Os tempos mudaram e a Volkswagen sabe bem disso. Por isso, trocou o clássico purista dos esportivos compactos, o Golf GTI, por seu irmão híbrido plug-in, o Golf GTE.
A nova proposta é limitada, pois, apenas 99 clientes poderão levar para casa um Golf que une esportividade e alta eficiência energética.
Custando R$ 199.990 e já fora de linha na Europa, o Golf GTE é aquele carro para você sentir o gostinho do que vem mais adiante.
Sem ser completamente um carro esportivo, com algumas ressalvas, o Golf GTE anda como tal, mas também bebe como um plug-in, podendo até dispensar o posto no dia a dia.
São 204 cavalos combinados, que dão ao “quase purista” uma performance surpreendente e, ao mesmo tempo, um consumo além da imaginação…
Por fora…
Como você já viu, o Volkswagen Golf GTE 2019 é quase um GTI no visual. Ele tem elementos que o tornam exclusivo em relação ao irmão abastecido apenas por gasolina.
Se no GTI o vermelho é o destaque, no GTE o azul é que domina. Os faróis full LED possuem filetes nessa cor, assim como na grade estilizada com a sigla da versão.
Os para-choques são esportivos com direito a assinatura em LED na forma de “C” e difusor de ar traseiro, com escape duplo cromado.
As rodas de liga leve aro 16 polegadas são pequenas, assim como seus pneus 205/55 R16. Com teto solar panorâmico, lanternas em LED e cor Azul Atlantic, o GTE é um convite irrecusável.
Por dentro…
No interior, o Golf GTE também te convida a leva-lo para casa. É simplesmente muito agradável aos olhos e ao corpo.
O ambiente é totalmente GT e o cluster digital exagera demais na apresentação. Sem dúvidas, é o mais bonito painel de instrumentos da VW.
No modo GTE, ele destaca a opção de performance, mas também mescla tantas funcionalidades, que é preciso mais do que alguns poucos dias para decifra-lo.
Para cada modo, um estilo e apresentação diferentes. Já a multimídia Discover Media funde os extras do GTI com os do híbrido plug-in, criando assim uma suíte eletrônica exclusiva do GTE.
Tem de monitor de desempenho até histórico de eficiência energética, passando pela programação de recarga da bateria e seu nível de carga.
Volante esportivo de fundo chato com paddle shifts e a sigla GTE bem vistosa, sensor de aproximação na multimídia e ar condicionado dual zone chamam atenção.
O acabamento geral leva costuras em azul, enquanto os bancos em tecido possuem padronagem xadrez, mas em tom azul, diferente do vermelho do GTI.
Ambiente escurecido até o teto, o Golf GTE tem teto solar elétrico e um pacote completo, tudo de série. Os bancos dianteiros vestem bem o corpo e o espaço atrás é bom.
Já o porta-malas tem 313 litros. É menor que o do GTI, já que o tanque de 40 litros fica no lugar do estepe. Reparador e calibrador ficam no compartimento.
Por ruas e estradas…
O Golf GTE é uma excelente mostra de como a hibridização plug-in pode tornar certas coisas consideradas impossíveis em algo crível. Como unir alta performance e economia extrema?
Para ter tudo isso, é necessário agregar um pacote tecnológico complexo e, infelizmente, caro. Meio caminho entre o passado purista e o futuro eletrificado, o GTE é a união perfeita hoje.
Sob o capô, o Golf GTE dispõe do forte EA211 1.4 TSI a gasolina, que até poderia ser flex e nacional, trabalhando para entregar 150 cavalos a 5.000 rpm e 25,5 kgfm a 1.500 rpm.
Para um hipotético Golf GTS, já seria interessante, mas aqui ele trabalha com um motor elétrico de 102 cavalos e 33,5 kgfm, escondido dentro da transmissão DSG.
Essa caixa automatizada tem três embreagens, sendo duas para o motor e um para o elétrico. Para completar o conjunto, o Golf GTE usa ainda bateria de lítio de 8,8 kWh.
O arranjo a bordo do Golf reduziu seu tanque para 40 litros, sendo este levado para baixo do porta-malas. Com arquitetura elétrica complexa, o GTE se resume em andar muito e beber pouco.
Aí, logo de cara se nota que não é um Golf comum. Parecendo um GTI em quase tudo, as aparências enganam logo ao ligar o carro.
Nada de ronco do 2.0 TSI de 230 cavalos e 35,7 kgfm do clássico alemão. Usando a energia, o GTE desliza tão suavemente quanto um sedã grande de classe executiva.
Silenciosamente, o Golf híbrido não é nada parecido com o Toyota Prius, por exemplo. Ele pode acelerar muito rápido, entregando força surpreendente usando apenas o E-Mode.
Este é o modo 100% elétrico do GTE e permite alcançar até 130 km/h somente com 102 cavalos e 33,5 kgfm. Se isso parece um diesel lento? Ledo engano.
Tudo é entregue de imediato e é possível até cantar os pneus rapidamente nesse modo. É gostoso, divertido acelerar ouvindo um zunido de motor elétrico.
Não existe busca por torque ou potência, basta enfiar o pé que o GTE salta tão rápido quanto um GTI. Contudo, quanto mais se pisa, mais a energia vai embora.
Observando a animação no Discover Media, o “life” do GTE vai caindo. Conseguimos rodar 28 km na estrada, com média de 80 km/h. Nas descidas, ele regenera parte de carga.
Na cidade, roda-se bem mais, chegando mesmo a 50 km de autonomia.
A vantagem do plug-in é que ao zerar a bateria (obviamente não completamente), o motor 1.4 TSI entra para recuperar a energia.
Nesse caso, pode-se optar tanto pelo modo Battery Charge quanto pelo modo Hydrid, sendo que o primeiro foca na recarga das células, não dando descanso ao motor.
Esse modo é interessante para sabermos se um Golf GTS seria possível. Como? Quando usa a recarga da bateria, o GTE mantém a propulsão 100% no 1.4 TSI.
Sim, ele anda bem! Mesmo com a parafernália do híbrido plug-in, o 1.4 TSI puxa bem o Golf GTE, permitindo uma dirigibilidade de esportivo, realmente.
Isso é ótimo para se avaliar essa possibilidade, que nunca vai se realizar (GTS, apenas Polo e Virtus, contente-se). Também é um modo de gastar mais combustível…
Por isso, o modo Hybrid é o melhor dos mundos no GTE, permitindo o uso racional de motor a gasolina e elétrico. Segundo a VW, é aí que alcança em torno de 900 km e chega a 222 km/h.
Rodando nesse modo, o propulsor entra com alguma frequência, mas em breves períodos. Quando se exige mais força, o 1.4 TSI age.
No entanto, rodando de forma moderada, ele fica mais desligado, deixando o motor elétrico mover o esportivo com mais eficiência.
Na cidade, o ponteiro ora está em 1.500 rpm, ora em 0 rpm. O nível de economia aí é ótimo, com média de 24 km/l na cidade, andando moderadamente.
Em rodovia, o consumo chega a 21 km/l, o que é excelente. Rodando a 110 km/h, o ponteiro virtual marca 2.000 rpm, mas é aquilo, no E-Mode ele zera.
E anda mesmo? Sim, e muito. Em todos os modos do sistema híbrido, o Golf GTE responde muito bem, não faltando oportunidade para medir sua força.
O ponteiro rapidamente sobe de giro no Hybrid e alcança fácil os 6.000 rpm, deixando qualquer dúvida para trás.
A aceleração é vigorosa e o trabalho do EA211 e da caixa DQ400E é de um casamento perfeito. Fora o ronco atenuado do motor, nada diz que existem duas coisas tão distintas funcionando.
Contudo, o Golf GTE é um esportivo e está aí para fazer jus ao termo “GT”, como seu irmão GTI. Assim, o modo GTE é a opção lógica para ver até aonde ele vai.
Ao acionar, o cluster muda e o carro também. Entregando tudo o que tem direito, o GTE decola tão rápido quanto um GTI. Sim, este irmão eletrificado não faz feio, nunca.
Direção mais direta, parâmetros no ponto máximo e dois motores livres para acelerar, deixam o GTE do jeito que muitos gostam, rápido, muito rápido e divertido.
O ronco do 1.4 TSI se eleva e o ponteiro passar além dos 6.000 rpm, marcando as seis marchas que passam rápido e tornando o carro bem arisco.
Se você ainda acha que isso é pouco, o GTE permite que você interfira nessa história, mudando as marchas ao bel-prazer. Aí, ele funciona mesmo como se só tivesse o TSI.
É interessante notar o fluxo de energia indo para as rodas, assim como aquelas que provêm do motor. Ainda que tenha tudo isso, o GTE verdadeiramente não soma as forças.
A potência combinada é de 204 cavalos e o torque não passa dos 35,7 kgfm. De qualquer forma, pelo que ele entrega, mesmo se fosse menos, não reclamaríamos.
E a coisa não termina aí. Para ajudar a recuperar mais energia, o modo B da alavanca de marchas do DSG aciona o freio-motor elétrico, que repõe mais rapidamente a carga.
Além disso, quem quiser guardar energia para mais tarde, pode optar pelo modo Battery Hold, que mantém o nível de energia, embora o 1.4 TSI acione também o motor elétrico.
Com tudo isso, o Golf GTE é apenas curtição, podendo ainda ser explorado mais com o gerenciamento de energia.
Pode-se observar desde a autonomia restante até espiar brevemente o monitor de desempenho, especialmente no mostrador de força g…
Na recarga, a tomada de 220V precisa estar aterrada para que em 2h45m a bateria esteja completa. Em carregadores rápidos (a VW não vende wallbox), o tempo cai para minutos.
Tendo esse pacote, o Golf GTE apenas faz o que um GTI sabe fazer, rodar com esportividade raiz, tendo direção bem direta e suspensão direta, com uma dinâmica exemplar.
Gostoso de dirigir em qualquer momento, o Golf GTE faz curvas de forma emocionante e permite ousar mais, ainda que, mantendo a consciência do que se está fazendo.
De todo, porém, só as rodas aro 16 polegadas com pneus 205/55 R16 não satisfazem o potencial do carro, dobrando mais facilmente que num conjunto de aro 17 ou 18.
Isso prejudica muito pouco a estabilidade, já que o Golf GTE tem um comportamento realmente bem neutro, mas nos faz lembrar que eles (os pneus) estão sofrendo ao cantar.
Cantam facilmente em curvas onde não deveriam, mostrando que um conjunto maior é o ideal. De qualquer forma, por sua proposta disruptiva, o GTE até que passa bem por isso.
Em estradas sinuosas e sem trânsito, o Golf GTE mostra que nem pneus altos e estreitos são o limite para uma condução realmente empolgante.
Mesmo os freios, nessa condição, são ótimos em parar bem esse Golf híbrido, que cativa logo nos primeiros quilômetros e deixa saudades quando a chave muda de mão.
Por você…
O Golf GTE não é um carro barato e nem atual. Já fora de linha, foram reservados 99 exemplares para o Brasil. Isso não chega a ser um demérito no caso de um esportivo.
Bem exclusivo mesmo custando menos, poucos o terão por aqui. Todo completo, inclusive com ACC Front Assist, o Golf GTE não é um GTI que bebe pouco, é um carro diferente, único.
Ele se permite ser um carro elétrico no dia a dia, com recarga em casa ou no trabalho, silencioso e sem fazer fumaça ou ser lento.
No fim de semana, o GTE vira aquele carro para passear, curtir. Tendo a performance de um esportivo nato e, mesmo assim, rendendo muito mais que qualquer urbano 1.0.
Com essas características, o Golf GTE será um daqueles carros que custarão muito daqui a 10, 15 ou 20 anos. Se ainda tivermos gasolina, será um clássico apreciável.
Medidas e números…
Ficha Técnica do Volkswagen Golf GTE 2019
Motor/Transmissão
Número de cilindros – 4 em linha, turbo
Cilindrada – 1.395 cm³
Potência – 150 cv a 5.000 rpm (gasolina)
Torque – 25,5 kgfm a 1.500 rpm (gasolina)
Potência elétrico – 102 cv a 0 rpm
Torque elétrico – 33,5 kfgm a 0 rpm
Potência combinada – 204 cv
Torque combinado – 35,7 kgfm
Transmissão – Automatizada de tripla embreagem de seis marchas DSG com trocas manuais na alavanca e volante
Desempenho
Aceleração de 0 a 100 km/h – 7,6 segundos
Velocidade máxima – 222 km/h
Rotação a 110 km/h – 2.000 rpm
Consumo urbano – 24 km/litro
Consumo rodoviário – 21 km/litro
Suspensão/Direção
Dianteira – McPherson/Traseira – Multilink
Elétrica
Freios
Discos dianteiros e traseiros com ABS e EDB
Rodas/Pneus
Liga leve aro 20 com pneus 205/55 R16
Dimensões/Pesos/Capacidades
Comprimento – 4.276 mm
Largura – 1.799 mm (sem retrovisores)
Altura – 1.484 mm
Entre eixos – 2.637 mm
Peso em ordem de marcha – 1.524 kg
Tanque – 40 litros
Porta-malas – 313 litros
Preço: R$ 199.990 (versão avaliada)