxima de 222 cavalos. Só de você pensar em “vou pisar no acelerador do carro”, o carro já foi…
Outra análise feita é que, se você pensar em segurança, ele tem de tudo e mais um pouco. O que mais utilizamos foi o sistema PCS do veículo (Pre-Crash System), ou seja, se você for bater o carro, ele te avisa com alerta sonoro (bem alto) e visual, além de fazer uma frenagem automática. E funciona mesmo. Com a gente ele funcionou umas três vezes (vai ver que foi por isso que eles tiveram a coragem de emprestar o carro).
A nossa dúvida foi que: com um motor a gasolina de 2,5 litros, o carro tenderia a ser meio beberrão… grande engano. Rodamos com ele 632 km (60% estrada e 40% cidade), e o devolvemos com mais de ¼ do tanque de combustível. Ou seja, ele faz 900 km de boa!
Dando continuidade à nossa saga, pegamos o Corolla híbrido.
O que temos para falar do Corolla? Nada! Um carro que existe desde 1966, com mais de 40 milhões de unidades vendidas no mundo inteiro, deve ter lá suas qualidades. Essa 12º geração só serviu para melhorar o que era excelente.
No Brasil, o segmento de sedãs médios é composto basicamente por Corolla, Chevrolet Cruze, Honda Civic, VW Jetta, Nissan Sentra e Audi A3 Sedan. Neste contexto, 50% do que é vendido é de Corolla, enquanto os outros cinco disputam os 50% restantes. O Corolla está anos luz à frente dos concorrentes, tanto que consegue vender mais que o dobro do segundo colocado (Cruze).
Mas qual foi a grande sacada aqui? A Toyota fez o híbrido perfeito! Diferentemente do RAV4, o motor a combustão do Corolla é flex (o que ainda faz sentido em São Paulo e sua fartura de etanol).
Rodamos um pouco mais com o Corolla do que com o RAV4. Foram 852 Km, grande parte na cidade, e o ponteiro de combustível quase não baixou! Quando pegamos o carro, a autonomia apontada passava dos 1,1 mil km.
E, para não me alongar mais na história, qual o resultado disso tudo?
Que a Toyota, mais uma vez, fez uma “toyotice”. Ela soltou no mercado brasileiro dois carros híbridos excelentes, sendo um deles flex (e que já era o sedã médio mais vendido há séculos).
Não existe, no curto prazo, algum “grande concorrente” para ela; vai nadar de braçadas neste nicho de carros híbridos por um bom tempo; e quando finalmente chegar algum concorrente pra valer, ela provavelmente já estará posicionada para lançar uma nova geração dos seus veículos.
Os japas são demais!
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