Qual foi a última vez que você entrou em uma Blockbuster
? Com as novas plataformas de streaming, é difícil de acreditar que um dia já precisamos nos deslocar para escolher o DVD de um filme – e ainda pagar multa se não devolvesse na data combinada.
O que poucos sabem é que em 2000, a Blockbuster teve a oportunidade de comprar a Netflix
por US$ 50 milhões. Os donos da antiga locadora riram da proposta oferecida pela start-up, que à época tinha um serviço de motoboys para entregar filmes nas casas das pessoas, que poderiam solicitar o aluguel pela internet. Em 2010, a Blockbuster abriu falência, e a Netflix dominou o mundo.
A história é muito bem contada no livro “That Will Never Work”, do co-fundador da Netflix Marc Randolph. Isso deixa uma lição importante sobre o mercado: ele é implacável. Ou você se adapta às tendências, ou está fora. Com as mudanças recentes nos paradigmas da mobilidade
, vemos as primeiras movimentações sobre o futuro das fabricantes de veículos automotores
no Brasil e no mundo.
Um novo cliente
Desde 2015, o Detran repercute a queda do interesse de jovens entre 18 e 25 anos em tirar a Carteira Nacional de Habilitação. Da mesma forma, as gerações que vieram a partir dos anos 1980 já não curtem tanto a ideia de ter um automóvel quanto antes, mesmo que sejam habilitadas a dirigir.
Comprar e manter um carro no Brasil é tarefa para poucos. Seguro, combustível, pneus, licenciamento e impostos são algumas das várias despesas que o proprietário terá que arcar ao longo dos anos, sem falar na depreciação
.
Por este motivo, algumas fabricantes
já começaram a se mover para que seus produtos sejam oferecidos por meio de parcerias em locadoras. Em anos de crise, esperar o cliente entrar na concessionária pode ser dormir no ponto.
Carro por assinatura
Segundo a Porto Seguro, uma das empresas adeptas do aluguel de carros, ter um veículo por assinatura pode ser até 24% mais barato do que financiar um automóvel
. A empresa oferece dois tipos de planos, sendo que o mais acessível é o Controle (a partir de R$ 999/mês). Com duração de 12 meses, o contrato de carro por assinatura prevê uma franquia de rodagem de 500 km/mês, com custo de R$ 0,80 por quilômetro adicional, e permite a escolha de dois carros compactos.
O plano mais caro é o Convencional (a partir de R$ 1.189). Com duração para até dois anos, o contrato permite ao motorista rodar até 1.000 km por mês e a escolha de mais de trinta carros, entre modelos compactos, SUVs e de luxo.
Kinto
A Toyota está apostando pesado na empresa Kinto, presente em 29 países, incluindo o Brasil. Roger Armellini, diretor de mobilidade da Toyota, afirma que a nova empresa de carros por assinatura é um grande passo para a montadora na transição de uma fabricante de veículos para prestadora de serviços de mobilidade. A mesma filosofia está sendo seguida por outras fabricantes, como BMW e Volvo.
O principal serviço é o Kinto Share, plataforma de aluguel de carros de Toyota e Lexus por horas ou dias, em um esquema semelhante ao Turbi. Já o Kinto One atende frotas para empresas.
A Toyota disponibiliza quatro planos de adesão para o Kinto: Mobilidade (Etios e Yaris), Urbana (RAV4), Utilidade (Hilux e SW4) e Tecnologia (Corolla e Prius), contando com três opções de veículos híbridos. Os agendamentos podem ser feitos pelo app disponível para Android e iOS.
Frota híbrida da Volkswagen
A Volkswagen, por sua vez, fechou uma parceria com a locadora Unidas para que sua frota de veículos híbridos seja disponibilizada ao público via assinatura. Este foi o destino das unidades encalhadas do Golf GTE híbrido, que agora poderão ser adquiridas temporariamente em São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.
O modelo híbrido tem motor 1.4 de 150 cv de potência e 25,5 kgfm de torque. Aliado ao propulsor elétrico dianteiro, o Golf GTE pode entregar potência e torque combinado de 204 cv e 35,5 kgfm de torque. O consumo, segundo o Inmetro, chega a 13,3 km/l com gasolina.
O futuro é logo ali
Nem todas as plataformas de carro por assinatura funcionam. O Maven, recurso para aluguel de veículos elétricos da Chevrolet, foi descontinuado nos Estados Unidos em abril de 2020. Resta saber se o brasileiro, que tem a cultura de gastar verdadeiras fortunas para ter um carro, poderá desvencilhar-se do sentimento de “posse”.
Em entrevista ao iG Carros, Maurício Feldman, CEO da Volanty, plataforma que negocia veículos seminovos, afirmou que o brasileiro ainda dá muita importância em possuir um automóvel próprio. “Carro no Brasil ainda é questão de status. Muitas vezes, ainda é uma das compras mais importantes que as famílias podem fazer na vida”, afirma.
E você? Está disposto a abdicar a posse de um automóvel financiado para usufruir de novas soluções inteligentes de mobilidade? Deixe sua opinião na caixa de comentários abaixo: