A Volvo finalizou sua transição no Brasil. Agora, todos os carros da marca à venda no País são híbridos, de acordo com a tabela de preços da montadora. Saiu de cena a perua V60, única que não tinha versão auxiliada por propulsor elétrico.
A marca também deixou de oferecer opções somente a combustão do XC40 e do XC60. Agora, só há essas opções em estoque. Elas não são mais importadas. A marca dará mais detalhes sobre isso em uma apresentação no mês de maio.
Será que todas as montadoras de carros de luxo vão seguir o mesmo caminho da sueca? Esse caminho parece irreversível a médio e longo prazo. A razão? Aos poucos, no mercado europeu, os modelos exclusivamente a combustão vão desaparecer. Legislações de países da Europa, origem de todas as marcas de luxo que atuam no Brasil, vêm ano a ano fechando o cerco contra emissões.
Há marcas que já criaram soluções para postergar o inevitável. O principal exemplo é o carro híbrido leve. Esse tipo de veículo traz um pequeno motor elétrico para auxiliar o a combustão, mas sem capacidade de movimentar sozinho as rodas.
Sua função é reduzir o consumo de combustível e, consequentemente, as emissões. Além disso, há montadoras já investindo bastante nos carros elétricos. Como não emitem poluentes, ajudam a compensar a poluição causada pelos modelos a combustão da linha de uma fabricante.
Ainda assim, a médio prazo os híbridos leves não serão mais suficientes para cumprir legislações de países europeus. Inclusive, já há cidades na Europa que proíbem a circulação de carros a combustão em algumas áreas de seus centros. A solução é, nesses casos, usar o propulsor elétrico de um híbrido. Entre os exemplos há a capital da Inglaterra, Londres.
Como as marcas de luxo trabalham com importação – apenas BMW ainda produz por aqui, além da Land Rover (ao menos, oficialmente) – é de se esperar que trabalhem com suas linhas disponíveis na Europa no Brasil.
Mas o curioso é que, ao olhar na linha de Audi, BMW, Jaguar, Land Rover, Porsche e Volvo, há a impressão de que os híbridos ainda estão distantes da realidade brasileira. Mesmo entre as marcas de luxo.
Quem é quem no mercado de híbridos no Brasil
Entre as marcas de luxo, a Volvo é a que mais investe em carros híbridos no Brasil. A segunda colocada é uma surpresa. Por que? Trata-se de uma marca tradicionalmente conhecida por seus esportivos. Estou falando da Porsche.
A montadora ainda não tem um esportivo de verdade híbrido, mas investe pesado nessas opções para os demais modelos da linha. Há versões auxiliadas por motor elétrico para as gamas Cayenne e Panamera.
Desses, apenas o Macan ainda não tem versão híbrida, algo que vai mudar na próxima geração do SUV, que não tardará a ser revelada. E, como na Porsche o foco é sempre a esportividade, mesmo em SUVs, sedãs e peruas, os modelos da marca mostram que híbrido não é sinônimo de chato. Pelo contrário.
Tanto Cayenne quanto Panamera têm versões híbridas de 680 cv. Mas não só. O Cayenne e-hybrid, que testei recentemente, entrega 462 cv com seu motor 3.0 V6 associado a um elétrico. Dependendo do modo de condução e da qualidade do combustível, ele pode fazer até 30 km/l.
Por outro lado, também é capaz de deixar a economia de lado para ser um SUV de força brutal, forte em acelerações e retomadas. Isso porque o auxílio do motor elétrico garante ao veículo nada menos do que 71 mkgf de torque.
Além disso, além da recarga na tomada, o Cayenne tem modos de condução que garantem uma forte regeneração do motor elétrico, para que seu potencial esteja sempre disponível na hora de acelerar.
A BMW é outra que vem investindo nos híbdridos, com versões para Série 3 e X3, entre outros. A Land Rover também tem representantes nesse segmento.
Fora do segmento de híbridos
Enquanto investe forte nos carros elétricos, e já tem duas opções no mercado (e mais três a serem lançadas neste ano), a Audi deixa de lado o segmento híbrido no Brasil. Fora da gama e-tron, composta por produtos 100% a eletricidade, todos os modelos são quase totalmente a combustão.
Quase porque a marca é uma das que investem em híbridos leves. Mas a Audi no Brasil híbridos que permitam rodar apenas com o motor elétrico? Com certeza. Isso ocorrerá a medida que a marca for sendo obrigada a abandonar, aos poucos, os carros apenas a combustão no mercado europeu.
Mas a Audi não será 100% híbrida por algum tempo, em minha opinião. A marca deve manter por mais alguns anos o modelo tradicional de motor ao menos em seus carros esportivos, os da linha RS.
O mesmo pode se aplicar à Mercedes-Benz, outra que ainda não tem híbridos no Brasil – por ora, apenas um elétrico, o SUV EQC. A linha AMG pode se manter só a combustão a médio prazo, mas já começa a sofrer importantes mudanças.
Na nova geração, a versão AMG do Classe C deverá trocar seu V8 por um quatro-cilindros. O downsinzing, combinação de turbo à injeção direta de gasolina, vem permitindo às montadoras extrair mais potência de motores menores, que tendem a ser menos poluentes.