Dois anos se passaram desde que Ford e Volkswagen anunciaram um acordo de colaboração. Só agora, porém, as duas empresas formalizaram essa aliança e anunciaram as bases de colaboração mútua entre as duas empresas.
Esse esforço conjunto de Ford e Volkswagen tem três pilares: veículos comerciais, veículos elétricos e direção autônoma. Mas essa aliança pode passar despercebida para os brasileiros, pelo menos a médio prazo.
O pilar que mais interessa ao mercado brasileiro é o de veículos comerciais, em especial pelas picapes médias. O acordo prevê que a nova geração da Volkswagen Amarok seja lançada em 2022 com projeto baseado no chassi da nova Ford Ranger, que por sua vez será apresentada em 2021.
O problema é que a nova geração da Amarok não será fabricada na Argentina e Alemanha, mas apenas na África do Sul, em fábrica da Ford. A VW diz que sua picape seria enviada de lá para mercados do mundo inteiro.
Deixar de produzir a picape em um país com o qual o Brasil tem acordos comerciais pode inviabilizar o lançamento da nova geração da Amarok no Brasil.
A própria Volkswagen destaca que seus mercados-chave para a Amarok estão na Europa, África e em países árabes. Além disso, garante que sem o compartilhamento de plataforma a Amarok não teria uma nova geração.
Chairman do board de veículos comerciais da Volkswagen, Thomas Sedran declarou que Ranger e Amarok compartilharão apenas a plataforma, mas cada uma terá seus próprios pontos fortes, projetos e interfaces próprios, além de design claramente diferente. E isso já ficou bem claro pelos desenhos vazados de ambos os modelos.
O anúncio vai de encontro com o que foi antecipado pela imprensa argentina semanas atrás, quando anteciparam que a fabricante alemã teria desistido de autorizar que a Ford produza a picape média com sua insígnia no país vizinho.
Enquanto a fábrica da Volkswagen segue com a produção da atual Amarok até segunda ordem, a unidade já faz unidades pré-série do SUV Tarek.
A Ford também segue com a produção da Ranger atual. Seu esforço agora está em viabilizar a produção local da nova geração da picape sem a ajuda da Amarok para diluir os custos.
O risco de a Ranger também deixar de ter produção local também existe.
Os outros pilares do acordo
Por trás da direção autônoma estão investimentos bilionários das duas fabricantes na startup americana Argo AI. O objetivo é avançar na produção de veículos autônomos de nível 4, capazes de se locomover por qualquer lugar sem intervenção do motorista (ainda que a presença dele seja necessária para monitoramento de emergências).
No que diz respeito aos elétricos, a Ford terá pelo menos um carro elétrico baseado na plataforma MEB, do Grupo Volkswagen, a partir de 2023. Será um modelo exclusivo para o mercado europeu e fabricado pela própria Ford em Colônia, na Alemanha. A marca teria capacidade para produzir até 100.000 unidades do modelo por ano.
A plataforma MEB é modular como a MQB, mas voltada para carros elétricos. Foi estreada pelo Volkswagen ID.3 e também será usada por Skoda, Seat e Audi.
Entre os veículos comerciais, o acordo também prevê que já em 2021 a nova geração do Volkswagen Caddy ganhará uma versão Ford. Já a Volkswagen passará a ter um furgão com capacidade de uma tonelada baseado no Ford Transit Custom. Mas nenhuma das duas marcas explora esses segmentos no Brasil.
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